Mano tem segundo pior início entre técnicos do Bahia desde 2010

Com 33% de aproveitamento, treinador supera apenas Caio Júnior, que passou pelo clube em 2012

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  • Gabriel Rodrigues

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 17:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: Staff Imagens/Conmebol

Quando assumiu o comando técnico do Bahia, em setembro, Mano Menezes trouxe um fio de esperança aos tricolores. Nome tarimbado no cenário nacional e com passagem pela Seleção Brasileira, ele substituiu Roger Machado com a missão de corrigir os problemas e tirar o time da luta contra o rebaixamento.

Naquele momento, o Bahia amargava jejum de seis jogos no Campeonato Brasileiro e contava com uma das defesas mais vazadas da Série A. Mesmo assim, Mano se colocou como a pessoa certa para fazer o Esquadrão atingir os objetivos que almeja, como, por exemplo, brigar na metade de cima da tabela da Série A.

Dez jogos depois, a expectativa criada passa longe da realidade apresentada em campo. Com seis derrotas, um empate e apenas três vitórias, Mano Menezes é o treinador com o segundo pior início de trabalho no Esquadrão nos últimos dez anos.

O CORREIO levantou o aproveitamento nos dez primeiros jogos de todos os técnicos que passaram pelo clube desde a temporada 2010 (veja lista ao fim do texto). Ao todo, 21 treinadores trabalharam no Bahia no período, mas Rogério Lourenço (2011), Charles Fabian (2014 e 2015) e Preto Casagrande (2017) não foram incluídos por não terem atingido o mínimo de partidas estabelecido.

Entre os técnicos que estiveram à frente da equipe em pelo menos dez jogos, apenas Caio Júnior, em 2012, teve rendimento pior do que o de Mano Menezes. Caio deixou o Esquadrão com 30% de aproveitamento, embora com uma derrota a menos do que Mano, já que no período somou duas vitórias, três empates e cinco derrotas. 

Após completar dez jogos, Caio Júnior alegou problemas familiares e pediu para deixar o clube. Contratado em julho, ficou pouco mais de um mês. O treinador foi uma das vítimas da tragédia do voo da Chapecoense, que matou 71 pessoas em 2016.

Já o topo da lista é de Doriva. Sob o comando dele, o Bahia venceu nove dos 10 jogos oficiais que disputou em 2016. Naquele ano, o tricolor chegou a ganhar as 10 primeiras partidas da temporada e superou o seu melhor início na história, que havia sido em 1961, mas um dos jogos - a goleada de 4x0 sobre o Galícia, pelo Campeonato Baiano -, foi comandado pelo auxiliar Aroldo Moreira. Na época o Bahia teve que fazer duas partidas no mesmo dia (por Baianão e Copa do Nordeste, contra a Juazeirense) por causa do amistoso que disputou contra o Orlando City, nos Estados Unidos.

Há de se levar em consideração o grau de dificuldade das competições disputadas. Naturalmente, quem comanda o time em início de temporada, caso de Doriva, tende a ter um aproveitamento inicial melhor porque tem pela frente o estadual e o regional.

Mesmo assim, nem sempre o bom rendimento nos números significou a permanência no cargo. Em 2011, por exemplo, Vagner Benazzi conseguiu 80% de aproveitamento ao vencer sete e empatar outras três partidas nos dez primeiros jogos. Acabou demitido três rodadas depois, com a marca de ter perdido apenas duas vezes pelo clube.

Reflexos negativos O retrospecto ruim apresentado nesta ‘Era Mano Menezes’, somado aos fracassos registrados durante o trabalho do antecessor Roger Machado colocam o Esquadrão em situação delicada no Campeonato Brasileiro. Faltando uma rodada para o fim do primeiro turno, a equipe está a apenas um ponto da zona de rebaixamento – o Bahia tem um jogo a menos no torneio.

Além disso, nos dez jogos que fez sob o comando de Mano, o time sofreu gol em nove partidas. Não foi vazado apenas no triunfo sobre o Vasco, por 3x0, em Pituaçu. Já na Copa Sul-Americana, a derrota para o Melgar, na quinta-feira (29), por 1x0, em Lima, deixou o Esquadrão em desvantagem na disputa por uma vaga nas oitavas de final. O jogo da volta, na Fonte Nova, é na próxima quinta-feira (5), e precisa vencer por dois gols de diferença.

Enquanto tenta ajustar os problemas e melhorar o desempenho do elenco, Mano Menezes também aguarda pelos reforços prometidos pela diretoria. Dos cinco atletas que o Esquadrão projetou contratar após a chegada do treinador, apenas dois foram anunciados: o zagueiro Anderson Martins e o volante Elias.

“São perguntas repetidas porque estamos próximos de encerrar as inscrições no Brasileiro. Não vamos discutir contratações em público, não faz sentido, muito mais em cima de uma derrota. Parece algo desconectado com o que pensamos”, esquivou-se o treinador ao ser questionado sobre novas contratações.

No domingo (1º), Bahia e Mano Menezes visitam o Santos, na Vila Belmiro. O tricolor tem como missão pontuar para impedir uma virada de turno dentro da zona de rebaixamento.

Aproveitamento dos técnicos nos dez primeiros jogos desde 2010: 

Mano Menezes (2020) 3v, 1e, 6d = 33% de aproveitamento

Roger Machado (2019) 5v, 2e, 3d = 56,6% 

Enderson Moreira (2018) 2v, 6e, 2d = 40% 

Guto Ferreira (2018) 5v, 3e, 2d = 60% 

Paulo Cesar Carpegiani (2017) 5v, 3e, 2d = 60% 

Jorginho (2017) 3v, 3e, 4d = 40% 

Guto Ferreira (2016) 4v, 3e, 3d = 50% 

Doriva (2016) 9v, 1d = 90% 

Sérgio Soares (2015) 6v, 2e, 2d = 66,6% 

Gilson Kleina (2014) 3v, 5e, 2d = 46,6% 

Marquinhos Santos (2014) 4v, 3e, 3d = 50% 

Cristóvão Borges (2013) 4v, 4e, 2d = 53% 

Jorginho Cantinflas (2012) 5v, 3e, 2d = 60% 

Caio Júnior (2012) 2v, 3e, 5d = 30% 

Falcão (2012) 6v, 2e, 2d = 66,6% 

Joel Santana (2011) 3v, 3e, 4d = 40% 

Renê Simões (2011) 4v, 2e, 4d = 46,6%

Vagner Benazzi (2011) 7v, 3e = 80% 

Márcio Araújo (2010) 5v, 3e, 2d = 60%

Renato Gaúcho (2010) 5v, 3e, 2d = 60%