Mais de um terço dos domicílios brasileiros não tem acesso à internet

Revolução digital 4.0 e inteligência artificial são temas do Agenda Bahia 2018

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  • Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2018 às 19:40

- Atualizado há um ano

. Crédito: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Mais de um terço (39%) dos domicílios brasileiros ainda não tem nenhuma forma de acesso à internet. Segundo a pesquisa TIC Domicílios 2017, divulgada nesta terça-feira, 24, pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br), são cerca de 27 milhões de residências desconectadas, enquanto outras 42,1 milhões acessam a rede via banda larga ou dispositivos móveis.

O índice de residências sem acesso é ainda maior nas classes D e E: 70%. Na classe A, 99% dos domicílios têm alguma forma de acesso, na classe B, 93% e na classe C, 69%.

Desde que o Marco Civil da Internet foi aprovado, em 2014, o acesso à internet é considerado um serviço essencial para todos e condição fundamental de garantia da cidadania. Enquanto o mundo caminha para a era cognitiva, ou seja, tecnológica, e já se fala em revolução 4.0 e inteligência artificial - temas que serão discutidos no seminário Sustentabilidade do Agora, em 8 de agosto, durante o Fórum Agenda Bahia 2018 - ainda tem gente que sequer sabe ligar um computador.  

Na Bahia, para permitir que essa cidadania de fato seja exercida, universidades e organizações da sociedade civil realizam projetos que promovem a inclusão digital, como mostrou a reportagem do CORREIO, publicada em 15/07/2018.

As inscrições para o seminário Sustentabilidade do Agora, que acontecerá das 8h às 17h30, no auditório da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb) estão abertas e pode ser feitas no site: www.correio24horas.com.br/agendabahia.

O evento é gratuito, aberto ao público e terá uma programação de palestras, painéis e oficinas com temas como resiliência urbana e sustentabilidade, uso das novas tecnologias para melhorar as cidades, dados abertos, negócios sociais e economia circular.

Redes móveis

Ao longo dos últimos quatro anos, o acesso à internet vem se expandindo especialmente através das redes móveis. No levantamento com dados de 2014, 43% dos domicílios não tinham nem computador, nem acesso à internet. Outros 43% tinham ambas tecnologias. Na pesquisa atual, com informações colhidas em 2017, o índice de residências sem computadores ou conexão caiu para 34%, enquanto o percentual das que têm ambos variou para 41%.

A principal diferença está em relação às residências que têm apenas internet, que subiu de 7% em 2014 para 19% em 2017. Na Região Norte, 51% dos domicílios com acesso à rede estão conectados com tecnologia móvel. No Sudeste, o percentual é de 24% e no Sul, 18%. Na classe A, o índice de acesso via tecnologia 3G ou 4G é de 8%. O percentual chega a 48% nas classes D e E.

Preço e falta de conhecimento

O preço das conexões de banda larga é um dos fatores que leva parte dos usuários a acessarem a internet somente a partir das redes móveis. A experiência, no entanto, é limitada, como destaca o gerente do Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br), Alexandre Barbosa.

“Quando nós estamos falando de criação de conteúdo, seja um texto, uma planilha ou outros conteúdos mais sofisticados, neste particular o dispositivo móvel tem muitas dificuldades. Esse crescimento exclusivo acontece em classes sociais menos favorecidas, isso cria a longo prazo uma dificuldade de habilidades digitais que são fundamentais”, analisou durante a apresentação dos dados.

A falta de interesse e o não saber usar a rede também são pontos inter-relacionados que, segundo Barbosa, merecem atenção. “Isso nos remete a uma problemática que o Brasil precisa enfrentar relativa a políticas públicas seja na área de inclusão digital de uma forma mais ampla, seja nas políticas educacionais para desenvolver essas habilidades digitais”, ressaltou.

Sobre o Agenda Bahia

O Fórum Agenda Bahia foi criado em 2010 para promover discussões sobre inovação, competitividade, qualificação e sustentabilidade, que resultam em um arsenal de boas ideias para o desenvolvimento sustentável da Bahia. Em 2018, o evento chega à sua nona edição. Nas oito anteriores, recebeu 8,5 mil pessoas que participaram de 235 atividades entre palestras, painéis e oficinas. 

Assim como acontece desde a sua origem, o Fórum Agenda Bahia tem um tema central que direciona todas as atividades previstas para o ano. Dessa vez, o mote do evento é ‘Para o Futuro, Humanize-se’, que vai debater a interação entra a criatividade humana e a linguagem das máquinas. 

Juntos, público, especialistas e representantes do poder público e do setor produtivo buscarão respostas e exemplos que mostram os melhores caminhos para que as pessoas possam aproveitar o melhor da revolução tecnológica, que se impõe e redesenha a realidade, mas sem perder sua humanidade. 

Qual o impacto da inteligência artificial na sociedade, nas cidades, no mundo do trabalho e no cotidiano das pessoas? De que forma humanos e máquinas se combinam para promover o bem-estar social e o desenvolvimento sustentável? Essas são algumas das questões dos novos tempos e para ajudar no debate, o fórum reúne especialistas do Brasil e do mundo, além de exemplos de projetos bem-sucedidos para inspirar os empreendedores baianos, fomentando a criação de ecossistemas de inovação e projetos viáveis para o desenvolvimento econômico e social do estado.

O Fórum Agenda Bahia 2018 é uma realização do CORREIO, com patrocínio da Revita, apoio institucional da Prefeitura Municipal de Salvador, Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), Fundação Rockefeller e Rede Bahia.

*Com Daniel Mello, da Agência Brasil