Miliciano Adriano da Nóbrega vivia na Bahia sem disfarces

Mesmo foragido, ele participou de competições de vaquejada usando o próprio nome, diz reportagem da Folha

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  • Da Redação

Publicado em 15 de fevereiro de 2020 às 14:37

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução

O miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, 43 anos, morto numa operação policial no dia 9 de fevereiro, em Esplanada, no Nordeste da Bahia, vivia no estado sem disfarces. Reportagem publicada pelo jornal Folha de S. Paulo neste sábado (15) aponta que Adriano circulava por festas e vaquejadas em praias da Bahia e de Sergipe e se identificada como 'Capitão Adriano', a mesma alcunha que usava no Rio de Janeiro.

Segundo a reportagem, Adriano chegou a participar de competições de vaquejada nas cidades de Serrinha e Inhambupe - na Bahia - e em Lagarto e Itabaiana - em Sergipe.

No dia 17 de janeiro do ano passado, poucos dias antes de ser considerado foragido da Justiça do Rio, Adriano competiu e ficou em quarto lugar em provas disputadas na categoria amador, junto com o parceiro Leandro Guimarães, o mesmo fazendeiro que lhe deu abrigo e foi preso no mesmo dia da morte de Adriano. Os registros da competição constam na Associação Brasileira de Quarto de Milha.

Ainda de acordo com a reportagem da Folha, o ex-tenente do Bope do Rio de Janeiro costumava fazer viagens do Rio para a Bahia de carro, em que era acompanhado de um caminhão com quatro cavalos, avaliados em R$ 40 mil, cada.

Testemunhas afirmam que o objetivo de Adriano era montar um haras no litoral norte. A polícia investiga se essa também era uma forma de lavar dinheiro ou de formar uma nova célula da milícia no Nordeste. 

O miliciano se fixou na Bahia em setembro de 2019, diz a reportagem. Primeiro, alugou uma casa num condomínio de luxo em Costa do Sauípe - mesmo enderenço onde, no dia 1º de fevereiro deste ano, conseguiu escapar de uma operação da polícia para prendê-lo.

Intocáveis No ano passado, o nome de Adriano da Nóbrega foi parar entre os alvos da Operação Intocáveis, cuja primeira fase foi deflagrada em janeiro do ano passado, no Rio de Janeiro. A segunda fase aconteceu mais de um ano depois, no dia 30 de janeiro de 2020, e prendeu 33 pessoas.

Desde a primeira fase, porém, é considerado foragido. Sua defesa chegou a impetrar um habeas corpus, mas o pedido foi negado por unanimidade pelos desembargadores da Quarta Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro no dia 21 de janeiro. 

Adriano era apontado como um dos chefes do Escritório do Crime, uma das maiores milícias cariocas, fundada na comunidade do Rio das Pedras, na Zona Oeste da cidade. Conhecido entre os milicianos como Capitão Adriano ou Gordinho, ele nunca chegou a ser capitão, de acordo com a assessoria da Secretaria de Estado de Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ele também é citado no inquérito sobre o esquema de rachadinha no gabinete do ex-deputado estadual pelo Rio de Janeiro, hoje senador, Flávio Bolsonaro.

Ele serviu no Bope entre 2000 e 2002 como tenente. Quando foi demitido da corporação, em 2014, durante uma operação contra milícias no estado, ainda era tenente.