Litro por litro: Confira dicas para otimizar o seu consumo de combustível

Da maneira de dirigir à manutenção em dias, saiba o que pode ajudar na economia de consumo

  • Foto do(a) author(a) Priscila Natividade
  • Priscila Natividade

Publicado em 26 de maio de 2018 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração: Morgana Miranda/ CORREIO

No momento em que o carro sinalizou que o tanque estava na reserva, o empresário Fernando Rosa entrou no primeiro posto que viu no caminho. O susto veio logo de imediato: “Pedi para colocar R$ 100 e quando conferi na bomba não tinha chegado nem no meio do tanque. Achei que estava sendo roubado. Foi aí que eu vi o aumento. Tomei um susto”.

O preço da gasolina aumentou em 50% os gastos do empresário com combustível. “ Se saio para comprar algo, vou de uma vez só e trago tudo que estou precisando para não ter que voltar. Virei ainda adepto da carona. Tem esse esquema de revezamento, tudo para tentar economizar ao máximo”.  O empresário Fernando Rosa reduziu as saídas de carro e passou a adotar o sistema de carona (Foto: Marina Silva/ CORREIO) Atualmente, a média de preço do litro está batendo na casa dos R$ 4,56. Pesadelo para o bolso de quem precisa usar carro todo dia, o aumento de 9,62%  em comparação com o mesmo período do mês de abril tem levado muita gente como Fernando a buscar alternativas para lidar com essa alta. A boa notícia é que dá para economizar com algumas mudanças de postura na hora de dirigir.

Segundo dados publicados no sistema de Levantamento de Preços da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) na semana de 13 a 19 de maio, o preço mínimo da gasolina ficou em R$ 4,30. O máximo bate quase na casa dos R$ 5: alcançou R$ 4,89. Na semana de 15 a 21 de abril, o mínimo por litro ficou em R$ 3,99, enquanto o valor máximo alcançou R$ 4,37. 

Se não dá para deixar o carro na garagem, o CORREIO pelo menos vai ajudar o motorista a diminuir o consumo. Não tem segredo. Dá para garantir uma boa economia só de acelerar o veículo. É o que assegura o professor de Engenharia Mecânica da Unifacs João Loureiro. O primeiro alerta é para quem tem o “pé pesado”: “Esse é o tipo de motorista que mais consome combustível. A economia está diretamente ligada à postura na hora de dirigir. Quanto mais  o motorista mantiver a velocidade constante melhor.  O item mais importante de consumo está ligado a este movimento de acelerar e desacelerar”.

 Mais orientações

Ainda de acordo com Loureiro, outras questões que muitas vezes o motorista acaba passando desapercebido ajudam a controlar mais o consumo de gasolina. “Muitas vezes a gente não liga quando transforma o carro em depósito. Porém, o automóvel mais pesado, toda vez que ele para e acelerar, quanto maior força ele vai fazer e, consequentemente, vai gastar mais combustível”. 

O professor chama atenção também para a leitura do manual do carro, calibragem dos pneus e as revisões periódicas, principalmente a troca de óleo. “Em uma ladeira, não segure o carro com o motor. A melhor postura é puxar o freio de mão. Deixar o motor segurando o veículo também gasta combustível desnecessariamente. Em uma cidade como a nossa, o consumo é muito significativo. Com relação à manutenção periódica se você não troca o óleo, por exemplo, o motor fica mal lubrificado e consome muito mais”. 

Não precisa desligar o ar-condicionado para economizar. “O custo benefício do ar- condicionado desligado não compensa. Se você estiver na Paralela andando a 70/ 80 km/h, deixar seu ar- condicionado ou o vidro aberto vai resultar no mesmo gasto”. Vale mais a pena planejar o roteiro antes de sair de casa. “É mais econômico planejar o caminho, tentar fugir dos engarrafamentos, sobretudo, daqueles lugares onde já se sabe que o trânsito aperta mais naquele determinado horário”, completa. 

Álcool ou Gasolina?

