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Da Redação
Publicado em 6 de julho de 2022 às 21:48
Após passar um ano com um prego no pulmão, um menino de 3 anos, natural de Canavieiras, no sul baiano, morreu após ter o órgão perfurado. Os pais levaram a criança, identificada como Cauan Araújo Conceição, ao Hospital Municipal Regis Pacheco, localizado da cidade, várias vezes, mas só descobriram o material no corpo do menino quando resolveram fazer um exame particular. O menino faleceu no dia 1° deste mês. >
Os pais, Clarisse Araújo e Cosme Conceição, contaram à TV Santa Cruz que perceberam em junho de 2021 que o filho teria engolido um objeto, mas não conseguiram identificar o que era. Foi quando o pai decidiu levar a criança até o hospital municipal. “Naquela noite, eu senti que ele estava engasgado, saiu até sangue da boquinha dele. Aí, imediatamente, eu levei para o hospital, na mesma noite. Chegando lá, o médico olhou e falou que não tinha nada na garganta da criança. Aí a gente voltou”, contou Cosme.>
Depois que o menino foi levado a primeira vez no hospital, os sintomas não desapareceram e Cauan continuou sendo levado ao mesmo local para passar por novos exames, mas os médicos receitavam medicamentos que driblavam somente a dor. >
Segundo a TV Santa Cruz, a penúltima entrada do garoto no hospital da cidade foi no dia 27 de junho. A médica que o atendeu informou à família que Cauan estava com sintomas de asma, receitou medicamentos, uma nebulização e liberou a criança. Sem melhoras no quadro de saúde do menino, os pais resolveram pagar por um exame de raio-x particular, quando viram o objeto no pulmão e voltam ao hospital público municipal. >
“Aí chegou lá, deram medicamento a ele e mandou ficar na espera de alguma regulação para ser transferido. Aí ele foi transferido para Salvador”, disse a mãe de Cauan.>
Em seguida, Cauan foi levado ao Hospital Geral do Estado (HGE), em Salvador, e passou por uma cirurgia para retirar o prego, que já tinha perfurado os dois pulmões. Ele chegou a ficar internado dois dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu. A causa da morte foi identificada no laudo médico como broncopneumonia.>
Os pais da criança afirmam que ele morreu por conta da negligência nos atendimentos médicos no Hospital Municipal de Canavieiras. “Nunca me deram o pedido para eu correr atrás. Mesmo que eles não pudessem fazer no hospital, me davam pelo menos o pedido para eu cuidar de meu filho em uma clínica particular. Sempre só medicamento, nunca teve solicitação de exame nenhum”, declarou Clarice.>
Cosme pontuou que se os profissionais do hospital tivessem identificado de início o prego, talvez o garoto tivesse sobrevivido. "Meu filho era uma parte de mim. É doído a pessoa perder um filho. Eu quero justiça para que não aconteça mais isso, para que não aconteça com outras crianças”, finaliza. >
Procurada pelo CORREIO, a Secretaria Municipal de Saúde de Canavieiras informou que está tomando todas as medidas cabíveis para a apuração dos fatos, desde a entrada da criança no Hospital Municipal Regis Pacheco até o seu encaminhamento para o HGE.>
Além disso, a pasta ressaltou que foi aberta uma Comissão de Sindicância para investigação administrativa dos fatos e que a Comissão de Investigação de Óbitos Infantil e Fetal do Município também já iniciou os seus trabalhos, a fim de identificar a causa do óbito precoce e as recomendações para torna-la evitável, baseado na garantia ao acesso em tempo oportuno a serviços qualificados de saúde.>
"Oportunamente, reforçamos que a responsabilidade e o compromisso dos serviços de saúde sobre a população devem fazer parte do cotidiano dos serviços de saúde em nosso município, com o propósito de se identificar os problemas, as estratégias e medidas de prevenção de outros óbitos. Corroboramos o esforço na qualidade das informações e incorporação da avaliação dos serviços de saúde para melhoria da assistência, ao tempo que nos solidarizamos, mais uma vez, com toda a família, e nos colocamos à disposição para quaisquer esclarecimentos", diz o comunicado da prefeitura. >