'Matou como se ela fosse bicho', diz testemunha de crime contra moradora de rua

Defesa de comerciante alega que ele reagiu a uma tentativa de assalto

Publicado em 20 de novembro de 2019 às 13:32

- Atualizado há um ano

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(Foto: reprodução) A moradora de rua Zilda Henrique dos Santos Leandro, 31 anos, foi morta por volta das 5h30 no Centro de Niterói, Rio de Janeiro. Uma testemunha contou que o comerciante Aderbal Ramos de Castro executou a mulher "friamente" depois que ela o abordou para pedir R$ 1. O crime foi no último dia 16 e o suspeito foi preso ontem. A defesa alega que ele reagiu a uma tentativa de assalto.

"Eu chegava para trabalhar e vi quando ela parou perto dele e pediu um dinheiro. Quando eu virei, eu só vi ele pegando a arma e disparando contra ela. Em seguida, foi embora como se nada tivesse acontecido. Ele matou a Neia com a maior naturalidade e como se ela fosse um bicho", disse ao Extra o chapeiro Miguel Ângelo Pessanha, 40, que trabalha no local do crime e estava chegando quando viu tudo acontecer. 

A advogada Daniela Lopes, defensora do acusado, diz que ele reagiu a uma tentativa de assalto por conta do dinheiro que levava na bolsa. "Não importa se foi R$ 1 ou não. O que importa era o que estava dentro da bolsa. Sobre o valor que estava na bolsa, não importa. Ele apenas se defendeu de um assalto", afirma.

Questionada sobre as imagens que registraram a morte da moradora de rua, ela afirma que não registram "todo o entorno da rua" e não mostram quantas pessoas estavam ali. "O que sabemos é que varias pessoas chegaram até ele para tentar pedir dinheiro. Ele, que é comerciante do local, foi surpreendido por essas pessoas. Como ele já tinha sido vítima de assalto antes e a pessoa já chegou gritando com outras pessoas, ele receoso e de impulso reagiu para não ser assaltado", afirma.

Ela diz ainda que o cliente tem porte de arma, o que foi negado pela Polícia Civil. 

Sem socorro O chapeiro que presenciou o crime diz que outra moradora de rua, que conhecia a vítima, tentou parar carros para pedir socorro, mas ninguém ajudou.

"A menina que andava com ela começou a gritar e pedir ajuda. Logo depois, o Corpo de Bombeiros chegou, mas acho que ela já estava morta. Não se mexia mais", diz.

Pessoas que trabalham próximo ao local dizem que a vítima, que era conhecida como Neia, costumava pedir dinheiro na região e nunca fazia abordagens de maneira agressiva. "Eles são super educados, não mexem com ninguém. Muitos nem contribuição pedem. Eu que, geralmente, desço e ajudo com alguma coisa", diz um morador, afirmando que é comum o movimento na rua.

A irmã de Neia diz que ela queria R$ 1 para comprar pão e afirma ainda que Aderbal já havia agredido outros moradores de rua antes do crime. "Ela chegou nele para pedir R$ 1 para comprar um pão. Após isso, ele falou que era para a minha irmã sair porque se não ele daria um tiro na minha irmã. Ela disse que era para ele dar o tiro então. Ele foi pegou arma e atirou na minha irmã", disse ela, que preferiu não se identificar, ao Extra. " Por conta de R$ 1 ele tirou a vida da minha irmã. Eu não me conformo com o que esse homem fez com a minha irmã. Ele não pode ficar impune. Ele tem que pagar pelo que ele fez".

Aderbal foi autuado por homicídio qualificado por motivo fútil. O revólver 38 usado no crime foi comprado por Aderbal e era registrado no nome dele.