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Jurada pelo PCC, rival baiana, falha em teste: livro conta história de Suzane von Richthofen

Condenada pela morte dos pais, ela tentou impedir publicação de 'Suzane: Assassina e Manipuladora'; conversamos com o autor

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  • Carol Neves

Publicado em 26 de janeiro de 2020 às 06:03

 - Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Foto: Reprodução Suzane von Richthofen é uma das criminosas mais conhecidas do país. Mente por trás da morte brutal dos pais, Manfred e Marísia von Richthofen, ela está no imaginário popular brasileiro desde o fatídico outubro de 2002, quando cometeu o crime com a ajuda dos irmãos Cravinho, chorou no enterro dos pais e foi presa pouco depois.

Lançada na última semana, uma biografia não autorizada de Suzane, escrita pelo jornalista Ullisses Campbell, mostra a personalidade dissimulada e fria de Suzane.

Ela não gostou e tentou repetidamente, na Justiça, impedir a publicação do livro 'Suzane: Assassina e Manipuladora'. Uma juíza do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) chegou a barrar a obra por 37 dias, mas a decisão caiu.

Depois, Suzane recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar recolher o livro e impedir uma noite de autógrafos. O ministro Luiz Fux negou o pedido na quarta-feira (22).

Para escrever o livro, Campbell mergulhou em mais de 6 mil páginas do processo judicial que terminou com a condenação de Suzane e dos irmãos Cristian e Daniel. Ouviu detentas que convivem com ela, agentes penitenciários e o próprio Cristian, além de especialistas em psicologia forense e psiquiatras. Já Suzane negou por três vezes ser entrevistada.

"Na minha opinião, ela manipula a diretora (de Tremembé), a Defensoria Pública de São Paulo e tenta manipular inclusive a Justiça. Manipula esse namorado dela. A Suzane é uma manipuladora profissional. Tentou manipular o irmão", diz o jornalista em entrevista ao CORREIO (leia mais abaixo). Foto: Marcelo Gonçalves/Sigma Press/Estadão Conteúdo Hoje noiva, evangélica e no regime semiaberto, Suzane faz planos para o futuro, quando planeja casar, ser mãe (Benjamin, se menino, e Isabela, se menina) e mudar de nome.

Ela usa seu segundo nome, Louise, nas suas "saidinhas", e quer tirar seu infame sobrenome para usar o do futuro marido, passando a se chamar Suzane Louise Olberg das Dores.

Com quem andas... Com relacionamentos praticamente inexistentes com seus parentes, vive atualmente cercada por pessoas de passado também violento.

O noivo, Rogério, ela conheceu na cadeia. Ele é irmão de uma presa condenada por, junto com o marido e o amante, estuprar suas meia-irmãs gêmeas de 3 anos, e filmar tudo.

Outra amiga de Suzane foi presa por matar o filho de quatro anos do marido com socos e outras agressões físicas. Foi dessa colega de prisão que Suzane foi madrinha de casamento - e a ida para a festa interrompeu uma saidinha temporária depois de denúncia anônima.

O casório foi em Taubaté (SP), mas Suzane deveria estar em Angatuba (SP), cidade que lista como seu endereço de residência. Foto: Reprodução Suzane tentou acabar com casamento dos pais Depois que os pais passaram a ser contra seu namoro com Daniel, Suzane temia que eles a mandassem para estudar fora do país como uma maneira de afastar o casal.

Resolveu então, ela mesma, tentar separar os pais antes. Segundo o livro, Suzane um dia disse para a mãe que tinha visto o pai no carro com outra mulher, que seria amante de Manfred.

Na época, Marísia chegou a desabafar com uma amiga sobre a situação do seu casamento e a denúncia da filha. Na semana seguinte, Suzane voltou à tona e disse ter visto o pai entrar com a amante num motel. O casal não se separou, mas as brigas aumentaram."Suzane ouvia as discussões dos pais e comparava o ambiente familiar na sua casa com o lar dos Cravinhos, onde não ocorriam brigas", destaca o livro.Relação com o irmão Suzane e Andreas tinham um bom relacionamento e o garoto se tornou amigo de Daniel. Depois do crime, ele evitou contato imediato com a irmã.

O livro conta que quando Suzane participou da reconstituição, na casa, Andreas estava trancado na despensa. Ela pediu que policiais a autorizassem a dar um abraço no irmão, mas ele nem quis vê-la.

