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Da Redação
Publicado em 16 de abril de 2020 às 10:31
- Atualizado há 2 anos
O ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, já admite sua saída, afirma estar cansado e diz que espera somente o presidente Jair Bolsonaro escolher seu substituto. Na quarta-feira (15), ele deu uma coletiva já em tom de despedida, ao lado do secretário-executivo João Gabbardo e do secretário de Vigilância e Saúde, Wanderson de Oliveira. Mandetta recusou a demissão de Wanderson e afirmou que todos vão sair juntos. “Entramos juntos e sairemos juntos”, disse, se referindo à equipe.>
"Fico até encontrarem uma pessoa para assumir meu lugar", disse em entrevista à Veja, depois da coletiva. Questionado se não tinha mais como continuar no governo, ele negou. "São 60 dias nessa batalha. Isso cansa", afirmou.>
Nesta quinta, durante uma conferência online realizada pelo Fórum de Inovação Saúde (FIS), ele deu o prazo.. "Temos uma perspectiva de troca aqui no ministério. Deve ser hoje, no mais tardar amanhã, mas enfim, espero se concretizar", diz.>
Segundo o ministro, foram 60 dias "tendo de medir palavras", explicando estratégias para Bolsonaro, acreditando que os dois estavam de acordo, para depois vê-lo mudando o discurso. "Você conversa hoje, a pessoa entende, diz que concorda, depois muda de ideia e fala tudo diferente. Você vai, conversa, parece que está tudo acertado e, em seguida, o camarada muda o discurso de novo. Já chega, né? Já ajudamos bastante", avalia.>
Mandetta afirmou que não sabe se a política do Brasil para conter o avanço do coronavírus irá mudar, mas destacou: "O vírus se impõe. O vírus não negocia com ninguém. Não negociou com o Trump, não vai negociar com nenhum governo", afirmou, citando os EUA, país com maior número de mortos pela covid-19.>
O ministro disse que ainda não sabe também o que fará depois de deixar o governo, mas vai trabalhar para "ganhar o pão", citando que ainda tem um filho na faculdade. Afirmou, contudo, que não tem intenção de ir para outro governo de estado ou para uma prefeitura.>
Há vários nomes cotados para substituir Mandetta. Osmar Terra, deputado federal e ex-ministro da Cidadania, é crítico do isolamento social e tem usado redes sociais para falar da quarentena. Ele é um dos nomes citados. Antonio Barra Torres, diretor-presidente substituto da Agência Nacional da Vigilância Sanitária (Anvisa) pe outo. Ele foi da Marinha e está próximo de Bolsonaro durante essa crise. A médica do Hospital Albert Einstein Nise Yamaguchi, nome de destaque que defende o uso da cloroquina, é outro.>
Para tentar evitar a pecha de "ideológico", o presidente pode convidar também médicos conhecidos, saindo dos nomes políticos. Nelson Teich, oncologista e presidente da Clínicas Oncológicas Integradas (COI) é um destes nomes, próximo ao ministro Paulo Guedes. O presidente do conselho do Albert Einstein, Claudio Lottenberg, chegou a falar abertamente da possibilidade, e disse que se for convidado para o cargo vai aceitar.>