La Niña: entenda o fenômeno que está fazendo chover muito em Salvador

Efeitos da alteração climática devem ser sentidos até os primeiros meses de 2022

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  • Gabriel Moura

Publicado em 6 de dezembro de 2021 às 10:59

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Paula Froes / Acervo CORREIO

A praia deu xabu, o baba foi cancelado e os espelhos foram cobertos para proteção dos raios. A causa desse fuzuê todo é uma menina. Mas não uma qualquer, 'A Menina'. Ou melhor: "La Niña".

O fenômeno com esse nome é o responsável por trazer chuvas acima da média para todo o Nordeste, incluindo a Bahia e, claro, Salvador. 

Na capital baiana, por exemplo, a média de chuvas para novembro é de 106,5 mm, de acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Em 2021, no entanto, o mês registrou 304 mm. 

Para dezembro a tendência se manteve, com a média do período (de 58,1 mm) sendo batida já no quinto dia do mês, com 84,6 mm em Salvador.

E, de acordo com o meteorologista do Inmet, Mozar Salvador, a tendência é de que o verão como um todo seja chuvoso, pois o fenômeno deve ter seus efeitos sentidos até os primeiros meses de 2022. 

“No Brasil, basicamente duas áreas têm seus padrões de precipitação mais fortemente influenciadas pelo La Niña. Uma abrange o norte das regiões Norte e Nordeste. Nessas regiões, as chances de se ter um período chuvoso regular ou mais intenso aumentam significativamente. Por outro lado, a Região Sul do Brasil pode ser afetada com maior frequência de estiagens, principalmente durante os meses de verão.”

Isso porque o La Niña de 2021 - o fenômeno também ocorreu em 2020 - deve ser mais fraco que a média.

“Como uma ocorrência de La Niña – ou do evento que apresenta seu sinal oposto, El Niño – nunca é exatamente igual a outra, a intensidade dos seus efeitos e a dimensão das áreas atingidas também variam. Além disso, as condições climáticas dependerão ainda de outros fatores oceânicos e atmosféricos que podem atenuar ou intensificar a influência da La Niña”, explica Mozar.

O que é La Niña? La Niña é o nome dado ao resfriamento anômalo das temperaturas médias do Oceano Pacífico. Essa mudança é capaz de provocar uma série de distúrbios em todo mundo, alterando a formação de chuvas, secas e distribuição de calor.

No Brasil, o La Niña provoca estiagem nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e principalmente Sul. No Nordeste e na Região Amazônica aumenta a intensidade das chuvas.

Mas além do fenômeno, um agravante que piora as chuvas é o cavado, sistema de baixa pressão que mexe com a circulação do vento. Ele faz com que aumente a formação de nuvens, trazendo descargas elétricas e trovoadas.

Além disso, as temperaturas do oceano, próximo à costa do Nordeste influencia as chuvas. A termodinâmica local está associada às altas temperaturas das águas. Isso explica o mormaço que tomou conta da cidade na última semana.

Por isso, de acordo com o meteorologista da Codesal, Giuliano Carlos Nascimento, a previsão da semana é pancada de chuvas fracas, principalmente durante a sexta-feira. "Tendemos a permanecer com as temperaturas elevadas para os próximos dias", pontua.

Novembro mais chuvoso dos últimos 11 anos O acumulado de chuvas em novembro em Salvador foi de 304 mm, 285,4% acima da média para o período que é de 106,5 mm. Este foi o novembro mais chuvoso dos últimos 11 anos, sendo superado apenas em 2011, quando choveu 319,2 mm.

Os locais em que foram registrados os maiores índice pluviométricos na capital ao longo do mês: Pituba - Parque da Cidade (331,2 mm), Campinas de Brotas (306,4 mm), Ondina (304 mm), Stiep (298,7 mm), Saramandaia (295 mm) e Pituaçu (285,4 mm).

20 cidades do interior declararam situação de emergência As chuvas também atingiram com força o interior da Bahia. Desde o início de novembro, 20 cidades já declararam situação de emergência. São elas:Amélia Rodrigues; Ibicoara; Itaberaba; Mucugê; Mutuípe; Teolândia; Jaguaquara; Ruy Barbosa; Maragogipe; Itaquara. Eunápolis; Itacaré; Itarantim; Mundo Novo; Baixa Grande; Marcionílio de Souza. Jiquiriçá; Itambé. Ribeira do Pombal; Jaguaquara; Camacan Neste fim de semana, as cidades que mais registraram volume de chuva entre às 09h01 de sexta (03) até as 09h de segunda (06), de acordo com o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema) são: São Desidério (115,2 mm) Jaguaquara (113,0 mm) Camacan (110,1 mm) Lençóis (104,4 mm) Vitória da Conquista (105,3 mm) Caravelas (101,3 mm)