Depois, contudo, ele resolveu visitá-la na cadeia, acompanhado por uma amiga de Suzane. Chegou a parecer que eles poderiam manter um relacionamento e Andreas escreveu uma carta dizendo ser contra a exclusão de Suzane da herança.

Em outra visita, porém, ele questionou a irmã sobre o crime, chorou e não voltou mais. No julgamento, afirmou que foi manipulado por Suzane a escrever a carta.

Andreas se formou em Farmácia e Bioquímica e vive em São Paulo com a namorada. Em um episódio que chegou ao noticiário, ele foi detido em São Paulo sob efeito de drogas, após tentar invadir uma casa. Na época, estava em meio a uma tentativa de reaproximação com a irmã - iria visitá-la em Angatuba, mas desistiu no caminho. "Estão tentando se reaproximar nesse momento", diz Campbell. Foto: Luara Leimig/TV Vanguarda Suzane foi jurada de morte na cadeia pelo PCC - e foi salva por um armário Na Penitenciária Feminina da Capital, uma das prisões pelas quais passou, Suzane teve problemas com a facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), que dominava o local.

Logo que chegou, ela foi intimidada em tentativa de extorsão, à qual não cedeu. Foi quando houve uma rebelião comandada pelo PCC, com intenção de matar Suzane e também uma líder de facção rival, Aurinete Félix da Silva, mulher do preso César Augusto Roriz Silva, o Cesinha, fundador do PCC, mas que estava agora no Terceiro Comando da Capital."A primeira (Suzane) deveria morrer por causa do crime cometido e para dar visibilidade ao PCC; a segunda, por ser considerada uma traidora", destaca o livro.Com ajuda de uma agente penitenciária, Suzane se escondeu em um almoxarifado logo que começou a rebelião. Depois de uma busca extensa, houve desconfiança de que Suzane estaria lá.

Sem conseguir as chaves, partiram para arrombar a porta. Suzane estava dentro de um armário de ferro. "A cada pancada, a porta do móvel entortava lentamente. Com 100% de certeza de que Suzane estava dentro, as sanguinárias do PCC passaram a rolar o armário pelo chão", narra Campbell. Como não conseguiram tirar Suzane do armário, as potenciais algozes desistiram.

Nêmesis baiana Uma das integrantes do PCC perseguiu Suzane por mais de uma cadeia, conta o livro. Identificada somente pelo apelido de Maria Bonita, ela era de Paulo Afonso, na Bahia, e era apontada como braço direito da líder da facção na Penitenciária Feminina da Capital, Quitéria Silva Santos, que acabou morta na rebelião.

Condenada a 26 anos por formação de quadrilha, assalto a banco e associação ao tráfico, Maria Bonita era responsável por levar as ameaças para Suzane - no primeiro encontro, aproveitou para dar uma cantada nela, também mal-sucedida.

Depois, quando foi para a Penitenciária Feminina de Ribeirão Preto, Suzane voltou a encontrar a inimiga, que também acabou transferida por conta do envolvimento na rebelião.

Lá, Maria Bonita não demorou em assumir uma posição de poder novamente e a voltou a ameaçar Suzane. "Com medo de morrer, a loira teve coragem de formalizar à direção do presídio uma denúncia", conta o livro.

Transferida de pavilhão, Maria Bonita continuava assediando Suzane, falando de mensagens de Satanás e que ela merecia morrer pelo crime que cometeu. A situação só parou quando Suzane foi para Tremembé.

Sempre sedutora A faceta manipuladora e sedutora de Suzane aparece várias vezes na obra. Desde Daniel, que logo passou a dizer que foi usado por Suzane no crime, a promotores, diretores, ela aparece como alguém capaz de conquistar as pessoas com seu fascínio pessoal. E, sim, muitas vezes usar isso a seu favor.

