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Mais de 165 mil crianças ainda não tomaram vacina contra sarampo na Bahia


 

Em Salvador, 2 mil crianças ainda precisam tomar a dose da vacina

  • Da Redação

Publicado em 02/08/2019 às 18:51:25
Atualizado em 20/04/2023 às 02:32:04
. Crédito: Foto: Divulgação

Na Bahia, mais de 165 mil crianças ainda não tomaram a vacina que protege contra a doença do sarampo. Em todo o estado, a cobertura vacinal ficou em 80%. O recomendado pelo Ministério da Saúde é uma taxa de imunização de pelo menos 95% das crianças de um ano de idade. Em Salvador, a cobertura ficou em 87% e um quantitativo de 2 mil crianças ainda precisam tomar a dose da vacina contra o sarampo.

A vacina está disponível durante todo o ano nos postos de saúde de todo o estado. Ela integra o calendário básico de vacinação indicada pelo Ministério da Saúde para as pessoas de todo o país. Pessoas acima de 12 meses e abaixo de 49 anos devem verificar a carteira de vacina e receber as doses. Indivíduos de 12 meses a 29 anos têm que ter duas doses da vacina e acima de 30 anos até 49 anos tomam uma dose única. Profissionais de saúde têm que tomar duas doses, independentemente da idade.

Neste ano, a Bahia registrou três casos de importação de sarampo. O primeiro é de um jovem de 19 anos que reside de São Paulo, não vacinado, que atuava como monitor em uma excursão de estudantes ao município de Porto Seguro. 

O segundo caso foi de uma jovem de 28 anos, vacinada, que nasceu em Salvador mas residia em São Paulo e estava em Salvador no início do mês passado. E o terceiro caso é de uma menor de 12 anos, que mora em Salvador mas estava em uma viagem com a família para a Espanha e já apresentava sintomas do sarampo ao retornar de viagem.

O sarampo é uma doença infecção viral e é altamente contagiosa. A contaminação por ela pode ocorrer através de secreções mucosas de indivíduos doentes. Isso pode acontecer pelo ar, através de gotículas respiratórias produzidas ao espirrar ou tossir, pela saliva, contato com a pele, pelo contato com uma superfície contaminada pelo vírus ou da mãe para o bebê durante a gravidez, parto ou amamentação.

Ao identificar que indivíduos estão com sarampo, as secretarias de saúde fazem o bloqueio vacinal imediato de todas as pessoas que mantiveram um contato direto ou indireto na faixa etária de 6 meses a 49 anos. Somente para o caso de Porto Seguro foram distribuídas 1.450 doses em pessoas que fizeram contato com o jovem de 19 anos. As pessoas que tiveram contatos com as vítimas ainda estão sendo monitoradas pelas secretarias.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab) são 161 casos notificados de sarampo no estado, sendo 92 descartados e 69 em investigação. Em Salvador, o número é de 18 casos notificados e em investigação.

“Quando temos uma situação de epidemia no país, assim como temos em São Paulo, aumenta o risco de outros estados terem também. A única medida de prevenção é uma efetiva vacinação. A vacinação, que já é uma ação de rotina, está sendo intensificada e a rede está sendo alertada para os sintomas, capacitações, reuniões técnicas para atualizar os profissionais de saúde”, destacou Akemi Erdens, coordenadora estadual de imunização.

Apesar da confirmação dos casos de importação, a coordenadora afirmou que acredita que não é necessário um “pânico” da população. Para ela, é necessário que a população fique alerta, busque uma unidade de saúde, leve o cartão de vacinação para ser avaliado por um profissional, caso ela não consiga identificar as vacinas. Akemi ainda alerta que o estado não está promovendo um Dia D e que a vacina está disponível nas unidades de saúde do município ao longo dos dias de semana. Quem já tem as duas doses de sarampo no cartão de vacina não precisa tomar uma nova.

Salvador Por conta do fluxo de pessoas, a capital e cidades turísticas do estado da Bahia ficam mais suscetíveis ao sarampo por conta do trânsito de pessoas de São Paulo, por exemplo. Nesta sexta-feira (2) a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) fez uma sessão técnica para 200 profissionais com o objetivo de capacitá-los e atualizá-los sobre a temática do sarampo. Apesar da vacina estar disponível todos os dias nas unidades de saúde, Salvador terá um dia D de vacinação no dia 10 de agosto, sábado.

