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Carol Neves
Publicado em 1 de setembro de 2021 às 08:23
- Atualizado há 2 anos
Depois de passar cerca de 3 horas preso em um supermercado na Avenida Bonocô, o baiano Carlos Santana conseguiu sair da unidade por volta de 1h30 desta quarta-feira (1º). Ele precisou aguardar a chegada de um supervisor da unidade para que o Maxxi Atacado fosse aberto. A Polícia Militar, que ele tentou chamar sem sucesso pelo telefone, até parou lá, após dois amigos acionarem uma viatura, mas afirmou que não podia fazer nada.>
"A PM foi dar apoio a dois amigos meus, para ver se conseguia resolver. Falaram que ia ver se mandava viatura (quando liguei), não mandou. A viatura que parou foi porque um casal de amigos meus parou na rua. Se fosse caso de roubo, num instante teria como entrar e me tirar lá de dentro. Como não era roubo, disse que não tinha como", diz Carlos.>
Ele diz que só foi liberado do mercado depois que o assunto foi publicado pelo CORREIO e, com a repercussão do caso, a história se propagou. "Depois das postagens, a supervisora, alguma superiora lá de São Paulo, entrou em contato com o encarregado daqui da Bahia para alguém ir lá me tirar", relata. Um funcionário do mercado chegou na madrugada, de bermuda e chinelo de dedo, para 'resgatar' Carlos.>
Carlos diz que foi uma das situações mais angustiantes que ele já viveu, temperada com o temor de ser confundido com um ladrão. "Já tenho a pele mais escura, né? Eu rodando dentro daquele supermercado, porque quando eu desci as luzes estavam acesas. Ai pensei: daqui a pouco aciona o alarme aqui, daqui que eu explique que sou cliente, eles acreditarem, já tomei um tiro. Aí veio medo", conta.>
Apesar do medo, ele calculou que a melhor maneira de chamar atenção seria realmente fazendo o alarme acionar, mas nem isso ajudou. "Pensei: 'Eles vão chegar, vou levantar os braços, mostrar logo a nota fiscal para provar que não era ladrão'. Acionei o alarme umas cinco vezes", diz. Ninguém apareceu nem assim. "Foi muito medo e constrangimento".>
Após uma noite mal dormida, Carlos ainda contabiliza os prejuízos. "Algumas mercadorias descongelaram total", lamenta. >
Em nota, o Maxxi Atacado lamentou o ocorrido e diz que a situação não condiz com seus procedimentos internos. "O Maxxi Atacado esclarece que irá reforçar seu sistema e o efetivo de segurança da unidade Bonocô", acrescenta.>
Compra grande e portão fechado Ele conta que foi para o mercado fazer uma compra grande e, por isso, demorou bastante tempo. Chegou à unidade por volta das 19h30, gastou quase R$ 1,8 mil.>
Ele demorou na fila - diz que a compra foi registrada às 21h33 - e guardando os produtos. "Como o saco lá é comprado, eu pego as caixas que eles deixam lá. Só que estavam muito danificadas. Eu já levo uma fita adesiva para ir lacrando as caixas", conta.>
A unidade fecha às 21h, mas permite que os clientes que estão dentro concluam as compras, podendo ficar um pouco mais no local. "Quando o cliente está lá dentro eles aguardam. Eles falam que está chegando a hora de fechar, eles falam para adiantar. Foi o que fiz. 21h eu tava na fila do caixa. Eu saí 21h33. Peguei a mercadoria e fui botando no carro", diz. Quando foi sair, encontrou os portões fechados.>
"Foi um momento horrível, que eu só pensava o pior. Até para fazer xixi tive que pegar duas garrafinhas de água, esvaziar e usar. começou a dar vontade de ir ao banheiro. Recolhi o carro, botei uma vaga, deitei o carro e fiquei lá", relembra. >
Depois, ele conseguiu que os dois amigos fossem até o mercado e eles ficaram conversando. Quando o funcionário chegou para liberá-lo, ouviu um "me desculpe". >
Apesar do cansaço, ele até dá algumas risadas ao contar a história. Quando ligou para a mulher para contar que estava preso em um supermercado, ela desconfiou da história, pensando que poderia ser um "zig" do marido. "Achou estranho, né? Que história é essa de mercado? Eu liguei logo, até porque ela estava me esperando", diz ele.>