Marcha do Empoderamento Crespo reúne dez mil pessoas na Avenida Sete

Terceira edição do projeto tem como foco o combate ao racismo religioso

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  • Luan Santos

Publicado em 18 de novembro de 2017 às 16:55

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Cerca de dez mil pessoas tomaram a Avenida Sete de Setembro neste sábado (18), durante a Marcha do Empoderamento Crespo, segundo os organizadores do evento. Ele chega à sua terceira edição com foco no combate ao racismo religioso.

Os participantes saíram do Campo Grande e seguem em direção à Praça Castro Alves com faixas, cartazes e bandeiras com frases de protesto. Além de Salvador, há integrantes de outras cidades da região metropolitana, além de políticos que militam em torno das bandeiras do movimento negro. Marcha do Empoderamento Crespo está na terceira edição Foto: Luan Santos/CORREIO Ao logo da avenida, cabelos crespos, alisados e coloridos se misturavam a cartazes e discursos com temática de combate ao racismo e à desigualdade.

Segundo a antropóloga Naira Gomes, uma das organizadoras do evento, o cabelo é apenas uma metáfora para falar de todo o corpo negro. Neste sentido, ela ressalta, a estética é também política. "A marcha vem para afirmar e legitimar o corpo negro, que sempre foi colocado em dúvida quanto à beleza, capacidade intelectual, afetividade. A estética é política, não diferencia. Ela não é só a forma, ela é o significado", afirma. De acordo com os organizadores, o evento recebeu dez mil pessoas Foto: Luan Santos/CORREIO A cabeleireira Gisele Xavier, 32 anos, levou a pequena Naila, de 9 meses, para participar da marcha. "Quero que ela aprenda desde cedo a se valorizar", diz. Participando pela primeira vez, ela considera o projeto uma importante mobilização contra o racismo. "É uma luta que deve ser diária", defende. Gisele, com a filha Naila no colo: "Quero que ela aprenda desde cedo a se valorizar" Foto: Luan Santos/CORREIO Os vereadores Hilton Coelho (Psol), Marta Rodrigues (PT) e Sílvio Humberto também participam da marcha. Para eles, os temas levantados durante a marcha devem pautar as discussões do legislativo municipal.

"É uma juventude que está se autoafirmando cada vez mais com a sua personalidade. Temos dois problemas muito graves hoje que são o super encarceramento é o extermínio da juventude negra. Então, precisamos de uma juventude que esteja cada vez mais empoderada", pontua Hilton.

Marta vai na mesma linha e ressalta que a marcha é também um momento de reflexão da própria realidade de Salvador. "São jovens universitários, secundaristas, que têm muito a contribuir e pautar as discussões sobre qual é a Salvador que nós queremos", diz a vereadora.