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Da Redação
Publicado em 20 de setembro de 2019 às 21:05
- Atualizado há 2 anos
O juiz federal Luiz Antonio Bonat, da 13.ª Vara Federal Criminal de Curitiba, recebeu denúncia contra a doleira Nelma Kodama, a "Dama do Mercado", por suposto falso testemunho em 2015.>
A denúncia foi apresentada pela força-tarefa do Ministério Público Federal, no âmbito de uma investigação de policiais que teriam fabricado dossiê com dados funcionais sigilosos e inverídicos sobre a Operação Lava Jato.>
Ao acolher a denúncia e tornar Nelma ré, o juiz Bonat ponderou que "a denúncia funda-se, basicamente, em informações constantes das declarações prestadas pela denunciada e pelas testemunhas, como antes indicado, o que permite concluir pela presença de indícios da existência de crime e de sua autoria.">
Em 15 de abril de 2015, Nelma teria feito o reconhecimento fotográfico do delegado de Polícia Federal Rivaldo Venâncio e teria prestado declarações falsas, ocasião em que declarou que "por volta de abril/maio de 2013 até a transferência da depoente em 11 de junho de 2014, referida pessoa constantemente frequentava o corredor em frente às celas de Alberto Youssef (cela 3), mantendo contato com o mesmo, sem conseguir ouvir o teor da conversa (pelo tom de voz baixo, exceto quanto às risadas e palavras de cumprimento rotineiro)".>
Ela ainda teria dito que "referido sujeito não trajava terno, mas roupa social ou traje informal, sendo que estava lá em diferentes horários, desde períodos noturnos, diurnos e às vezes aos finais de semana.">
Em depoimento, o delegado Rivaldo Venâncio informou que apenas comparecera uma vez ao presídio, em inspeção do Ministério Público Federal. Outras testemunhas corroboraram sua versão, como o responsável pela carceragem Paulo Romildo Rossa Filho.>
Nelma teria mentido, também, sobre a participação do escrivão Cleverson Ricardo Hartmann no esquema que pretendia atrapalhar a Lava Jato, a partir de uma conversa que teve com uma delegada de polícia. Questionada, Nelma ressaltou que "estava em um estado de nervosismo muito grande, sob grande pressão, e novamente ressalva que fez o referido depoimento como forma de precaução e não pretendia em nenhum momento denegrir a imagem profissional do escrivão Hartmann." Seguiu dizendo que "não foi induzida nem pressionada a dar o referido depoimento em relação a Hartmann, que também acrescenta que não pretendia denegrir a imagem profissional do delegado Rivaldo, apenas informar as pessoas que frequentavam a carceragem como um todo e que não possui nenhuma prova ou conhecimento do envolvimento dos referidos policiais em atividades contra a Operação Lava Jato.">
Euros na calcinha A doleira foi presa no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos/Cumbica, na madrugada de 15 de março de 2014, quando tentava embarcar para Milão, na Itália, com 200 mil euros escondidos na calcinha.>
Em julho último, Nelma publicou uma foto em seu perfil no Instagram com vestido vermelho, sapato Chanel e a tornozeleira eletrônica.>
Ela teve extinta sua pena de 15 anos de prisão decretada na Operação Lava Jato, graças ao indulto natalino concedido no final de 2017 pelo ex-presidente Michel Temer.>