Mais de 200 famílias ocupam prédio abandonado há 12 anos na Avenida Sete

Famílias ligadas ao Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) entraram no local na madrugada de segunda

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  • Luana Lisboa

Publicado em 8 de junho de 2021 às 19:31

- Atualizado há um ano

. Crédito: Paula Fróes/CORREIO

O antigo prédio do Centro Educacional Magalhães Neto, hoje pertencente à Embasa, na Avenida Sete, foi ocupado por 207 famílias ligadas ao Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) na última segunda-feira (7). Segundo o líder do movimento, Gregório Motta, o ato faz parte da ocupação Carlos Mariguella, que reinvidica a moradia popular no edifício, há 12 anos abandonado.

"É um patrimônio público que está em boas condições apesar do abandono desde 2009 e nós estamos lutando pela moradia digna. A situação das famílias daqui é muito ruim, já que várias foram despejadas recentemente dos seus aluguéis. Trabalham principalmente em camelôs e estão recebendo um auxílio emergencial reduzido. Elas são vítimas desse processo", explica Gregório.

A polícia foi ao local no primeiro dia, mas, atualmente, as famílias continuam na ocupação. Uma delas é a de Ivana Oliveira, desempregada. Ela morava na casa de uma colega antes de participar do movimento. Hoje, ocupa o prédio junto com a mãe e as primas.

"Passamos por muita coisa e cada dia que passa fica mais difícil com essa pandemia, até pra conseguir alimentação. Quando consigo, vivo de bico, faço uma faxina para ter o que comer. A gente só ta na luta para conseguir nosso cantinho", conta. 

A luta do MLB em Salvador começou em 2016, quando 25 famílias iniciaram uma ocupação no Comércio. Os ocupantes foram contemplados com um auxílio-aluguel e, na manhã desta terça-feira, receberam uma casa para residirem. "Foi hoje de manhã mesmo, o pessoal recebeu as ligações e foi lá. Já em 2019, fizemos uma ocupação que foi reprimida no 21° dia pela Polícia Militar, sem nenhum mandato de reintegração de posse. A de ontem, tem famílias dessa última ocupação mal-sucedida", diz Gregório. Foto: Paula Fróes/CORREIO No térreo do prédio, que tem 6 andares, ainda está sendo montada a escola de formação Selma de Jesus Batista, em homenagem a uma das militantes que acabou morrendo antes de conseguir sua casa. "A escola vai servir para alfabetização de outras pessoas e para fazer curso de formação do movimento. Mas o STF acabou de aceitar uma provocação feita pelo PSOL e pelo MTST dizendo que não pode haver despejo durante a pandemia. Isso é importante para esse momento", discorre.

Procurada, a Embasa afirmou que "fez o Boletim de Ocorrência na 1a. DP e  que vai entrar na Justiça com pedido de reintegração de posse".