“Foi abordado o cenário epidemiológico, o cenário clínico, o tratamento proposto, a importância da notificação, falamos também sobre a vacina, a importância dela, além de falar sobre os casos que já foram recepcionados em Salvador, explicou Doiane Lemos, subcoordenadora de Doenças Imunopreveníveis da SMS.

Nos dois casos em que pessoas apresentaram os sintomas em Salvador, houve uma articulação da secretaria do município com a Anvisa, com a Polícia Federal, a Secretaria Estadual da Bahia e também de outros estados.

“Os casos coincidiram de ter histórico de viagem de avião, então foi feito uma listagem das pessoas que estavam no vôo, um percurso que as pessoas fizeram do aeroporto até a hospedagem, os locais em que elas foram, os hospitais que as receberam em um primeiro momento, as pessoas que estavam na recepção dos hospitais, os locais comerciais em que essas pessoas foram, até mesmo reuniões familiares que elas estavam porque uma delas se reuniu com mais de 20 pessoas da família e esses membros viajaram para outros estados depois e nós tivemos que fazer interlocuções interestaduais e até mesmo internacionais por conta do caso da Europa”, explicou Doiane.

Doiane Lemos destacou que o momento de capacitação promovido pela SMS é importante porque dá a oportunidade do município estar melhor preparado para caso aconteça o mesmo que está ocorrendo em São Paulo. 

“É importante destacar que quem já está vacinado não precisa ser revacinado. Não é uma proposta de vacinação indiscriminada, é de vacinação seletiva para aqueles que não tem histórico da vacinação, que têm esquema incompleto ou que não tem informação alguma sobre vacinações anteriores”, disse Doiane.

A infectologista Isabela Nóbrega destacou que o sarampo pode trazer consequências graves para o ser humano, inclusive com ele podendo vir à óbito. “Apesar disso, o sarampo é uma doença que pode ser prevenida e a forma de prevenção que temos é a vacina”, destacou. 

Confira o calendário vacinal recomendado:

12 meses - Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – 1ª dose

15 meses - Tetra viral ou tríplice viral + varicela – (previne sarampo, rubéola, caxumba e varicela/catapora) - Uma dose

10 a 19 anos - Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) - 2 doses, a depender da situação vacinal anterior

20 a 59 anos - Tríplice viral (previne sarampo, caxumba e rubéola) – se nunca vacinado: 2 doses (20 a 29 anos) e 1 dose (30 a 49 anos);

Após excursão para Porto Seguro, jovens pernambucanos estão com suspeita de sarampo

A Secretaria de Saúde de Pernambuco investiga seis possíveis casos de sarampo, todos em jovens com idades entre 16 e 19 anos, em três municípios pernambucanos. O governo pernambucano foi noticada no último dia 27, sobre um caso suspeito para a doença, de uma adolescente residente no município de Caruaru, no Agreste daquele estado. Ela teria viajado com uma turma de jovens para Porto Seguro, na Bahia.

Durante a investigação, outros cinco jovens (quatro que participaram da viagem e um que teve contato com os estudantes), também foram apontados como possíveis portadores do vírus. Os casos, segundo a SES, estão concentrados em três municípios: três jovens vivem no Recife, dois em Caruaru e um em Olinda, na Região Metropolitana da capital.

As vigilâncias epidemiológicas dos municípios, com o apoio da SES e das I e IV Gerências Regionais de Saúde (Geres), estão realizando bloqueios vacinais.

Além de Recife, Olinda e Caruaru, a cidade de Bezerros, de onde era parte dos estudantes, também está realizando busca ativa por pessoas que tiveram contato com os possíveis portadores da doença.

Excursão Ao todo, 182 jovens participaram da excursão para a cidade do litoral sul da Bahia, entre os dias 28 de junho e 1º de julho. Um dos monitores do grupo também estava com sarampo.

Os seis pernambucanos foram submetidos a coletas de materiais para análise no laboratório do Lacen-PE e pela Fiocruz, no Rio de Janeiro, para confirmação da presença do vírus.