Larissa Luz diz que discursou para os brancos em geral e não para Daniela Mercury

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  • Hagamenon Brito

Publicado em 4 de fevereiro de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Quando tinha 4 anos, como está registrado em um vídeo caseiro, Larissa Luz não apenas cantou o tempo todo no seu aniversário, como "dirigiu" a prima Carol no showzinho familiar. "Eu falava para ela repetir o que eu estava fazendo", conta sorrindo. Larissa Luz, 31 anos: show Aya Bass (com Luedji Luna e Xênia França), releitura de Adriana Calcanhotto, dueto com Pitty e novo álbum este ano (Foto/Murilo Alvesso/Divulgação) A habilidade para criar e a curiosidade para entender os mecanismos do processo criativo acompanham Larissa desde então - da participação no grêmio do Colégio Antônio Vieira à ideia do show Aya Bass, ao lado das potentes conterrâneas Luedji Luna e Xênia França, passando pelas aulas de teatro no Mendel, pela reinvenção artística pós-Ara Ketu e a atuação no espetáculo Elza (2018), onde acabou assumindo também a direção musical.

Junto com isso, gradativamente a talentosa cantora baiana de 31 anos foi se transformando numa artista consciente das questões da negritude em um país com racismo estrutural forte como o Brasil.

 "Viver Elza Soares e mergulhar na história dela, uma mulher que enfrentou fortes preconceitos e ataques na vida, foi muito importante. Ela virou uma referência para mim", diz. A diva da MPB, aliás, participou da faixa-título do segundo álbum solo de Larissa, Território Conquistado (2016).

‘Negra raivosa’ -  Na estreia do ótimo show Aya Bass, no dia 26 de janeiro deste ano, no Festival Sangue Novo, em Salvador, Larissa se posicionou de forma contundente sobre a apropriação cultural da música negra pelos brancos.

"Está na hora de parar de usar um discurso que não é seu para lucrar. Está na hora de parar de usar um lugar de fala que não é seu para ganhar. Porque preto de alma não existe! O Brasil é um país que mata, é um país que humilha, um país que condena a cor da pele e não a cor da alma! Quem é preto é preto. Quem não é, não é", disse a cantora, o que gerou polêmica na mídia sensacionalista e nas redes sociais.

"Me chamaram de separatista (risos), de fazer racismo reverso e de que eu estava mandando um recado para Daniela Mercury, por causa da música Pantera Negra Deusa. Liguei para Daniela, inclusive, porque o meu discurso era e é para a branquitude em geral e voltado para o futuro. As pessoas têm que entender e respeitar as diferenças. Brancos podem ter empatia com a arte negra e estar junto com a gente na luta, mas o protagonismo tem que ser nosso", explica.

"O meu jeito forte de falar é estigmatizado como algo de ‘negra raivosa’ (risos), mas é apenas um posicionamento. Longe de mim querer separar as pessoas pela cor da pele, mas existe racismo estrutural no Brasil, o que é muito mais complexo e grave do que nos chamar de ‘macacos’, por exemplo", diz.

Aya Bass no Carnaval - Projeto especial pensado para o Verão, o show Aya Bass será apresentado ainda no trio Respeita as Mina, no Carnaval baiano, para felicidade geral dos fãs de Larissa, Luedji e Xênia.

Cheia de novidades , Larissa também está no álbum Nada Ficou no Lugar, relendo Vai Saber, da homenageada Adriana Calcanhotto; gravou dueto com Pitty para o próximo álbum da roqueira; e prepara seu terceiro disco solo com o produtor Rafa Dias, do  Àttooxxá. 

"Espero lançar este semestre. Vai dialogar com Território Conquistado porque também terá movimento, eletrônica. Vai ampliar esses elementos e olhar a ancestralidade sob outra perspectiva, diferente dos caminhos que nos foram colocados como únicos", afirma. 

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TRÊS MOMENTOS da carreira de Larissa Luz 1 - Aya Bass Larissa Luz, Luedji Luna e Xênia França estrearam o show no Festival Sangue Novo, dia 26/1, e voltam a se apresentar no trio elétrico Respeita as Mina, no Carnaval de Salvador (Foto/Leto Carvalho/Divulgação) 2 - Elza A baiana foi uma das protagonistas do musical que homenageou a diva Elza Soares em 2018 (Foto/Leo Aversa/Div.) 3 - Ara Ketu Larissa Luz começou a carreira como vocalista da banda afro pop Aka Ketu, entre 2007 e 2012 (Foto/Divulgação)

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VEJA O VIDEOCLIPE de Bonecas Pretas, a música de maior destaque do álbum Território Conquistado (2016)