Mentor espiritual foi afastado da Arte de Viver após denúncia de assédio, diz jornal

Há denúncia contra ele em São Paulo e no Uruguai; um instrutor foi denunciado em BH

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  • Da Redação

Publicado em 25 de julho de 2022 às 15:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

Pelo menos duas brasileiras denunciam casos de assédio dentro da ONG Arte de Viver, instituição indiana com sede em mais de 156 países. Na última semana, o influencer Adalberto Neto foi expulso de um evento no Rio de Janeiro ao questionar o guru Ravi Shankar, em visita ao Brasil, sobre os casos, que incluem também denúncias de outros países.

Ao jornal O Globo, uma brasileira de São Paulo conta que foi vítima de abuso de um líder religioso que chegou a ser representante da ONG em toda América Latina. A situação levou a uma queixa registrada na Promotoria de Justiça Criminal de Santo Amaro. O jornal ainda ouviu uma uruguaia que acusa o mesmo líder religioso de abuso. A segunda brasileira ouvida acusa um instrutor que deu aulas em Belo Horizonte, onde ela morava.

No caso de São Paulo, a polícia investiga sob sigilo o indiano Swami Paramtej, cujo nome de nascimento é Pankaj Gupta, ex-mentor espiritual da ONG na América Latina. "Swami" é um título para os que escolhem viver em celibato e o indiano era considerado um homem de confiança de Ravi Shankar, fundador da entidade.

A brasileira conta que Paramtej a tocou sem sua autorização em 2017, quando ela era encarregada de preparar uma vestimenta e servir chá para ele antes das aulas de meditação. Questionado por ela, ele alegou que não era um ato sexual, mas "um ensinamento". O episódio aconteceu quando ele a chamou para sentar ao lado dele na cama. A mulher frequentou a ONG por mais de 10 anos.

Paramtej também é denunciado por uma uruguaia, segundo O Globo. Ele visitava o país da vítima quando pediu que ela fizesse uma massagem nele e tentou mudar o canal de TV para um filme de sexo explícito, no que foi impedido por ela. O caso foi em 2012, mas ela diz que só conseguiu denunciar em março, após fazer terapia e entender melhor o episódio. 

Ao jornal, Paramtej disse que foi expulso da Arte de Viver e não quis comentar as acusações recebidas. 

A segunda brasileira que diz ter sofrido abuso contou ao jornal que levou o caso à direção na época. Ela diz que um instrutor de 30 anos que deu aulas em Belo Horizonte a obrigou a dormir no quarto dele na véspera de um evento e a estuprou. "Ele tomou o banho e deitou ao meu lado e passou a me abraçar e a tocar meu corpo. Me beijou algumas vezes e colocou a mão entre as minhas pernas, e eu tirava e falava que não. Até que parei de tentar segurar e me deixei levar. Ele me penetrou", contou ao jornal.

Coordenadora na América Latina, Beatriz Goyoaga disse que são quatro queixas em toda a América Latina, sem denúncia criminal. Dois suspeitos citados foram afastados e os "afetados" recebem apoio da instituição, diz.