Mesmo liberadas, escolas de idiomas adiam retorno das atividades presenciais

Centros de línguas preferem continuar somente com aulas virtuais

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  • Marcela Vilar

Publicado em 9 de setembro de 2020 às 05:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O prefeito de Salvador ACM Neto autorizou, na última sexta-feira (4), a retomada das atividades presenciais dos cursos livres na capital baiana - como os técnicos e de idiomas - sob a condição de um rígido protocolo sanitário e de higiene. Contudo, as escolas de línguas estrangeiras preferiram não voltar às aulas presenciais por não verem vantagem no custo-benefício.

Os motivos principais são as limitações impostas pelo protocolo municipal, que não permitiu que os menores de 15 anos voltassem a frequentar as atividades - faixa etária significativa entre os matriculados. O horário de funcionamento também foi reduzido - de segunda a sábado, de 10h às 19h -  assim como o espaçamento de 1,5 m entre as cadeiras. A carga horária não pode ultrapassar 4h semanais por aluno e o número de estudantes deve ser de até 50% da capacidade da sala de aula. 

O sócio-diretor do CCAA, Federico Manchado, explica que as unidades não retornaram os cursos presenciais porque pelo menos 60% dos alunos são crianças e adolescentes com menos de 15 anos. “A gente não iniciou as aulas porque a faixa etária restringe muito o quadro de alunos que a gente tem. Alguns professores também são do grupo de risco. Não é prematuro o retorno, mas é difícil”, esclarece Manchado.

Desde março, as aulas têm sido on-line, com aceitação de cerca de 85% dos alunos. Os que não quiseram frequentar as classes virtuais tiveram a opção de ter o dinheiro da matrícula de volta ou gerar um crédito para cursar o próximo semestre.

A Aliança Francesa prefere esperar até os novos casos e óbitos pela covid-19 decrescerem mais um pouco, para que a capacidade da sala seja ampliada. “Com o distanciamento das cadeiras não tem como fechar turma de forma interessante financeiramente”, argumentou o diretor da rede, Mamadou Gaye. Todos os cursos também vêm sendo realizados de forma on-line durante a pandemia. 

Outro problema levantado pelas escolas de idiomas é a adaptação aos protocolos. “A prefeitura fez o decreto e temos que fazer tudo que eles estão pedindo para não ter risco de interditar. Pelo menos nesse semestre não acredito que tenha tempo hábil para fazer essas coisas”, afirma Lecy Sampaio, funcionária do grupo Caballeros de Santiago, que fica no bairro do Rio Vermelho. A previsão é que as aulas presenciais retomem somente no próximo ano. Por enquanto, só pelo Skype. 

Osvaldo Pita, presidente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino Livre da Bahia (Sindelivre-BA), afirma que a causa principal para o adiamento do retorno das aulas presenciais é, de fato, as crianças não poderem frequentá-las. 

“Os cursos de idioma não estão querendo retomar porque tem muitas crianças e só vão querer, provavelmente, quando voltarem as escolas. Mas os cursos de formação profissional, como para mecânimo, bombeiro, corte e costura, estão pedindo há muito tempo para retornar, porque são, de modo geral, pessoas mais adultas e turmas mais reduzidas”, pontuou Pita.

O Goethe Institut, o ACBEU e o NUPEL também optaram por permanecer somente com as atividades virtuais nesse primeiro momento. 

 A retomada desses cursos foi autorizada desde a segunda-feira (7) e faz parte da fase três de retomada das atividades em Salvador, iniciada de maneira parcial no último dia 29, com a abertura dos clubes para práticas esportivas. 

*Sob orientação da subeditora Clarissa Pacheco