Manifestantes pregam 220 cruzes no Farol da Barra em homenagem aos mortos de covid no Brasil

Cerca de 60 pessoas participaram do ato com críticas à gestão do governo federal frente as crises de saúde e econômica

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  • Vinicius Nascimento

Publicado em 22 de janeiro de 2021 às 20:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gil

Um grupo de aproximadamente 60 pessoas ligadas a movimentos populares e sindicais baianos realizou um ato no Farol da Barra durante a tarde dessa sexta-feira (22). Posicionando-se contra o que classificou como descaso do Governo Federal em relação à saúde pública e enfrentamento à pandemia, os participantes cravaram  220 cruzes de madeira no gramado em frente a um dos maisconhecidos pontos turísticos soteropolitanos. 

Cada cruz representou mil vidas perdidas para a covid-19, totalizando o número de 220 mil pessoas mortas por conta do novo coronavírus no Brasil desde o início da pandemia. Participaram da organização do evento entidades como o Comitê Popular Salvador de Luta, Comitê Popular da Lapa, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Apub e o Sindsefaz, entre outros.

Um dos organizadores da manifestação, o psicólogo e educador Walter Takamoto afirmou que o movimento entende que o Governo Federal faz uma gestão trágica na pandemia e que alguns exemplos para essa afirmação estão no fato de não ser incentivado o uso de máscaras e respeito ao distanciamento social desde o início da crise e, agora, com a incapacidade de investir na compra de vacinas e insumos para uma vacinação massiva no país.

"A outra questão que apresentamos e que é fundamental nesse momento de agravamento da chamada segunda onda, quando o Brasil tem mais de mil mortes diárias nos últimos 7 dias, é que se precisa buscar, a partir das experiências que vemos em outros países, adotar medidas rígidas para impedir a disseminação do vírus", disse Takamoto.

Essas medidas mais rígidas basicamente consistem em dois fatores: retorno do auxílio emergencial e Lockdown (restrição rígida à circulação de pessoas). Takemoto entende que não é possível fazer uma coisa sem fazer a outra, "para manter a população em casa, com comida no prato, segurança e podendo assim diminuir esses números. Estão morrendo mil pessoas diariamente em nosso país", reforçou.

Segundo números do Ministério da Economia, os custos do auxílio emergencial e o auxílio residual (parcelas extras de R$ 300) para os cofres públicos foi de R$ 322 bilhões. Cerca de R$ 294 bilhões haviam sido pagos até o último dia 22 de dezembro do ano passado. 

Para que o auxílio emergencial volte a ser pago, é necessário tomar medidas como a aprovação do Decreto de Estado de Calamidade Pública, que permite o crescimento real extraordinário das despesas da União sem ferir a Lei do Teto de Gastos, criada em 2016. No entanto, Governo e Congresso Nacional temem que os gastos sejam muito danosos para os cofres públicos, gerando problemas econômicos difíceis de reverter.

Funcionário público, Adelmo Marques foi outro a participar do ato e disse que o que lhe motivou a estar ali foi o respeito à memória de sua mãe, vítima do coronavírus, em abril do ano passado.

Segundo o funcionário público, a vida humana não pode ser quantificada por valores em dinheiro, e ele entende que é obrigação do poder público brigar e garantir que o maior número de vidas sejam salvas - independentemente do custo financeiro e econômico que issso acarrete.