Maior do Brasil, Baía de Todos os Santos guarda riquezas econômicas, ambientais e culturais

Rica em história, região foi estratégica para o processo de independência

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  • Da Redação

Publicado em 29 de junho de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

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Para os tupinambás que aqui habitavam, seu nome era Kirimurê, termo que pode ser traduzido como “Grande Mar Interior”. Já a expedição portuguesa que aqui chegara em 1º de novembro de 1501, comandada por Gaspar de Lemos, decidiu rebatizá-la como Baía de Todos-os-Santos. O motivo? A tradição da época de batizar as grandes descobertas com o nome do santo do dia ou acontecimento religioso daquela data: 1º de novembro é Dia de Todos-os-Santos.

Ao assumir sua vocação marinheira e estratégica, Salvador, por suas excepcionais condições marítimas naturais para o escoamento da produção de pau-brasil e açúcar para a Europa, passou a ser a primeira capital do Brasil, em 1549. Nesse cenário, a Baía de Todos-os-Santos (BTS) foi determinante para o desenvolvimento da Economia Azul no País. Mas foi muito além.“Pelos mares, recebemos os embriões da nossa nação. Ele uniu europeus, africanos e indígenas, gerando uma matriz marcada por uma extensa e belíssima diversidade cultural” - Vice-Almirante Humberto Caldas da Silveira Junior, comandante do 2º Distrito Naval. As águas transparentes, profundas e mornas da BTS abrangem 1.233 km2 de extensão, mais de 50 ilhas e 18 municípios, que respondem por 33,2% da economia baiana, de acordo com dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). Tamanha área de influência gera ainda 70% do PIB e 65% do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do estado.

Segunda maior baía do mundo (atrás apenas do Golfo de Bengala), a BTS foi declarada como sede da Amazônia Azul em 2014, em ato solene realizado durante o I Fórum Internacional de Gestão de Baías, no Palácio da Associação Comercial da Bahia (ACB). E sobram motivos para isso. 

ECONOMIA PUJANTE Prestes a completar 520 anos, a BTS ainda tem muito potencial a ser explorado. Hoje, entre portos, unidades industriais voltadas para o refino de petróleo e a construção naval, ela é apontada como principal responsável pela riqueza entre o Porto da Barra, em Salvador, e a Ponta do Garcêz, em Jaguaripe. Às suas margens, além dos principais terminais portuários do estado, a Baía conta com estaleiros e uma refinaria, além de serviços ligados ao comércio e turismo.

“A nossa Baía de Todos-os-Santos continua sendo um local de condições ímpares para o desenvolvimento de atividades econômicas sustentáveis ligadas ao mar. A atividade marítima na costa baiana nos apresenta excelentes exemplos de uma Economia Azul, próspera e eficiente, que gera milhares de empregos”, ressalta o Vice-Almirante. 

INDEPENDÊNCIA DA BAHIA Às vésperas do 2 de Julho, data magna do estado, o comandante do 2º Distrito Naval também lembra que a BTS teve contribuição estratégica para a Independência da Bahia. “O povo livrou-se da dominação colonial, por meio de combates que tiveram seu ápice em 4 de maio, na chegada da Esquadra Brasileira que travou intensa batalha com a força opositora, estabelecendo um bloqueio no acesso à cidade, privando as tropas do recebimento de suprimentos para a continuidade dos confrontos em terra.”

Quase dois meses depois, no dia 2 de julho de 1823, as tropas portuguesas que resistiam fugiram pela Baía de Todos os Santos. E foi assim que o Brasil se libertou definitivamente do domínio de Portugal.“Nossa independência foi consolidada pelo mar. Salvador foi o ‘trampolim’ para a expulsão da esquadra colonialista” - Paulo Rafael Ribeiro Gonzalez, capitão de Mar e Guerra.SUSTENTABILIDADE Definida como Área de Proteção Ambiental (APA), um dos principais desafios da BTS para esta Década dos Oceanos (2021-2030) diz respeito ao seu desenvolvimento sustentável, viabilizando o crescimento das atividades portuárias e turísticas com o mínimo de impacto possível ao meio ambiente, o que inclui as comunidades tradicionais que vivem no entorno da Baía. 

“Dentro da Baía de Todos-os-Santos, temos uma atividade marítima convivendo harmoniosamente com a vida aquática dos parques e das áreas de proteção ambiental”, afirma o Vice-Almirante Humberto. A Marinha coordena os trabalhos da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM), que orienta o desenvolvimento das atividades que visem à efetiva utilização, exploração e aproveitamento sustentável dos recursos naturais da Amazônia Azul. A área marítima que concentra recursos naturais que garantem o sustento de várias comunidades pesqueiras, serve de via de transporte e para um valioso comércio de cargas vital para economia da Bahia e do Brasil.

O Economia do Mar é uma realização do jornal Correio com o patrocínio da Bracell, Wilson Sons, parceria Braskem e apoio institucional da Marinha do Brasil e WWI.

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