Lar de Zélia e Jorge, Casa do Rio Vermelho recebe sanitização especial contra o coronavírus

Espaço funciona de terça a domingo, das 10h às 16h, com 25% da capacidade

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 30 de janeiro de 2021 às 08:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

A Casa do Rio Vermelho já passou por muita coisa, já viu e abrigou muita gente. De famosos a anônimos, isso sem contar os seus ilustres proprietários, o casal Jorge Amado e Zélia Gattai, que adquiriram o imóvel na década de 1960 após a venda dos direitos de Gabriela Cravo e Canela para a MGM. Nesta sexta (29), no entanto, a casa vivenciou algo que nenhuma de suas paredes deve ter imaginado - uma desinfecção completa para deixá-la protegida do coronavírus e fazer o seu melhor: abrigar pessoas e história.

A desinfecção foi realizada pelo Comando Conjunto Bahia, atendendo a uma solicitação da Secretaria de Cultura e Turismo de Salvador (Secult). A limpeza foi um pouco diferente daquela realizada em outros pontos da cidade, como o Elevador Lacerda e o Plano Inclinado Gonçalves. Nestes casos, a limpeza foi feita com a substância quaternário de amônia, produto que garante proteção de até 60 dias sem contaminar o ambiente ou causar risco às pessoas. 

O produto seguiu o mesmo. A novidade ficou por conta dos equipamentos. Segundo o Comando Conjunto da Bahia, foram utilizados dois tipos: o atomizador e o pulverizador costal. O atomizador, usado na área interna, fragmenta a substância líquida de forma a não umedecer a superfície. Espaço da cozinha é desinfetado; ação foi do Comando Conjunto Bahia (Foto: Arisson Marinho) Coordenadora da Casa do Rio Vermelho e neta do casal Jorge-Zélia, Maria João Amado explica que o museu toma todos os cuidados de higiene e segue protocolos rígidos desde que a reabertura foi permitida. O centro ganhou um selo de boas práticas após uma auditoria externa realizada no local. Mesmo assim, ela comemorou a ação do Comando Conjunto porque entende que isso oferece ainda mais segurança para os visitantes que frequentam o local de terça a domingo, das 10h às 16h.

A ação aconteceu bem cedo, de olho no horário de abertura da casa, que recebeu visitantes na sexta. Após a aplicação do sanitizante, foi necessário que a casa ficasse fechada por 1h30 até que o processo fosse finalizado. Áreas externas, como a do lago dos sapos, também passaram por limpeza (Foto: Arisson Marinho) Intimidade Quem visita a Casa do Rio Vermelho conhece muito mais do que os escritores Zélia e Jorge. Vai além: a experiência oferecida pelo museu permite um mergulho na vida do casal. Maria João define que é uma oportunidade de conhecer o homem e a mulher que eles foram."A casa tem 17 espaços temáticos diferentes para que a pessoa conheça o homem Jorge Amado e a mulher Zélia Gattai. Os amigos, o que faziam, o que gostavam, as viagens que fizeram durante a vida, os amigos que foram lá. Temos mais de 30h de audiovisual contando a história do casal Amado, só para ter uma ideia", explica a coordenadora.Além dos detalhes da vida de Zélia e Jorge, também é possível respirar arte no museu. Após a compra do imóvel, em 1967, uma grande reforma foi realizada e vários artistas participaram desse processo. Nas paredes e cômodos é possível ver Carybé, Mário Cravo, Calazans Neto e Nina Bombardi, por exemplo. Pelas paredes, desde a entrada da casa, Jorge mandou fixar azulejos e placas de arte. No terraço estão os de Picasso, de Carybé e dos mais variados artistas estrangeiros.

Em um dos espaços, é possível ter acesso às mais de 100 mil páginas de cartas trocadas por Jorge com pessoas de todo o mundo. E também é possível ver parte de seu romance com Zélia. As primeiras cartas do acervo datam de 1948 – quando Jorge parte para o exílio na França – e vai até 1967, quando, de volta ao Brasil, o casal começa a reforma da Casa do Rio Vermelho. As cartas foram guardadas por Zélia e organizadas por seu filho João Jorge Amado.

A visita é gratuita às quartas. Nos outros dias, custa R$20 para público geral e R$10 para estudantes e pessoas a partir de 60 anos, mediante a apresentação de documento comprobatório. Crianças menores de 6 anos têm direito à gratuidade.

O museu está recebendo 25% do público que recebia durante a pandemia. Isso significa que 21 pessoas podem acessar o espaço por vez. As visitas guiadas foram suspensas, um percurso único foi criado para evitar aglomerações e toda a parte interativa foi automatizada e otimizada com QR Code para que não seja necessário que os visitantes cliquem em telas ou passem as mãos em equipamentos.