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Da Redação
Publicado em 9 de dezembro de 2017 às 10:10
- Atualizado há 2 anos
O promotor de Justiça Luciano Assis, um dos representantes do Ministério Público Estadual (MP-BA) no julgamento da médica Kátia Vargas, absolvida na última quarta-feira (7) da acusação de provocar as mortes dos irmãos Emanuel e Emanuelle, pediu ontem que a juíza Gelzi Maria Souza retire da ata do júri as expressões “deselegante e desrespeitosa”, atribuídas a ele e ao também promotor Davi Gallo.>
Relembre os principais momentos do julgamento de Kátia Vargas>
Os termos foram registrados pela magistrada da 1ª Vara do Tribunal do Júri de Salvador, que presidiu a sessão de julgamento, após os dois se retirarem do plenário sem assinar o termo de votação e a própria ata do julgamento.>
Segundo o promotor Luciano Assis, as expressões tiveram “caráter ofensivo”, uma vez que ele pediu licença para se ausentar já que o colega Davi Gallo teve um mal-estar provocado por alta na pressão arterial. Ele destaca ainda que os dois promotores, ao longo de dois dias, estiveram “trabalhando exaustivamente” no julgamento sem se ausentarem do plenário.>
Em nota, o MP-BA diz que o documento é finalizando afirmando que “a trajetória institucional dos dois integrantes do Ministério Público não aponta qualquer mácula disciplinar”. Anteontem, o Ministério Público pediu ao Tribunal de Justiça a anulação do julgamento da médica.>
Conduta A conduta dos promotores Luciano Assis e Davi Gallo foi motivo de polêmica: os dois saíram sem assinar a ata que promulgou a sentença. Além disso, divulgaram o resultado em entrevista a jornalistas antes de ele sair oficialmente. Procurados pelo CORREIO, os dois não quiseram dar entrevista. O MP-BA também informou que não se manifestaria na quinta-feira - um dia após a absolvição.>
A juíza Gelzi Maria Almeida Souza fez constar em ata que a atitude dos promotores foi “desrespeitosa e deselegante”. O Tribunal de Justiça do Estado da Bahia (TJ-BA) e a Associação dos Magistrados da Bahia (Amab) também não comentaram a conduta. O assistente da acusação, o advogado Daniel Kellernão atendeu às ligações da reportagem.>
Uma das maiores críticas da defesa foi aos lados do Departamento de Polícia Técnica (DPT), que também não comentou.>
Anulação Na última quinta (7), o Ministério Público da Bahia (MP-BA) pediu a anulação do julgamento. O pedido foi protocolado no Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). A acusação alega que a decisão do júri foi contrária à prova dos autos. O Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) confirmou que a 1ª Vara do Júri recebeu o pedido de nulidade do MP-BA e que ele está sendo analisado. Não existe prazo para a resposta. >
A possibilidade de pedir a aulação já havia sido levatada pelo assistente da acusação, Daniel Keller, logo após o resultado do júri, anteontem. >
“A decisão dos jurados foi no sentido de que não houve impacto, de que a moto caiu sozinha. Foi assim que o júri entendeu. Por quê? Não sei. A lei nos dá o direito de apelar, de recorrer, e entre as possibilidades desse recurso, é possível pedir um novo júri”, afirmou Keller. >
O recurso foi oficializado ontem pelo MP-BA, no final da manhã. Em nota, o promotor Luciano Assis afirmou que “houve nulidade absoluta em razão de violação de preceitos legais, e portanto, manifesto prejuízo” do julgamento. Ele afirma que a decisão dos jurados, pela negativa de autoria, foi “manifestamente contrária à prova dos autos”. Ele pediu a nulidade com base no artigo 593 do Código de Processo Penal. >
Horas antes, o advogado de Kátia Vargas, José Luis Oliveira Lima, chegou a dizer em entrevista ao CORREIO que não seria surpresa se a acusação apelasse em relação do resultado do julgamento.>
“Não tenho a menor duvida que a acusação vai recorrer. É um direito dela que eu respeito. Agora, a jurisprudência dominante no Brasil é pela manutenção da decisão do conselho de sentença, que é soberano”, disse.>