Maior medalhista: estudantes colocam a Bahia em 1º lugar na Olimpíada de História

Alunos trouxeram para o estado 4 medalhas de ouro, 8 de prata e 6 de bronze, totalizando 18 premiações. Nordeste ficou com 71% das medalhas

Publicado em 23 de novembro de 2020 às 21:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Acervo pessoal

Se não existissem os livros de história, a Bahia poderia ser considerada um livro aberto do país, pelas suas tantas memórias espalhadas através de cidades e ruas. Não é de estranhar, portanto, que os estudantes daqui tenham conseguido, neste ano, colocar o estado como o maior medalhista na Olimpíada Nacional de História do Brasil (ONHB). Das 90 condecorações distribuídas pelos doze estados vencedores, só a Bahia levou 18 delas (20%), sendo quatro de ouro, oito de prata e seis de bronze.

Quem trouxe uma das medalhas de ouro para cá foram os estudantes da equipe Inquiridores da História, do segundo ano do ensino médio do Instituto Federal da Bahia, do campus de Santo Amaro, no Recôncavo. A aluna Kézia Mendes, de 17 anos, fez parte do grupo ao lado dos colegas Jean Hugo Jesus e João Vitor Conceição Araújo, sob orientação do professor Bruno de Oliveira Moreira. 

A equipe soube do evento por meio de cartazes que haviam sido colados nas paredes da escola antes da pandemia e buscaram dicas com pessoas que já tinham participado para entender o que era necessário para se inscrever e ter mais chances de vencer.

“Sempre tive uma relação muito boa com essa disciplina e no IFBA só ficou melhor. História é essencial para entendermos o que estamos vivendo hoje e conseguir modificar a nossa realidade”, afirma Késia Mendes, uma das campeãs.

Ao todo, a prova olímpica teve seis fases e a favorita dela foi mesmo a final, na qual a tarefa consistiu na produção de uma crônica. Entre os temas disponibilizados pela organização, eles escolheram escrever um texto sobre o genocídio da população negra.“É um assunto extremamente atual, está no nosso contexto, a gente vive isso. Nós sabemos como essa estrutura opera, é nosso local de fala, então, foi legal escrever sobre isso porque é a nossa situação”, contou Kézia, que atribuiu a conquista da sua equipe à dedicação de tempo e esforço de cada um, mas também ao suporte dado pelos orientadores, incluindo o professor de Português, Cleberton Santos, que ajudou com dicas para adequar a escrita deles ao gênero textual proposto.Agora, a estudante quer aproveitar a medalha no currículo para disputar o processo seletivo de Vagas Olímpicas para entrar na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), eleita a 3ª melhor da América Latina, segundo o mais recente The World University Rankings (THE). O edital permite que medalhistas de competições de conhecimento se candidatem a até dois cursos na instituição.

Com a mediação do professor Bruno Moreira, o grupo conseguiu a primeira medalha de ouro da história do IFBA de Santo Amaro. Para Moreira, essa conquista também é fruto da própria base educacional que o instituto dá aos seus alunos. Ele comenta que o IFBA tem professores envolvidos com a educação para a crítica e que esse conjunto formativo é essencial porque na hora de executar algumas atividades, muitos conhecimentos prévios de outras disciplinas são usados, como aconteceu justamente com a crônica.“Acho importante a divulgação desta conquista deles porque é preciso demonstrar que a educação pública tem sua potência, embora tenham discursos que tentam desmerecê-la”, afirma. O anúncio dos medalhistas, realizado tradicionalmente em uma grande final na cidade de Campinas, em São Paulo, foi adaptado este ano através de vídeo publicado nas redes sociais neste último domingo (22).  Em sua fala durante a cerimônia de premiação, a coordenadora da olimpíada e professora do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, Cristina Meneguello, comentou sobre as adaptações necessárias para que a competição ocorresse.

“A ONHB é uma oportunidade para conhecer melhor a História do Brasil, para pensar criticamente sobre a nossa realidade. Somos solidários nestes tempos que estamos vivendo, não só por causa da pandemia. Quisemos acolher a todos e que os participantes tivessem a certeza que da nossa parte estávamos fazendo uma prova interessante para a formação e espírito crítico”, disse ela.

Na Bahia, os medalhistas foram das cidades de Salvador, Lauro de Freitas, Porto Seguro, Jequié, Itabuna e Santo Amaro. O Nordeste levou o maior número de medalhas. Das 90 distribuídas, 64 vieram para a região. A final contou com 421 equipes de todos os estados brasileiros, um total de 1,6 mil participantes. 

Depois da Bahia, os estados que conquistaram mais condecorações foram: São Paulo (16), Pernambuco (14), Rio Grande do Norte (13), Ceará (12), Minas Gerais (7), Sergipe (4), Piauí (2). Já os estados de Paraíba, Paraná, Rio de Janeiro e Roraima levaram uma medalha cada.

CONFIRA O NÚMERO DE MEDALHAS POR ESTADO:

Bahia (6 de bronze, 8 de prata e 4 de ouro)

Ceará (6 de bronze, 2 de prata e 4 de ouro)

Minas Gerais (3 de bronze, 2 de prata e 2 de ouro)

Paraíba (1 de bronze)

Pernambuco (5 de bronze, 5 de prata e 4 de ouro)

Piauí (1 de bronze e 1 de prata)

Paraná (1 de prata)

Rio de Janeiro (1 de prata)

Rio Grande do Norte (10 de bronze, 1 de prata, 2 de ouro)

Roraima (1 de bronze)

Sergipe (3 de bronze, 1 de prata)

São Paulo (4 de bronze, 8 de prata e 4 de ouro)