Medicamento via oral para diabetes é seguro para cardíacos, mostra estudo

Medicação está em fase de aprovação nos EUA

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  • Carol Neves

Publicado em 14 de junho de 2019 às 16:32

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Um medicamento oral para diabetes tipo 2 ainda em fase de aprovação mostrou não apresentar maior risco de problemas cardíacos ou morte em pacientes com alto risco para esse tipo de complicação do que o uso de um placebo, segundo estudo apresentado pela farmacêutica Novo Nordisk no congresso anual da Associação Americana de Diabetes (ADA, em inglês), que aconteceu essa semana em San Francisco, nos EUA.

Os pacientes com diabetes tipo 2 com doenças cardíacas ou risco alto de problemas cardíacos que receberam a semaglutida oral tiveram uma taxa combinada de ataque cardíaco, AVC ou morte ligada a problema no coração de 3,8%, comparada com uma taxa de 4,8% para quem estava tomando um placebo. Morte por qualquer outro motivo entre os pacientes analisados aconteceu em 1,4% dos que estavam tomando a medicação, contra 2,8% dos que tomavam o placebo. Os dados vieram de estudo realizado com 3.183 pacientes. 

Todos os participantes do estudo tinham alto risco de problemas cardiovasculares - pela faixa etária, alguma doença no coração ou nos rins. Eles foram analisados por, em média, 16 meses. "Doenças cardiovasculares são a causa mais comum de incapacidade e morte em pessoas com diabetes do tipo 2", diz Mansoor Husain, médico do Toronto General Hospital Reserch Institute, do Canadá, que liderou o estudo. "O estudo demonstra que a semaglutida oral não aumenta o risco de eventos cardiovasculares adversos, ao mesmo tempo que fornece mais evidência para o perfil cardiovascular geral da semaglutida".

A taxa de ataque cardíaco não fatal foi de 2,3% para pacientes com a semaglutida oral, contra 1,9% para os com placebo. A taxa de acidente vascular cerebral não fatal foi de 0,8% para quem tomava o medicamneto, frente a 1% com o placebo. A probabilidade de morte por qualquer causa cardiovascular foi de 0,9% para a semaglutida, contra 1,9% para o placebo. 

A semaglutida, que estimula a produção de insulina, já é comercializada em uma versão injetável subcutânea, que chegou ao mercado brasileiro em maio. A versão oral permitiria ao paciente tomar o mesmo medicamento através de uma pílula. A segurança da versão oral é consistente com a da subcutânea, mostra o estudo.

O dinamarquês Mads Krogsgaard Thomsen, vice-presidente executivo e chefe do Departamento de Ciência da Novo Nordisk, afirmou que os estudos são muito positivos e mostrou esperança para o futuro do tratamento oral contra a diabetes. "(Com as injeções) as pessoas se sentem estigmatizadas", afirmou. 

O principal efeito adverso encontrado foram náuseas. Entre o grupo de pacientes com semaglutida, a taxa de desistência durante o tratamento foi maior do que os que estavam com placebo - 11,6% deixaram os testes, contra 6,5%. Esse já é um efeito colateral conhecido para medicamentos do mesmo tipo.

Nos EUA, o medicamento está em fase de aprovação desde março. A expectativa da farmacêutica é que ainda este ano seja liberada por lá - para o Brasil, a data estimada é no segundo semestre de 2021. 

* A jornalista viajou a convite do Novo Nordisk