Um caso célebre foi do promotor Eliseu José Berardo Gonçalves, em 2010. Ele foi suspenso depois de ser acusado por Suzane de assédio. O livro narra que ele parecia ter certa predileção por ela, segundo testemunhas.Suzane foi procurá-lo em busca de transferência para Tremembé por conta das ameaças de Maria Bonita. Na denúncia, ela alega que o promotor disse que a ajudaria, mas queria em troca um beijo. A condenada de fato foi transferida e afirma que foi nesse momento que o promotor simulou uma situação, fazendo uma ambulância levá-la até seu escritório, algemada, para tentar beijá-la, ao som de João Gilberto. Eliseu nega.Mesmo na cadeia, ela recebia centenas de cartas de interessados nela. Muitas foram retidas pelo seu advogado por 12 anos, Denivaldo Barni, que trabalhou com o pai de Suzane na estatal Dersa. O livro mostra que ele tinha ciúmes de Suzane, que o tratava como o pai, e seu filho, também defensor, teria tido uma paixão por ela. Suzane e Sandrão deram entrevistas juntas (Foto: Reprodução) Na cadeia, ela buscou um relacionamento com outra presa para tentar ganhar benefícios e ter mais ascensão. Essa presa foi Sandra Ruiz, mais conhecida como Sandrão.

Suzane calculou que se namorasse Sandrão, que sairia em poucos meses da cadeia, poderia ficar com a posição social dela em Tremembé depois.

As duas passaram a dividir cela e trabalhavam juntas na oficina de costura da prisão. Sandrão ajudou a negociar entrevistas de Suzane com a imprensa - a mais notória, para Gugu Liberato, na Record, teria custado R$ 120 mil.

Pouco depois, o namoro começou a desandar. Fora da cadeia, Sandrão voltou para visitar Suzane e tentou negociar por R$ 20 mil que achavam ser seus, como "comissão" pela entrevista. Suzane negou.

Para rebater, a agora ex disse que ficaria com três máquinas de costura industrial doadas por Gugu para as duas - avaliadas à epoca em R$ 12 mil cada.

Três vezes reprovada em teste Para obter o regime semiaberto, Suzane recebeu avaliação positiva de todos os profissionais que a conheciam dentro da cadeia. Foi descrita como comportada, educada, aplicada e solícita, entre outros elogios.

Uma comissão de seis funcionários da Penitenciária de Tremembé, onde ela está presa desde 2007, dizia que Suzane estava arrependida pelo crime que cometeu. Entre as pessoas que assinavam o documento estava a diretora, Eliana de Freitas Pereira, que chama a presa de "filha", e duas psicólogas.

Mas o Ministério Público não aceitou tão facilmente o parecer. Destacando a gravidade do crime cometido, o promotor Luiz Marcelo Negrini pediu que ela passasse pelo teste de Rorschach. Também conhecido popularmente como "teste do borrão", é um exame que apresenta imagens para o paciente analisar e traça a personalidade dele a partir das respostas.

Suzane tentou se preparar para o teste inclusive com um livro sobre o tema cedido por um advogado. Mas a estratégia não deu certo e Suzane acabou "reprovada" no teste, ou seja, recebeu um perfil negativo.

Mesmo após duas tentativas falhas, em outubro de 2015 a juíza Sueli Zeraik Oliveira Armani concedeu a progressão para o semiaberto, justificando que não há prisão suficiente para "todos os presos com problemas psicológicos".

Em Suzane, o teste encontra um perfil narcisista. Ao contrário do que se pode imaginar, a palavra "psicopata" não é usada. "Aponta que ela tem personalidade fronteiriça, vive entre a sanidade e a loucura", diz Campbell.

Em 2017, Suzane passou a pleitear o regime aberto, quando cumpriria em liberdade o fim da sua pena. Novamente, a Justiça pediu que ela passasse pelo teste de Roscharch. Pela terceira vez, Suzane foi reprovada.

Suzane ainda tentou na Justiça questionar, já que nem todos os presos passam pelo teste, mas a necessidade da avaliação psicológica foi mantida e ela ainda não conseguiu progredir para o regime aberto. "Por que só em mim?", questionou.

Embora não seja de fato feito em todos, o exame é mais comum em envolvidos em crimes muito violentos. Daniel, Cristian e Sandrão passaram pelo Roscharch e tiveram resultados positivos. O teste só pode ser feito de 2 em 2 anos e Suzane deve passar por nova avaliação ao fim de 2020. Foto: Reprodução Conversa com o autor  Ullisses Campbell trabalhou nos jornais A Província do Pará, O Liberal e Correio Braziliense. Na Editora Abril, passou pelas revistas Superinteressante e Veja - por esta revista, fez coberturas de saidinhas de Suzane. Na época do crime, trabalhava em Brasília e não cobriu o caso. Tem 24 anos de profissão e já ganhou três prêmios Esso de reportagem. Nessa entrevista, conta mais detalhes da realização e divulgação da obra.

Como teve a ideia para escrever o livro? A Suzane não dá entrevistas, ela alega que sempre teve experiências ruins no passado com jornalistas, a não ser que a empresa pague para ela, como aconteceu com a TV Record, que pagou R$ 120 mil. Só que eu tinha pela revista Veja que fazer uma matéria sobre ela. Então, eu tinha que conversar com as presas que cumprem pena com ela para falar sobre a Suzane. Ao conversar, eu descobri que aquele universo ali era muito interessante. A partir dessas histórias que eu tive a ideia de fazer o livro. Como essas presas não são conhecidas, são anônimas, tive essa ideia de contar a história da Suzane para contar a dessas presas também.

Eu não escolhi uma data específica (para lançar). Foi quando eu achei que a história estava completa. Foram três anos de pesquisa e demorei um ano escrevendo. 

Você chegou a conversar com Suzane algumas vezes. Como foram essas situações? Eu fazia aquela perseguição de repórter. Ela saia lá da cadeia, eu ia atrás. Me hospedava no município e ficava atrás dela. Aquela coisa de repórter chato. De tanto fazer isso, mandei três cartas para ela na cadeia e ela respondeu. A Suzane é muito infantilizada, tem uma conduta infantilizada. Eu mandava uma carta séria para ela e ela respondia dizendo "ah, eu vou ficar triste se você fizer um livro sobre minha vida".

Uma coisa é conversar com a pessoa, outra é entrevistar. Nas conversas que eu tive, tentava convencê-la. Nas conversas que tive, ela falava sobre o noivo. Muitas vezes eu conversava com o noivo dela e ela se metia na conversa. Ele dizia: 'a mídia quer que a Suzane apodreça na cadeia', e ela interrompia: 'eu já to há tanto tempo lá dentro". Uma coisa incrível, ela não parece que fez nada. Ela não tem sentimento de culpa.

Ela já falava nessa época que tomaria uma medida judicial contra o seu livro? Ela dava a entender. Ela me perguntou: 'você não se sente mal de ganhar dinheiro com a história dos outros?'

Você acha que ela ainda pode escrever um livro contando a história dela? Acho que não. Ela até riu quando eu disse que podia aproveitar o tempo na cadeia para escrever. Ela vê nessas ações uma possibilidade de ganhar dinheiro. Ela processou Record, Globo, Veja... Ela processou muitos órgãos de imprensa.

A gente acompanha Suzane quando sai da cadeia levando uma vida relativamente discreta. Acredita que Suzane pode viver uma vida normal, caso seja libertada? Eu acho que a Suzane só vai levar uma vida normal depois que ela morrer. Ela é muito vigiada pela sociedade. As pessoas na cidade sabem quem ela é, pedem para fazer selfie. Ela é uma celebridade do crime. Ela é muito bonita, muito vaidosa. Vai na igreja... O culto, quando ela pregou, encheu.

Como é a relação dela com a religião? Ela cresceu religiosa? Ela entrou na cadeia (como) luterana. Lá dentro ela virou católica de rezar o terço. Flertou com o espiritismo e, no final, se tornou evangélica. A alma dela não sossegou. Sobre esse aspecto da religião, Suzane é um enigma. Muitos presos se convertem porque quando eles cometem crime começam a refletir e chegam à conclusão que estavam muito próximos de Satanás e buscam a religião para se aproximar de Deus. No culto que fala sobre o perdão, ela diz que estava usando droga, em uma vida mundana, estava afastada de Deus (na época do crime).

E como funcionam os exames para determinar se Suzane pode progredir de regime? Existe a calculadora prisional. Quando chega a 1/6 da pena, você pode migrar para o regime semiaberto. Mas não é automático, ela pede para sair. Aí a Justiça vai ver o que o preso fez para avaliar. Por isso que ela não é jogada na sociedade de uma vez. Tem as saidinhas. Com isso, a Justiça vê se ela está apta a viver em sociedade. Para ir pro semiaberto ela passa por uma entrevista. Ela é perguntada de maneira direta se está arrependida e não convence. Ela responde: "estou muito arrependida porque acabei com minha vida, do meu irmão, podia estudar, estar formada, com minha família". Isso diz que ela computa o crime como prejuízo pessoal. Em momento nenhum ela fala da desgraça que foi tirar a vida de duas pessoas, pais dela. Não demonstra remorsos pelas vidas que liquidou.

