Mãe e filha morrem em casa soterrada em Amargosa; homem está desaparecido

Segundo prefeito, o acumulado de chuva de novembro e dezembro já é o maior dos últimos 50 anos

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  • Daniel Aloísio

Publicado em 12 de dezembro de 2021 às 18:16

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

Pelo menos duas pessoas da mesma família morreram e uma está desaparecida após uma casa ter sido soterrada no distrito de Ribeirão dos Caldeirões, na cidade de Amargosa, localizada no Vale do Jiquiriça. Na madrugada deste sábado (11), um temporal atingiu a cidade, destruindo estradas, causando deslizamento de terra e alagando ruas da cidade.  

Elita Pereira, 80 anos, e sua filha Eliana Pereira, 40 anos, foram encontradas sem vida neste domingo (12), no segundo dia de buscas. “Elita foi levada pela lama e correnteza. Já o corpo de Eliana foi encontrado por um pescador no rio”, explicou o estudante Vinicius Santana, que faz parte da família e esteve na casa uma semana antes da tragédia acontecer. 

“A família está toda abalada. É muito difícil perder três pessoas queridas de uma vez só”, lamenta. De acordo com o rapaz, que é estudante de engenharia civil, o povoado de Ribeirão dos Caldeirões é habitado principalmente onde corre um rio e tem vários terrenos acidentados, o que pode ter contribuído com a tragédia.   “Houve vários deslizamentos de terra. A areia destruiu a casa deles, uma outra casa velha que servia de depósito e o curral. Não sobrou nada. Provavelmente, a lama carregou os corpos em direção ao rio, que seguiu a correnteza. Elita foi encontrada a três quilômetros de distância de onde morava. Eliana a cinco quilômetros”, conta.   Antes (esquerda) e depois (direita) do temporal que devastou a propriedade (Foto: arquivo pessoal) Até uma cisterna de 10 mil litros foi carregada pela força da correnteza. Nas fotos e vídeos de como ficou o local, é difícil acreditar que haviam três construções ali.  

 

Quem ainda segue desparecido é Gildásio Ribeiro Alves, tio de Vinicius. A busca está sendo realizada por bombeiros, agentes da defesa civil e, principalmente, por populares, que também tiveram as casas invadidas pela água e móveis arremessados para fora, segundo o rapaz. “Eu mesmo fui junto com o Corpo de Bombeiros para fazer as buscas e demoramos 4h para chegar no local onde houve o deslizamento. Normalmente, seriam 30 minutos. Tem muitos pontos da estrada que estão destruídos”, diz.   Seu Gildásio ao lado da cisterna de 10 mil litros levada pelo deslizamento (Foto: arquivo pessoal) Em áudio que circular nas redes sociais, uma vizinha lamenta a situação do povoado. “Eu estou aqui com lama até o teto. A região do Ribeirão virou lama”, conta. Em outra gravação, ela afirma que os corpos já começaram a ser removidos. “O IML já chegou. O pessoal da região subiu a ladeira com o corpo e o carro pegou em cima”, afirma.  Deslizamentos de terra (esquerda) e bloqueios nas estradas (direita) foram registrados em Amargosa (Foto: arquivo pessoal)  Cidade está em situação de emergência  A Prefeitura de Amargosa confirmou as mortes e disse que as equipes ainda estão em busca do senhor desaparecido. No sábado, a prefeitura decretou estado de emergência. Segundo o prefeito Júlio Pinheiro, o acumulado de chuva na cidade em novembro e dezembro de 2021 já representa o maior volume de chuva dos últimos 50 anos.  

“A prefeitura desde cedo já está com todas suas equipes em campo, fazendo identificação e prestando socorro imediato às famílias mais atingidas. Minha orientação é que as equipes atuem inicialmente para apoiar e remover as famílias que possam estar em riscos e desobstruir as vias, estradas e ruas que foram interditadas pelas chuvas”, disse o gestor em vídeo divulgado nas redes sociais.