'Mãe, vem pra casa', pediu Henry em videochamada após agressão

Monique estava no salão de beleza e cabeleireira presenciou

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  • Da Redação

Publicado em 15 de abril de 2021 às 14:25

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O menino Henry Borel Medeiros, de 4 anos, contou para a mãe da agressão sofrida pelo padrasto, o vereador Jair Souza Santos Junior, o Dr. Jairinho, quando ela estava em um salão de beleza no Rio. A professora Monique Medeiros da Costa e Silva lavava, hidratava e escovava o cabelo, além de cuidar da manutenção da unha de acrigel, quando recebeu a chamada de vídeo, segundo testemunhou uma cabeleireira. A informação é de O Globo, que obteve o depoimento que a funcionária prestou na 16ª Delegacia.

A profissional foi uma das que atendeu Monique no dia. Ela contou que a criança ligou para a mãe chorando, perguntou se estava atrapalhando, contou da briga com o padastro e pediu que ela fosse para casa. Logo depois, Monique ligou para Jairinho, com quem conversou gritando, repreendendo o namorado pelo comportamento com o filho. Tanto a mãe quanto o padrasto estão presos pela morte de Henry, no dia 8 de março.Leia também

 

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O caso em questão foi no dia 12 de fevereiro, quase 1 mês antes da morte de Henry, e foi no mesmo dia em que a babá descreveu o comportamento e queixas de dores do menino depois de ficar trancado no quarto com Jairinho.  

A cabeleireira contou que foi atender Monique por volta das 16h30, quando presenciou mãe e filho conversando na ligação de vídeo. “Mamãe, eu te atrapalho?” e “Mamãe, o tio disse que eu te atrapalho", teria dito Henry. A professora disse que isso não era verdade e que o filho não atrapalhava. Henry então teria dito: "Mamãe, vem pra casa", contando que "o tio bateu" ou "o tio brigou" - ela não lembra come exatidão.

Segundo o depoimento, a mãe também conversou com a babá Thayna de Oliveira Ferreira, que filmou Henry mancando. A mãe quis saber porque a porta do quarto ficou trancada, mas a testemunha não ouviu a resposta. 

Depois disso, Monique ficou agitada, segundo a cabeleireira, que a ouviu em seguida ao telefone. "Você nunca mais fale que meu filho me atrapalha, porque ele não me atrapalha em nada", teria dito a professora, afirmando em seguida que não mandaria "ela" embora, senão iria junto. "Ela cuida muito bem do meu filho. Ela não fez fofoca nenhuma. Quem me contou foi ele".

A testemunha disse que depois da pessoa do outro lado da linha, possivelmente Jairinho, ter falado algo, Monique disse: "Quebra, pode quebrar tudo. Você já está acostumado a fazer isso". Ela contou que a professora estava exaltada e falava muito alto, aos gritos, por isso muitas pessoas ouviam a conversa. 

Ela ainda perguntou, depois de encerrar a conversa, se a cabelereira sabia de algum lugar no shopping que vendesse câmeras. Monique então pediu pressa para encerrar o serviço, porque disse que tinha que ir embora.

Depois desse dia, Monique esteve no local mais duas vezes, uma delas inclusive depois do enterro do Henry, quando fez manicure, pedicure e escova. Na ocasião, estava muito abatida, segundo o testemunho.