Militares pressionam Abin para esconder número real de mortos por covid-19, diz jornal

Nomeados por Bolsonaro ao Ministério da Saúde planejam fazer truque contábil para 'maquiar' dados

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  • Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2020 às 10:12

- Atualizado há um ano

. Crédito: Agência Brasil

Os militares nomeados por Jair Bolsonaro ao Ministério da Saúde, liderados por Eduardo Pazuello, estão adotando a mesma estratégia de Venezuela e Coréia do Norte no combate ao coronavírus: esconder os dados reais do público.

Segundo o jornal Valor Econômico, até a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que produz relatórios internos para informar o presidente, tem sido pressionada para maquiar dados e esconder o número real de mortos da pandemia.

Para abaixar ainda mais os números brasileiros, estratégia pode ser aprimorada nos próximos dias após sugestões de Luciano Hang, dono da loja de departamento Havan. O empresário enviou aos militares um vídeo onde aparece ao lado do deputado Osmar Terra (MDB-RS) dizendo que irá mostrar "o que há por trás do número de mortes da covid-19". 

Hang exibe, então, uma gráfico com dados de cartórios mostrando uma curva em queda. Assim, defende que o governo passe a publicar apenas as mortes confirmadas no mesmo dia. Segundo funcionários da Saúde, no entanto, a curva mostrada por Hang é descendente “porque os dados de mortes recentes são muito preliminares”.

Hoje, os números exibidos contêm as mortes registradas no mesmo dia e os óbitos confirmados naquela data, mas que ocorreram anteriormente e estavam sob investigação. Funcionários relatam que o coronel Elcio Franco Filho, secretário-executivo da pasta, tem insistido para que passem a ser divulgadas apenas as mortes ocorridas e confirmadas no mesmo dia.

Divergências A nova “metodologia” já pode ter sido colocada em prática neste domingo (7), quando houve divergência nos dados divulgados pelo Ministério da Saúde.

Por volta de 20h30, o Ministério da Saúde divulgou o primeiro balanço, no qual informava que 1.382 mortes haviam sido registradas nas últimas 24 horas. Uma hora e meia depois, o portal do Ministério com informações referentes a covid-19 informou que o número de óbitos confirmados era de 525. Ou seja, havia uma diferença de 857 vítimas.

Também houve divergências em relação ao número de casos confirmados nas últimas 24 horas. O primeiro número divulgado apontava 12.581 casos. O segundo balanço, por sua vez, indicava 18.912 casos do novo coronavírus.