Mais da metade das famílias baianas ainda resiste a doar órgãos

Mesmo assim, nos quatro primeiros meses do ano cresceu o número de transplantes

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  • Gil Santos

Publicado em 22 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

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A notícia de que a família do pintor Arthur Silva de Jesus Moreira, 23 anos, morto na Chacina de Portão, resolveu doar os órgãos dele e que essa decisão ajudou a salvar nove vidas, deixou muita gente feliz, mas não é uma atitude comum entre os baianos. O número de transplantes cresceu no estado, mas 52% das pessoas ainda dizem ‘não’ na hora de doar. Arthur morreu protegendo o filho de 4 meses (Foto: reprodução) Segundo a coordenadora do Sistema Estadual de Transplantes, Rita Pedrosa, a negativa era maior há dois anos, quando sete em cada dez famílias que poderiam fazer a doação optavam por não ajudar. A Bahia é habilitada para fazer transplantes de fígado, rins, córneas, medula óssea, e coração.

“A importância de se doar é saber que a vida tem uma continuidade, que ela não se acaba ali. A família, com certeza, se sente muito melhor com esse gesto. Temos mortes todos os dias e essa ação pode salvar vidas”, afirmou.

Ela considera que o trabalho de capacitação realizado nas equipes de saúde do interior do estado ajudou a melhorar os resultados, e acredita que a Bahia está cada vez mais próxima de atingir a meta de 15 doações por mês para cada tipo de órgão.

No caso de Arthur foram doados o fígado, os dois rins, as duas córneas e as quatro válvulas do coração. Os cinco primeiros órgãos ajudaram a salvar pacientes que aguardavam na fila da Bahia. Já as quatro válvulas seguiram para Curitiba, no estado do Paraná.

Entre janeiro e abril de 2018, a Bahia realizou 27 doações por morte encefálica.  Este ano, o número saltou para 42 casos. Um deles foi a de Arthur que teve a morte cerebral confirmada na segunda-feira (20), dois dias depois de ser baleado na porta de casa por bandidos que entraram no bairro de Portão, em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, atirando a esmo. 

A doação de córnea é a mais comum porque pode ser feita mesmo depois que o coração já parou de bater. Foram 185 transplantes nos quatro primeiros meses de 2019, e 175 em 2018.

No ano passado inteiro, os médicos realizaram na Bahia 514 transplantes de córnea, 206 de rins, 102 de medula óssea, 49 de fígado, e dois de coração. Atualmente, apenas a fila de córnea tem cerca de 800 pacientes.

A doação de órgãos e tecidos é gratuita. Quem tiver dúvidas sobre o procedimento pode entrar em contato com a Central de Informações pelo número: 0800 284 0444. É importante também conversar com os familiares e deixar claro o desejo de ser doador. Segundo os médicos, cada doador pode salvar, pelo menos, sete vidas.