Meses após ficar em coma por agressões, manicure é morta a facadas pelo ex 

Autor do feminicídio não se conformava com fim da relação; vítima deixa dois filhos

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  • Nilson Marinho

Publicado em 3 de setembro de 2018 às 14:19

- Atualizado há um ano

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Márcia e Ricardo tinham dois filhos; ele foi preso após invadir casa da ex e esfaqueá-la até a morte (Foto: Reprodução) A manicure Márcia Silva do Nascimento, 29 anos, foi assassinada com golpes de faca na tarde deste domingo (2), no Jardim Santo Inácio, em Salvador, depois de ter sua casa invadida pelo ex-companheiro. O crime aconteceu no bloco B, caminho 2, nas proximidades do final de linha do bairro.

De acordo com vizinhos, a vítima estava em sua residência – que fica em um prédio de quatro andares –, quando o ex-marido Ricardo Oliveira Conceição, 36, acessou a residência depois de arrombar o portão e pular umas das janelas. 

De acordo com familiares do agressor, Ricardo estava inconformado com o fim do relacionamento de cinco anos. Havia uma semana que ele estava em liberdade depois de responder por 9 meses pelas graves agressões à ex-companheira.

De acordo com a assessoria da Polícia Civil, Márcia não convivia com Ricardo desde quando ele foi preso e autuado por violência doméstica e lesão corporal contra ela, registrado na Delegacia Especial de Atendimento à Mulher (Deam), de Brotas, em outubro de 2017. 

Coma À época da prisão, a manicure foi espancada ao ponto de entrar em estado de coma depois de ser socorrida para o Hospital Geral do Estado (HGE).

No início do mês passado, o autor do feminicídio foi colocado em liberdade por decisão judicial. 

Ricardo já responde em cinco inquéritos relativos a furto, tráfico de drogas, roubo, receptação, além dos crimes registrados na Deam/Brotas.

O casal tinha dois filhos, uma criança de 4 anos e outra de 5. Os dois pequenos não presenciaram o crime porque estavam na casa da avó materna, que fica no bairro de Itacaranha. Segundo a polícia, as crianças eram registradas por Ricardo, mas ele sempre contestou a paternidade.

Como uma filha Para a mãe de Ricardo, nada justifica a atitude do filho. Ela conta que tratava a nora como uma filha. As duas se encontraram no domingo pela manhã, na rua da casa da vítima, por volta das 11h. Durante o encontro, a sogra aconselhou Márcia a sair de casa e procurar ajuda. 

"Eu sabia o que iria acontecer. Eu sou mãe, eu sinto. Nada justifica alguém tirar a vida de outra dessa maneira tão brutal que o meu filho tirou. Das outras vezes, eu pude fazer alguma coisa, mas, dessa, não pude acudir minha nora", desabafa a mãe de Ricardo, a ambulante Edna Oliveira, 59. 

Ela conta ainda que o filho tinha um comportamento violento, sobretudo quando estava sob efeito de drogas. O agressor é usuário desde a adolescência e, no dia do crime, garante a mãe, teria passado três dias 'cheirando' cocaína. 

Uma das coisas que levou o filho a cometer o crime, acredita Edna, foi uma suposta traição. "O homem trai, mas não quer ser traído. A vida dos dois era um jogo de inferno. Um se vingava do outro", comentou. 

Márcia voltou para o ex-companheiro há cerca de um mês, logo após ele sair do presídio. Eles moravam na residência onde aconteceu o crime havia uma semana.

"Quando ela veio na minha porta dizer que amava meu filho e que estava voltando, eu disse: 'você é uma louca. Sofreu tanto na mão dele. Quem ama não bate, Márcia", completou a mãe do feminicida. 

De acordo com a PM, após cometer o crime, Ricardo foi detido por policiais da 48ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM/Sussuarana). 

Ele foi autuado em flagrante por feminicídio na 2ª Delegacia de Homicídios Central (2ª DH/Central), do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). O corpo da vítima permanecia, no início da tarde desta segunda (3), no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) esperando a liberação dos familiares. Lá, a manicure chegou como "identidade ignorada".