Quem tem automóvel na versão flex quando vê o preço da gasolina em alta sempre se pergunta qual é mais vantajoso. O coordenador e professor do curso de Engenharia Ambiental e Engenharia de Produção Química, Ricardo Magalhães, explica como fazer o cálculo da proporção. 

“Em termos de rendimento, o litro da gasolina por etanol é de 70%. Se com a gasolina, o motorista roda 10 km por litro com o etanol ele vai rodar 7 km. Então, é só pegar o preço do etanol e dividir pelo valor do litro da gasolina. Se esse resultado for menor que 0,7 é mais vantagem abastecer com álcool. Se for maior, a escolha é a gasolina”.  

Entre encher o tanque ou ficar na reserva, Magalhães recomenda não deixar que o carro chegue muito abaixo do limite. “Como o tanque fica sujo isso acaba influenciando no entupimento da bomba de combustível. O tanque não precisa estar sempre cheio, mas assim que chegar na reserva, abastecer”, pontua. 

Desde julho do ano passado, a política de preços adotada pela Petrobras revisa diariamente os valores dos combustíveis. Na composição do preço, 32% são definidos pela estatal. Para o economista  Edval Landulfo, a tendência é que esse preço não caia tão cedo. 

“Pagamos muitos impostos no preço da gasolina. O Brasil continua com altos déficits nas contas públicas, tanto nos governos estaduais e no governo federal, por isso, dificilmente poderemos esperar uma redução dessa carga tributária”.

Os donos de postos também não devem deixar de repassar essa carga para o consumidor.  “Eles sempre repassarão esses aumentos dos custos. Em compensação, quando há uma redução nesses custos nem sempre serão transferidos para os clientes finais”, completa. 

DIREÇÃO ECONÔMICA

Aceleração Nada de acelerações bruscas. Acelere gradualmente, tanto para sua segurança quanto para economizar. Respeite os limites de velocidade. Um carro consome cerca de 20% a mais quando está a 100 km/h do que quando está a 80 km/h.

Freio   Não deixe para frear o veículo com força já em cima do sinal de trânsito. Além de economizar combustível vai poupar  também a pastilha de freio. 

Uso do freio motor  Faça uso do freio motor em declives acentuados. Lembra da famosa “banguela”? Além de ser uma atitude perigosa, tal ação não representa economia nos carros atuais, pois quando paramos de acelerar em um declive, a injeção eletrônica identifica que não é preciso aceleração e corta o combustível. 

Marchas  A troca de marcha faz muita diferença no consumo, por isso não estique as marchas sem necessidade. Procure fazer as trocas em rotação adequada: se o carro tem conta-giros, tente fazer com que o motor trabalhe em rotação próxima, ou um pouco inferior à do regime de torque máximo. Evite que o ponteiro chegue perto da rotação de potência máxima. Um carro a 40 km/h não pode estar em 5ª marcha, ou chegar a 100 km/h em segunda marcha.

Abastecimento  Só abasteça em postos confiáveis e conhecidos. Os carros rendem a mesma coisa que com a gasolina comum e a aditivada - a diferença está apenas na limpeza que a segunda  faz no motor.   

Ar-condicionado  Muito se fala que o ar-condicionado aumenta o consumo. No passado realmente isso acontecia, mas os compressores modernos já não exigem tanto esforço do motor. As janelas fechadas melhoram a aerodinâmica e, consequentemente, o consumo cai. 

Revisões  Faça revisões e manutenções preventivas e verifique, em especial, o estado das velas e o funcionamento da injeção eletrônica. O alinhamento das rodas é fundamental para a aerodinâmica do carro. Automóvel alinhado economiza combustível.

Pneus  Pneus murchos ou com a calibragem errada influenciam diretamente no consumo. A calibragem deve ser feita no máximo a cada 15 dias, seguindo as orientações das montadoras para pressão. Os pneus podem ser responsáveis por até 20% do consumo de combustível.

Rotina Analise a necessidade de fazer tudo com o carro, alterne o seu uso com transporte público e organize também um esquema de carona. Pode valer a pena.