E o teste psiquiátrico? Aí é pedido o Teste de Roscharch. São 10 perguntas da juíza para especialistas, que fazem os testes, e fazem um laudo que responde a essas questões. É uma banca de psicólogos e psiquiatras. E aponta que ela tem personalidade fronteiriça, vive entre a sanidade e a loucura. E também personalidade narcisista. (O laudo) explica o que isso significa para uma pessoa que matou os pais. Ela vê o mundo a partir dos seus interesses. Mas ela vai matar de novo? Eles não conseguem responder. Eles dizem que a pessoa com personalidade fronteiriça toma atitudes conforme o ambiente. Se tiver necessidade e oportunidade, pode acontecer novamente. Mas a Suzane não passa. Daniel cometeu mesmo crime, condenado no mesmo processo, recebeu a mesma sentença e o Daniel já está no regime aberto há dois anos.

Como funciona o teste? São dez imagens abstratas e você fala o que vê nelas. O teste tem como objetivo justamente apresentar traços da sua personalidade que você não quer que venha à tona. Por mais que ela tente ser simpática, ela mostra o que está ocultando. O Teste de Roscharch vai dentro de você e cata essas características. Eu não acreditava. Nunca acreditei. Quando me disseram como era, lembrava de testes de revistas femininas. Desacreditava e tive que ler três livros técnicos, conversar com 12 psicólogos e psiquiatras e ser submetido ao teste para acreditar.

Você acredita que existe também uma questão de pressão popular na decisão de não libertar Suzane? Isso é a chamada comoção popular. Os juízes quando tomam decisões em relação a ela, levam em conta a opinião pública porque isso interfere muito. Quando ela conseguiu censurar o livro, ela alegou que ela não é uma pessoa pública e que quer levar uma vida reservada. Mas o juiz disse que ela não tem mais esse direito porque ao fazer o que fez lá atrás, espontaneamente, atraiu esse interesse da imprensa. Na minha opinião, ela manipula a diretora da prisão, a Defensoria Pública de São Paulo e tenta manipular inclusive a Justiça. Manipula esse namorado dela... A Suzane é uma manipuladora profissional. Tentou manipular o irmão. A Suzane está mandando cartas para todo mundo que aparece no livro, para saber o que ela fez para a pessoa falar aquilo. Uma amiga dela me ligou e disse: 'Suzane sempre brinca comigo, me chama de apelido, mas me mandou uma carta séria, me chamando pelo meu nome'. As pessoas estão assustadas.

Suzane e o irmão Andreas seguem afastados? Estão tentando se reaproximar nesse momento. Imagem: Reprodução E da família, teve a avó que deixou uma herança? Quando ela foi considerada indigna pela herança, essa avó entendeu que ela ficou pobre. Ia sair da cadeia com uma mão na frente e outra atrás. E ela tinha como herdeiros naturais outras pessoas, inclusive. Mas fez reunião de família já com câncer em fase terminal e pediu autorização para deixar apartamento e todos os bens para Suzane, e ninguém se opôs.

Mas ninguém da família visita ela? Ela é a chamada presa sem presença familiar. Tem hoje o namorado, que ela só começou a namorar porque ela tinha direito a sair e tinha que fornecer um endereço para a Justiça, e ela não tinha.

Então hoje, saindo da prisão, Suzane teria condição financeira razoável? Uma situação financeira boa. Ela ainda ganha um salário mínimo trabalhando. E existe uma suspeita do Ministério Público de que o pai dela desviava dinheiro de obras do Rodoanel (em São Paulo), e que esse dinheiro estaria no nome dela. Seria por conta de dinheiro que ela teria matado os pais, inclusive, no entendimento do MP.

O que mais te impressionou na sua apuração? A capacidade de manipulação dela, a frieza dela. É uma coisa que me chamou muita atenção. Mas a parte do livro que mais me embrulhou o estômago foi quando reconstituí o crime. Eles foram muito cruéis, foi um crime muito brutal. E enterreram os pais (de Suzane) no sábado de manhã e foram para uma festa.

Ficha técnicaSuzane: Assassina e Manipuladora Ullisses Campbell Editora Matrix, São Paulo, janeiro de 2020. Páginas: 280 Preço: R$ 57 Onde comprar: nas principais livrarias do país Vendas on-line: www.matrixeditora.com.br