Veja onde buscar ajuda em casos de violência doméstica:Cedap (Centro Estadual Especializado em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa) – Atendimento médico, odontológico, farmacêutico e psicossocial a pessoas vivendo com HIV/AIDS. Endereço: Rua Comendador José Alves Ferreira, nº240 – Fazenda Garcia. Telefone: 3116-8888.  Cedeca (Centro de Defesa da Criança e do Adolescente Yves de Roussan) – Oferece atendimento jurídico e psicossocial a crianças e adolescentes vítimas de violência. Endereço: Rua Gregório de Matos, nº 51, 2º andar – Pelourinho. Telefone: 3321-1543/5196.  Cras (Centro de Referência de Assistência Social) – Atende famílias em situação de vulnerabilidade social. Telefone: 3115-9917 (Coordenação estadual) e 3202-2300 (Coordenação municipal)  Creas (Centro de Referência Especializada de Assistência Social) – Atende pessoas em situação de violência ou de violação de direitos. Telefone: 3115-1568 (Coordenação Estadual) e 3176-4754 (Coordenação Municipal)  Creasi (Centro de Referência Estadual de Atenção à Saúde do Idoso) – Oferece atendimento psicoterapêutico e de reabilitação a idosos. Endereço: Avenida ACM, s/n, Centro de Atenção à Saúde (Cas), Edifício Professor Doutor José Maria de Magalhães Neto – Iguatemi. Telefone: 3270-5730/5750.  CRLV (Centro de Referência Loreta Valadares) – Promove atenção à mulher em situação de violenta, com atendimento jurídico, psicológico e social. Endereço: Praça Almirante Coelho Neto, nº1 – Barris, em frente a Delegacia do Idoso. Telefone: 3235-4268.  Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) – Em Salvador, são duas: uma em Brotas, outra em Periperi. São delegacias que recebem denúncias de violência contra a mulher, a partir da Lei Marinha da Penha.  Deam Brotas – Rua Padre José Filgueiras, s/n – Engenho Velho de Brotas. Telefone: 3116-7000.  Deam Periperi – Rua Doutor José de Almeida, Praça do Sol, s/n – Periperi. Telefone: 3117-8217.  Deati (Delegacia Especializada no Atendimento ao Idoso) – Responsável por apurar denúncias de violência contra pessoas idosas. Endereço: Rua do Salete, nº 19 – Barris. Telefone: 3117-6080.  Derca (Delegacia de Repressão a Crimes Contra a Criança e o Adolescente) Endereço: Rua Agripino Dórea, nº26 – Pitangueiras de Brotas. Telefone: 3116-2153.  Delegacias Territoriais – São as delegacias de cada Área Integrada de Segurança Pública. Segundo a Polícia Civil, os estupros que não são cometidos em contextos domésticos devem ser registrados nessas unidades. Em Salvador, existem 16 (http://www.policiacivil.ba.gov.br/capital.html).  Disque Denúncia – Serviços de denúncia que funcionam 24 horas por dia. No caso de crianças e adolescentes, o Departamento de Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos oferece o Disque 100. Já as mulheres são atendidas pelo Disque 180, da Secretaria de Políticas Para Mulheres da Presidência da República. Fundação Cidade Mãe – Órgão municipal, presta assistência a crianças em situação de risco. Endereço: Rua Prof. Aloísio de Carvalho – Engenho Velho de Brotas.  Gedem (Grupo de Atuação Especial em Defesa da Mulher do Ministério Público do Estado da Bahia) – Atua na proteção e na defesa dos direitos das mulheres em situação de violência doméstica, familiar e de gênero. Endereço: Avenida Joana Angélica, nº 1312, sala 309 – Nazaré. Telefone: 3103-6407/6406/6424.  Iperba (Instituto de Perinatologia da Bahia) – Maternidade localizada em Salvador que é referência no serviço de aborto legal no estado. Endereço: Rua Teixeira Barros, nº 72 – Brotas. Telefone: 3116-5215/5216.  Nudem (Núcleo Especializado na Defesa das Mulheres em Situação de Violência Doméstica e Familiar da Defensoria Pública do Estado) – Atendimento especializado para orientação jurídica, interposição e acompanhamento de medidas de proteção à mulher. Endereço: Rua Pedro Lessa, nº123 – Canela. Telefone: 3117-6935.  Secretaria Estadual de Políticas Para Mulheres Endereço: Alameda dos Eucaliptos, nº 137 – Caminho das Árvores. Telefone: 3117-2815/2816.  SPM (Superintendência Especial de Políticas para as Mulheres de Salvador) – Endereço: Avenida Sete de Setembro, Edifício Adolpho Basbaum, nº 202, 4º andar, Ladeira de São Bento. Telefone: 2108-7300.  Serviço Viver – Serviço de atenção a pessoas em situação de violência sexual. Oferece atendimento social, médico, psicológico e acompanhamento jurídico às vítimas de violência sexual e às famílias. Endereço: Avenida Centenário, s/n, térreo do prédio do Instituto Médico Legal (IML) Telefone: 3117-6700.  1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar – Unidade judiciária especializada no julgamento dos processos envolvendo situações de violência doméstica e familiar contra a mulher, de acordo com a Lei Maria da Penha. Endereço: Rua Conselheiro Spínola, nº 77 – Barris. Telefone: 3328-1195/3329-5038. *Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier.