Mensagens racistas provocam protestos em cidade mineira: 'Odeio preto, tenho nojo'

Casa de suspeita foi apedrejada; polícia investiga o caso

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  • Da Redação

Publicado em 9 de março de 2021 às 11:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

Uma série de prints mostrando uma conversa de WhatsApp marcada por ódio e racismo provocou a revolta de moradores da cidade de Campo Belo, em Minas Gerais, na última semana. Uma multidão chegou a se reunir em frente a casa de uma suspeita para protestar.

Vídeos do protesto, registrados na última quinta-feira (4), circulam nas redes sociais. É possível escutar gritos chamando a dona do imóvel de "racista", assim como uma salva de palmas enquanto uma viatura da Polícia Militar de Minas Gerais deixava o local, conduzindo a autora das mensagens, de 62 anos, para a delegacia.

O jornal Extra divulgou as mensagens com teor racista compartilhadas pela suspeita no WhatsApp. Ela chegou a afirmar que tem "nojo" de pessoas pretas.

"Eu odeio preto, tenho nojo", afirma num dos áudios, em meio a mensagens por escrito, em que diz: "Ela acha que eu vou querer esse macaco dela, tá com ciúme desse tição. Quero nem pra escravo, que nojo", seguido por "Eu mudei, morar em em bairro de preto tem como não. Não gosto dessa cor de bosta de jeito nenhum (sic)", escreveu mais adiante na conversa. "Já viu a cor daquela macacada? Cor de bosta. Pensa num lugar que tem neguinha fedendo bunda. Umas neguinha da bunda fedorenta credo que nojo (sic)", completou.

Em outro áudio, afirma: "esse tipinho só dá trabalho, cor de bosta", seguido por "Deus me livre desse bicho, desse urubu".

A mulher conta, ainda, já ter sido processada por injúria racial, mas se gabou por não ter sido penalizada. "Não gosto de preto, você acredita? Fui processada por injúria racial, fui processada e não deu bosta nenhuma", comenta.

Polícia investiga Em contato com o Extra, o delegado Alessandro Gambogi, responsável pela investigação, revelou que a própria suspeita teria acionado a polícia militar, alegando que os manifestantes teriam tentado invadir sua residência.

De acordo com a PM, havia cerca de 100 pessoas na manifestação da última quinta-feira, que resultou em alguns vidros de janela quebrados por pedras jogadas na casa da suspeita. Ela própria teria sido atingida por algumas, na perna e na cabeça.

Aos militares, a autora relatou que havia conhecido um homem a quem enviou as referidas mensagens estando sob efeito de medicação controlada. Ela alegou ter sido "induzida por ele" a gravar as ofensas.

Na delegacia, a mulher confessou a autoria dos áudios e textos, datados de 1º de março,. Um inquério policial foi aberto para apurar o caso, que envolve ainda o interloculor com quem ela conversava. Gambogi informou que o destinatário ainda não foi identificado, mas as investigações estão avançadas.