Justiça mantém preso homem que matou a facadas tia e sobrinho de 11 anos em Arembepe

Crime aconteceu no domingo (19), na casa onde o casal vivia, mas corpos só foram achados na terça (21)

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  • Bruno Wendel

Publicado em 23 de julho de 2020 às 13:31

- Atualizado há um ano

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A justiça decretou a prisão temporária de Marcos Machado da Silva pelos assassinatos da vendedora Lucilene Oliveira da Silva, 38 anos, e o sobrinho dela, Leonardo Machado Santana, 11, esfaqueados na noite do último domingo (19), em Arembepe, Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS). Os corpos foram encontrados na manhã dessa terça-feira (21). A decisão foi tomada nesta quinta-feira (23) pelo juiz Waldir Viana Ribeiro Júnior, da Vara do Júri e Execuções Penais do município. Ele tinha sido preso na quarta-feira (22). Marcos era o companheiro de Lucilene. Os corpos de tia e sobrinho foram encontrados dentro da casa dela, em Arembepe, na manhã dessa terça-feira (21). O acusado foi detido e levado pela Polícia Militar à delegacia de Santo Amaro, após uma busca de quase 24 horas. Por uma questão de segurança, pois familiares das vítimas e outros moradores ameaçavam invadir a unidade para atacar acusado, Marcos foi levado às pressas à 26ª Delegacia (Vila de Abrantes), onde o inquérito foi instaurado. Ele passou a noite na delegacia.

Como já havia passado o prazo do flagrante, Marcos deixaria a unidade pela porta da frente na manhã desta quinta. No entanto, o juiz Waldir Viana acatou o pedido do Ministério Público da Bahia (MP-BA), manifestado pela delegada Daniele Monteiro, titular da 26ª Delegacia. Marcos teve a prisão decretada pelas mortes de tia e sobrinho em Arembepe (Foto: Divulgação) Em sua decisão, à qual o CORREIO teve acesso, o magistrado justificou a medida pelos seguintes motivos: a última vez em que as vítimas foram vistas estavam na companhia do Marcos, numa festa, tendo saído do local juntos, supostamente em direção da residência. Antes de deixarem a festa, Lucilene e o seu companheiro discutiram na presença das pessoas, inclusive Marcos teria tentado agredi-la fisicamente, sendo contido por outras pessoas. A casa onde os corpos de Lucilene e Leonardo foram encontrados possuía uma única porta de acesso e, além de não apresentar sinais de arrombamento, a porta estava trancada, podendo-se inferir que o autor dos delitos teve a preocupação de trancá-la, ao sair, após as execuções. Além disso, Marcos não apareceu no trabalho no dia seguinte - ele viajou para a cidade de Santo Amaro, onde foi encontrado pela Polícia Militar, na quarta, numa fazenda, após denúncias de populares.

Crime Segundo parentes, Lucilene morava em Santo Amaro e mudou-se para Camaçari após terminar um relacionamento em que sofria agressões constantes. A vendedora queria uma vida nova em um lugar diferente. Há mais de um ano, ela trabalhava como vendedora numa casa de material de construção em Arempebe e, vez ou outra, visitava os parentes em Santo Amaro. Numa dessas idas e vindas, conheceu o namorado, que posteriormente tornou-se companheiro.   Há pouco mais de uma semana, Lucilene levou o acusado para morar com ela e com o pequeno Leonardo – o menino, que antes era criado pela avó materna, ficou aos cuidados da tia com a morte da idosa. “Ela gostava tanto dele que chegou a arrumar um emprego para ele no local onde trabalhava”, contou o mototaxista Leonardo, pai do menino.

Na noite de domingo (19), Lucilene, o sobrinho e o acusado estavam em uma festa de aniversário perto da casa dela. Na comemoração, o acusado teve uma crise de ciúme e começou a discutir com Lucilene. Ele saiu do local, e quando voltou, levou as vítimas para a casa, onde os corpos foram encontrados na manhã desta terça-feira. Vizinhos relataram aos parentes que ouviram uma discussão logo após todos chegarem ao imóvel.  

Ocultação Na segunda-feira (20), os vizinhos começaram a estranhar a ausência da movimentação de pessoas na casa, pois a televisão estava ligada o tempo todo e a sandália do menino permanecia na mesma posição na entrada da casa. Na manhã do dia seguinte, um outro fator se somou à desconfiança: Lucilene nem o namorado tinham aparecido no trabalho. Então, a Polícia Militar foi acionada, assim como os parentes das vítimas, entre eles o pai do menino.   “Os policiais precisam que alguém da família entrasse com eles e eu fui. Foi a pior cena que vi em minha vida. Tudo revirado e sangue por toda a porte. De cara, dei com os corpos de minha ex-cunhada e do meu filho. Ela tinha vários cortes por todo o corpo. O meu filho tinha uma perfuração na região da saboneteira (clavícula)”, contou Leonardo. Segundo o pai do menino, o acusado pretendia ocultar os corpos. Tinham vários sacos plásticos espelhados perto dos corpos, arrumados lado a lado. Ele disse que ouviu os policiais comentarem que Lucilene teve a cabeça quase decepada e havia um corte profundo em uma das pernas, como quem quisesse separar o membro.  “Eles só não souberam explicar direito o porquê que ele desistiu”, disse Leonardo.