'Meu coração está esfacelado', diz pai de estudante de Direito espancado em Ondina

Cayan está desacordado ao ser agredido após festa que transmitia jogo do Brasil

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  • Bruno Wendel

Publicado em 3 de julho de 2019 às 15:08

- Atualizado há um ano

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Pai de Cayan divulgou imagem do jovem em hospital e fez apelo: 'Espero que possa ser feita justiça' (Foto: Reprodução) O estudante de Direito e aluno do Núcleo Preparatório Oficiais da Reserva do Exército (NPOR) Cayan Lima Silva Santana, 19 anos, está internado após ter sido agredido com chutes na cabeça quando saía de uma festa na Área Verde do Othon, em Ondina, na madrugada desta quarta-feira (3).

Cayan, que está desacordado desde o momento do espancamento, foi socorrido para a UTI do Hospital Geral do Estado (HGE) e, na manhã desta quarta, foi transferido com fraturas no crânio para a unidade semi-intensiva do Hospital do Exército.“Não tenho condições de falar sobre o atual estado de saúde dele, mas, por enquanto, ele está inconsciente, sem a mínima condição de saber o que acontecendo”, declarou o pai, o advogado Ary Santana, logo após deixar a sala da delegada, por volto do meio-dia. Ary é também conselheiro da Ordens Ordem dos Advogados do Brasil na Bahia (OAB-BA) e integrante do Tribunal de Ética e Disciplina da Seccional. Ele tornou pública a agressão nas redes sociais e divulgou fotos do filho hospitalizado e um vídeo onde ele aparece recebendo socorro. Segundo ele, o filho foi agredido pouco depois de meia-noite. No local acontecia a primeira edição da Hype – festa que mistura música eletrônica, funk e pagode – e havia transmissão do jogo do Brasil contra a Argentina, pela Copa América. 

“Meu filho estava na Área Verde do Othon com outros colegas, aparentemente em condição de diversão. Houve uma discussão e, por ter um caráter apaziguador, separou o amigo de um dos agressores. Ao sair, na área externa do Othon, foi abruptamente atacado. Foram para cima dele. Não houve agressão, e sim uma tentativa de homicídio. Meu filho tentou outra vez separar o amigo dos dois rapazes que iniciaram a discussão dentro do Othon e sofreu um soco, ficou desmaiando. Aqueles indivíduos pisotearam a cabeça do meu filho, chutaram a cabeça dele. Eles são criminosos e merecem pagar pelos seus atos”, declarou Ary. 

Os nomes dos dois suspeitos já foram fornecidos à delegada Lúcia Maria Jansen, titular da 7ª Delegacia (Rio Vermelho), responsável pela investigação do caso.  “Os agressores, segundo relatos das testemunhas, amigas e não amigos de meu filho, foram dois indivíduos. São uns verdadeiros animais, uns carnívoros”, desabafou o pai de Cayan. A polícia não confirma quantos foram os suspeitos de envolvimento na agressão e as identidades.

Assim que soube do episódio, o advogado, que mora em Jequié, no sudoeste baiano, veio às pressas para Salvador.“Meu coração está esfacelado. Tive a notícia por volta 0h30, tive que vir à capital, dirigi a madrugada inteira, não dormi. Não tive coragem de ver meu filho ainda, a mãe está lá com ele. Espero que possa ser feita justiça. Acredito na Justiça, trabalho com a Justiça e, acima de tudo, defendo o estado democrático de direito e defendo a liberdade”, declarou o pai de Cayan.Ele disse ainda que acredita na punição dos acusados. “A prioridade nossa é meu filho se reestabelecer, ter uma plena recuperação, mas que as autoridades competentes possam apurar o caso, pois se não fosse a intervenção de terceiros, Cayan estaria certamente no IML (Instituto Médico Legal) desta capital”, declarou. 

Investigação Apesar da movimentação da imprensa na entrada da delegacia, a delegada Lúcia Maria Jansen informou que, por enquanto, não daria entrevistas. No entanto, o advogado da família de Cayan, Kaio Abreu, falou sobre a investigação. “Viemos relatar o fato às autoridades, que estão empenhadas na situação. Como já temos a identificação dos supostos autores, estamos tralhamos com a hipótese de homicídio tentado, uma vez que Cayan estava desacordado no chão e recebeu os golpes na cabeça”, disse. 

Ainda de acordo com o advogado, imagens de câmeras poderão ajudar no trabalho dos policiais e já foram solicitadas pela Polícia Civil. "Há câmeras na região. Já identificamos duas delas e passamos para a delegada, que irá fazer ofício solicitando as imagens", completou.

De acordo com Kaio, as testemunhas e os acusados de agressão prestarão depoimento durante esta semana.