Mãe presa pela morte do filho de 3 anos relatou 'apagão', diz advogado

Testemunha ouviu criança chorando e depois barulhos de agressão

Publicado em 11 de maio de 2021 às 15:29

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

(Foto: Reprodução) Presa pela morte do filho de 3 anos, Andréia Freitas, 37 anos, não demonstra que foi afetada pelo crime, segundo o boletim de ocorrência registrado no 1º Distrito Policial de São Paulo. A criança foi morta ontem (10), no apartamento da família no bairro da Bela Vista, centro de São Paulo. Em entrevista à BandNews o advogado Fábio Costa disse que Andréia relatou ter sofrido um “apagão”. Ela relatou que foi tomar um banho e passou mal, deitando no chão do banheiro e desfalecendo. O defensor disse que ao ser levada para a delegacia, ela nem sabia que Gael tinha morrido.

O menino Gael morreu antes de chegar à Santa Casa de Misericórdia, para onde foi socorrido. O laudo de atendimento médico mostrava, segundo o registro policial, que a mãe "não demonstra afeto sobre a possível agressão ao filho", divulgou o Uol.

Marcas nos braços da mãe sugerem que o menino tentou se defender quando foi agredido. Ela ainda estava com as mãos avermelhadas e inchadas, o que indicaria que as agressões partiram dela. Gael foi agredido principalmente na região da cabeça, inclusive com o anel que a mãe usava.

Os médicos indicaram que Gael chegou frio, com a pelo descolorida e derramamento hemorrágico no rosto, além de "sinais de petéquias", que são manchas mais escuras e avermelhadas. O laudo da perícia determinou que a criança sofreu traumatismo em polo cefálico (cabeça) e tinha hematoma próximo ao pescoço, além de diversas petéquias na face, coração, pulmão e em mucosa oral interna do lábio superior. Isso indiria esforço respiratório intenso do menino.

Para a polícia, há sinais de possíveis maus-tratos tanto nas marcas encontradas no corpo da criança quanto em elementos colhidos no local do crime. "Algumas marcas de agressão deixadas na região da testa da criança são compatíveis com o formato do referido objeto", diz trecho do documento, se referindo ao anel da mãe.

Andréia foi achada em posição fetal debaixo do chuveiro no apartamento. Ela foi considerada em estado de choque e levada para um hospital para receber atendimento psicológico. Na madrugada de hoje, foi transferida para a delegacia, onde ficou calada, e depois presa.

Principal testemunha A polícia já ouviu cinco testemunhas, incluindo o pai de Gael, policiais e profissionais do Samu e a tia-avó da criança, que era a principal responsável por cuidar dele. 

Ela contou que deu mamadeira a Gael por volta das 9h e ficou na sala com ele vendo TV. Em determinado momento, o menino resolveu ir ficar com a mãe na cozinha. 

Da sala, ela ouviu o garoto chorar um pouco, mas achou que era porque ele queria colo e não ficou preocupada. Depois, ela chamou Gael para voltar para a sala e Andréia mandou ela deixar o menino lá. Cinco minutos depois, ouviu barulho alto de batidas na parede, mas achou que vinha de outro apartamento. Foi nesse momento que Gael parou de chorar.

"Depois de cerca de 10 a 15 minutos, ouviu barulho de vidros sendo quebrados vindo da cozinha e foi ver o que estava ocorrendo. Ao chegar na cozinha, viu Gael deitado de lado no chão com vômito e coberto com uma toalha de mesa", disse ela à polícia. 

A tia-avó perguntou à mãe do menino o que tinha acontecido, mas ela ficou calada e com a cabeça baixa. Ela repetiu a pergunta e nada foi dito novamente. A testemunha notou que o menino já aparentava estar morto. Ela pegou o corpo da criança e levou pro quarto, pedindo para a meia-irmã de Gael, de 13 anos, ligar para o Samu. 

"Não disse a ela que ele já estava morto para não assustá-la ainda mais e ela perguntava o todo tempo se ele ia viver", diz. O Samu orientou que ela tentasse reanimar o menino enquanto a equipe de socorro não chegava. 

A adolescente fez massagem cardíaca no garoto até a chegada do Samu. Gael foi levado ao hospital, onde o óbito foi confirmado.

Prisão de Andréia Quando o Samu chegou, o motorista foi avisado pelo ex-marido que Andréia estaria no banheiro tentando se matar. Ele encontrou o apartamento bagunçado, com muitos objetos no chão e água na cozinha. Andréia não respondeu quando ele bateu na porta do banheiro e ele resolveu arrombar o cômodo. Andréia foi achada em posição fetal embaixo do chuveiro, com uma toalha na cabeça.

Uma policial feminina tentou conversar com ela, que continuou calada. Ela foi então colocada em uma cadeira de rodas, algemada e levada de ambulância até o hospital, escoltada pela polícia.

O ex-marido disse à polícia que embora a tia-avó cuidasse mais de Gael, Andréia sempre pareceu uma mãe interessada. Também afirmou não ter conhecimento de problemas psiquiátricos dela, embora ela tivesse variações de humor.