Mão de obra high tech

Formação de profissionais para a Indústria 4.0 imprime desafios; veja onde se capacitar

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  • Murilo Gitel

Publicado em 25 de maio de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/Arquivo

Composta por uma série de elementos de inovação, como a inteligência artificial, internet das coisas e nanotecnologia, a Quarta Revolução Industrial tem na qualificação da mão de obra um de seus principais desafios. Isso porque a Indústria 4.0 é resultante do uso de diversas tecnologias digitais, desde o chão de fábrica até a gestão dos negócios, que tornarão coisa do passado a forma como se produz manufaturas hoje em dia.

Ciente dessa realidade, o presidente em exercício da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Paulo Afonso Ferreira, defende a união entre o setor produtivo e o governo como caminho para o país avançar em relação à capacitação de profissionais e adequação das empresas rumo a essa nova era. 

“A Indústria 4.0 demandará uma requalificação maciça de sua mão de obra. Esse é o grande desafio que temos agora. Temos que gerar emprego e preparar gente qualificada para atender a essa demanda”, observa Fereira.

Uma pesquisa da CNI realizada com 759 grandes e médias indústrias em relação à adoção de tecnologias 4.0 revela que 21,8% serão atingidas pela digitalização do processo produtivo. Atualmente, o percentual é de 1,6%. “Há estimativas que determinam que 70% dos empregos serão impactados, bem como as principais cadeias de valor. E é claro que isso vai determinar novos padrões de produção e de competição nos mercados”, afirma o superintendente nacional do Serviço Social da Indústria (Sesi), Rafael Lucchesi.

O especialista pontua que a Quarta Revolução Industrial demanda um conjunto de novas tecnologias baseadas na inteligência artificial, digitalização, automação, manufatura avançada, indústria aditiva e no Big Data. Um dado positivo da pesquisa da CNI aponta que a presença de ao menos uma tecnologia digital passou de 63% para 73% do setor. Contudo, cerca de 30% da produção fabril não se vale de nenhuma dessas tecnologias.

“O desafio principal é a capacidade que o país venha a desenvolver de formar as pessoas com perfis competentes, adequados para esse novo patamar tecnológico”, considera o diretor nacional de operações do Serviço Nacional  de Aprendizagem Industrial (Senai), Gustavo Leal.

Como se capacitar? Uma boa oportunidade para quem quiser se capacitar para concorrer a vagas referentes à Indústria 4.0: estão abertas, até 7 de julho, as inscrições do processo seletivo dos cursos técnicos do Senai Bahia, que conta com 3.280 vagas em 15 cursos em Salvador, Alagoinhas, Camaçari, Feira de Santana, Ilhéus, Juazeiro, Lauro de Freitas, Serrinha e Vitória da Conquista.  A novidade para este ano é o curso de Biotecnologia, que vai ser oferecido na capital. A área é uma das mais demandadas para a Industria 4.0.

A organização dará 100 bolsas de estudos para alunos de baixa renda e que tiveram pontuação mínima de 550 nas cinco últimas provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).  Esses candidatos em específico têm até 18 de junho para fazer a inscrição. Entre as opções de curso estão, ainda: Desenvolvimento de Sistemas, Redes de Computadores e Automação Industrial. Saiba mais no site do processo seletivo: http://senaiweb.fieb.org.br/senai2/.

Mecatrônica Outras qualificações podem ser feitas no Senai Cimatec, onde os conceitos e as tecnologias da Indústria 4.0 são transversais e estão presentes como norteadores de cursos em diversas modalidades, para diferentes formações e áreas de atuação. 

Na modalidade de cursos técnicos, o destaque é o curso de Mecatrônica, que forma profissionais para atuar em qualquer segmento industrial que use máquinas controladas por programação. De acordo com uma pesquisa da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), o técnico em mecatrônica está entre as nove qualificações mais procuradas pelas indústrias de todo  o Brasil, considerando uma perspectiva do mercado industrial até o ano de 2020.

Outros dois cursos técnicos totalmente conectados à Indústria 4.0 são o de Desenvolvimento de Sistemas e o de Redes de Computadores, que forma profissionais nos pilares da hiperconectividade e de sistemas inteligentes.

“Todos os cursos de graduação do Centro Universitário Senai Cimatec preparam profissionais com imersão em tecnologias e conceitos da Indústria 4.0”, informa a instituição  em nota enviada ao CORREIO.

Os cursos são: Engenharia de Controle e Automação, Engenharia Elétrica, Engenharia Mecânica, Engenharia Civil, Engenharia de Materiais, Engenharia Química, Engenharia Automotiva, Engenharia de Produção, Engenharia de Computação e Arquitetura (em breve).

Pós-graduação Já na modalidade de pós-graduação oferecida pelo Senai Cimatec há cursos lato sensu totalmente direcionados às novas tecnologias, como o MBI em Manufatura Avançada, a Especialização em Data Science e Analytics, o MBI em Nanotecnologia e Materiais Avançados.

Mas também há capacitações que estão sintonizadas e possuem módulos dedicados às tecnologias e aos conceitos da Indústria 4.0 como:  MBA Executivo em Lean Manufacturing;  MBA em Empreendedorismo e Inovação Tecnológica; MBI em BIM (Building Information Modeling); e MBI em Mobility Experience.

Veja 30 profissões  que serão criadas e/ou ganharão mais relevância na indústria 4.0

Um estudo  do Senai mostra que 30 profissões  de oito áreas serão criadas e/ou ganharão mais relevância com a Indústria 4.0. Entre os segmentos impactados estão Automotivo, Alimentos, Máquinas e Ferramentas, Comunicação e Construção Civil. Confira as profissões abaixo.

1. Setor Automotivo  Mecânico de veículos híbridos, mecânico especialista em telemetria, programador de unidades de controles eletrônicos e técnico em informática veicular.

2. Alimentos e Bebidas  Técnico em impressão de alimentos, especialista em aplicações de TIC para rastreabilidade de alimentos, especialista em aplicações de embalagens para alimentos.

3. Construção Civil  Integrador de sistema de automação predial, técnico de construção seca, técnico em automação predial, gestor de  logística de canteiro de obras e instalador de sistema de automação predial.

4. Têxtil e Vestuário  Técnico de projetos de produtos de moda, engenheiro em fibras têxteis e designer de tecidos avançados.

5. Tecnologia da Informação e Comunicação  Analista de internet das coisas (IoT), engenheiro de cibersegurança, analista de segurança e defesa digital, especialista em grandes bancos de dados (big data) e engenheiro de softwares.

6. Máquinas e Ferramentas  Projetista para tecnologias 3D, operador de máquinas de alta velocidade (High Speed Machine), programador de ferramentas e técnico de manutenção em automação.

7. Químico e Petroquímico  Técnico em análises químicas com especialização em análises instrumentais automatizadas, técnico especialista no desenvolvimento de produtos poliméricos e técnico especialista em reciclagem de produtos poliméricos.

8. Petróleo e Gás  Especialista em técnicas de perfuração, especialistas em sismologia e geofísica de poços, e especialistas para recuperação avançada de petróleo.