Marinha confirma chegada de manchas de óleo em Abrolhos

Fragmentos foram encontrados em Caravelas e na Ilha de Santa Bárbara

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  • Amanda Palma

Publicado em 2 de novembro de 2019 às 11:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/Marinha

A maior ilha do Parque Nacional de Abrolhos, onde estão localizados os bancos de corais de maior diverisdade do Atlântico Sul, foi atingida pelas primeiras manchas de óleo, na manhã deste sábado (2). Os vestígios de petróleo cru foram encontrandos na superíficie da água e na areia, do tamanho aproximado de uma moeda, na Ilha de Santa Bárbara. 

As primeiras ações de remoção do óleo foram iniciadas ainda nesta manhã, organizadas por equipes do Rádio Farol, nome da patrulha da Marinha. Antes, na tarde desta sexta (1º), as manchas já haviam sido encontradas na  Ponta da Baleia, em Caravelas, de onde partem embarcações para o Parque Nacional Marinho de Abrolhos. A Marinha não tem estimativa da quantidade de petróleo recolhida da praia. "Pela quantidade que nós temos, muito pouco, mas não vejo nem um quilo. Essa compilação teremos até o final do dia", calculou o almirante. Na região de Caravelas, a limpeza foi realizada por equipes da Marinha, ICMBio, com apoio do Navio Oceanográfico Antares.  Hoje, oito embarcações - seis da Marinha e duas da Petróbras -  navegam a área do Arquipélogo para tentar impedir a chegada de grandes manchas ao local. Também sobrevoam a área outras três aeronaves. 

Durante entrevista coletiva no 2º Distrito Naval, no bairro do Comércio, o vice-almirante Silva Lima explicou que as pelotas foram identificadas inicialmente no mar, na tarde desta sexta-feira (1º), pelos navios da Marinha. "A primeira identificação foi na água do mar, na tarde de ontem. E hoje pela manhã encontramos alguns pontos na areia, em Santa Barbara", explicou.

Antes da chegada do petróleo, já era realizado o monitoramento da área. O CORREIO questionou se a Marinha identificou algum problema de análise, já que a mancha não foi observada antes do material se espalhar. "Nós estamos combatendo algo inédito, que não existe precedentes na literatura, então, não considero que houve uma falha [de conduta] ou que algo deu errado. Estamos trabalhando dentro das possibilidades. Esse monitoramento é diário, e estaremos semrpe alterando de acordo com indícios. E tem essa dificuldade de ter indícios em alto mar, nenhum deles, na área que eu estou responsável, se confirmou até agora", pontuou o vice-almirante.O monitoramento em Abrolhos começou em setembro e foi itensificado com a chegada de manchas de óleo às praias do Sul do estado, no mês passado.   (Foto: Divulgação/Marinha) De acordo com a Marinha, permanecem atuando no local: Fragatas Independência e Constituição, Navio de Desembarque de Carros de Combate Almirante Saboia, Navio Varredor Atalaia, Navio Oceanográfico Antares, Corveta Caboclo e Navios OSRV Viking Surf e Mar Limpo IV da Petrobras.  

Na Ilha de Santa Bárbara, onde os vestígios de petróleo cru chegaram neste sábado (2), atuam 30 pessoas da Marinha e do ICMBio, com oito botes, para facilitar o deslocamento na região. Os trabalhadores são posicionados de acordo com a necessidade de atuação no local. "Temos que ser eficazes na patrulha e no monitoramento. O quantitativo envolvido é mais de 2 mil", disse.  (Foto: Divulgação) Monitoramento

A Ilha de Santa Bárbara é considerada não só a de maior estrutura do Arquipélogo, como o principal ponto de apoio das operações realizadas no território. O local é permanentemente ocupado por militares - e eventualmente, por agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBIO).  "Por isso, ela é nossa referência. Também é um ponto mais fácil para deslocarmos pessoas", ressaltou o almirante.Também presente na coletiva, o superintendente do Ibama Rodrigo Alves afirmou que, desde a primeira reunião com a Marinha, já havia solicitado embarcações próprias para aquela região. 

 No último dia 28 de outubro, o Ministério Público Federal (MPF) pediu, mais uma vez, que a Justiça que obrigasse o Governo a implementar o plano nacional de contingência, instituído em 2013, para lidar com o vazamento de óleo nas praias do Nordeste.

Sobre o caso de Abrolhos, Alves ainda frisou as especificades marítimas do local. "O nome Abrolhos vem de Abra Olhos, uma região muitoperiogsa, específica para a navegação. Ali há necessidade da presença. Até fisicamente, se você puder ver, estamos no meio de um ecossistema", disse. 

Situação na Bahia Vestígios de petróleo cru chegaram a Alcobaça, município no Extremo Sul da Bahia, na tarde desta sexta-feira (1º), segundo a Defesa Civil do Estao da Bahia. Até o momento, foram 28 municípios baianos atingidos pelo vazamento de óleo. Desde as primeiras pelotas encontradas na Praia de Santo Antônio, já foram recolhidas 400 toneladas das praias baianas. 

No município de Conde, no Litoral Norte, houve mudança na operação neste sábado. De acordo com o Exército Brasileiro, foram acionador dois comandos - o Militares do Nordeste (CMNE) e o da 6ª Região Militar - para apoiar as unidades da Marinha do Brasil, no município de Conde. Serão enviados 20 militares para atuar nas praias do município. 

Empresas gregas As duas empresas que tiveram mandados de busca e apreensão cumpridos pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (1º), quando foi deflagrada a Operação Mácula - que investiga o vazamento de óleo em praias do Nordeste brasileiro - emitiram notas nas quais negam envolvimento com o caso.

Enquanto a Lachmann Agência Marítima afirmou "não ser alvo da investigação", a Witt O'Brien's Brasil declarou que "jamais" teve como cliente da empresa Delta Tankers, cujo navio Bouboulina é apontado como causador da tragédia ambiental. Nem o nome da companhia, nem o da embarcação são citados no texto.

No início da manhã desta sexta (1º), agentes da PF estiveram nas sedes das duas empresas, na região central do Rio. Cumpriam mandados de busca e apreensão emitidos pela 14ª Vara Federal Criminal do Rio Grande do Norte.

Um representante da Witt O'Brien's Brasil disse ao jornal O Estado de S. Paulo que os agentes não levaram nenhum documento da sede. À tarde, a empresa encaminhou nota negando ter entre seus clientes o navio de bandeira grega apontado como sendo o responsável pelo vazamento de óleo.

"Países como Canadá, Estados Unidos, Panamá e Argentina exigem que os navios que se dirigem aos seus portos tenham contratos pré-estabelecidos com empresas de atendimento e gerenciamento de emergências", informou a Witt O'Brien's Brasil.

"A Witt O'Brien's americana é uma das grandes provedoras desse tipo de serviço de prontidão para gerenciamento de emergências em navios nos Estados Unidos, porém seus contratos não guardam nenhuma relação com a empresa no Brasil", diz o texto.

A outra empresa alvo dos policiais federais na manhã desta sexta foi a Lachmann Agência Marítima. Em nota, a empresa declarou que "não é alvo da investigação da Polícia Federal sobre o vazamento de óleo que atingiu a costa do Brasil". Afirmou ainda que a agência "foi tão somente solicitada pela Polícia Federal a colaborar com as investigações".