Justiça nega liberdade provisória a PMs que teriam sequestrado advogado

Vítima diz ter pago R$ 15 mil a policiais após extorsão em Salvador

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  • Da Redação

Publicado em 24 de setembro de 2020 às 17:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

O pedido de revogação da prisão preventiva dos policiais militares Edson Barbosa Júnior e Gustavo Nascimento Martinez, que estão sendo investigados pelo sequestro e extorsão do advogado Deivisson Santos de Almeida, foi negado pela justiça baiana. A vítima conta que teve que pagar R$ 15 mil para ser libertado pelos PMs.

A decisão foi do juiz da Vara de Auditoria Militar, Horácio Moraes Pinheiro, que seguiu a recomendação do Ministério Público Estadual (MP-BA) ao negar o pedido de soltura.

Os policiais acusados de extorsão mediante sequestro intercederam, através de sua defesa, pela liberação pois já prestaram depoimento à justiça e estão dentro dos requisitos necessários para aguardar a decisão em liberdade.

No entanto, o juiz entendeu que o pedido não deveria ser acatado porque o crime que os réus teriam cometido é grave e a soltura deles resultaria em um risco para a sociedade.

"Entendemos, tal como o MP, que o pleito de revogação não merece guarida. Os requerentes são réus na ação penal em comento, na qual são acusados da prática do crime de extrema gravidade. A utilização de tal medida de natureza constritiva em face dos Réus se afigura necessária em face da garantia da ordem pública", escreveu na decisão.

O magistrado também afirmou que o índice de violência na capital baiana é preocupante e que suspeitos de crimes como este precisam permanecer em custódia, ainda mais quando os réus são indivíduos que deveriam proteger a população. 

"É preciso, pois, a atuação do Poder Judiciário visando a manter custodiadas as pessoas que se envolvem na prática de tais delitos - especialmente quando decorrente, em tese, de ação daqueles dos quais a sociedade espera proteção -, sob pena de o sentimento de impunidade desencadear uma série de novos delitos e aumentar a sensação de insegurança dos cidadãos", concluiu.

De acordo com o MP-BA, o crime teria acontecido em março, quando os dois PMs abordaram a vítima, o fizeram entrar em uma viatura desconfigurada da polícia e exigiram R$ 20 mil para libertar o advogado com vítima.

Deivisson teria conseguido fazer com que um conhecido levasse R$ 15 mil aos investigados, que o soltaram logo em seguida, em Pituaçu. Se os policiais forem considerados culpados pelo crime, podem pegar até 15 anos de prisão pelo ato.