Militares são suspeitos de fraude em esquema de transferências universitárias

Servidores e alunos da Univasf, em Paulo Afonso, denunciam que policiais e familiares usam lei ex officio para estudar medicina sem passar por seleção

Publicado em 8 de junho de 2021 às 21:51

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Univasf

Policiais militares, familiares e dependentes são investigados pelo Ministério Público Federal por conta de um suposto esquema fraudulento para ingressar no curso de medicina da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) sem passar pela prova de seleção. A denúncia foi realizada por estudantes e servidores da Universidade.

Os suspeitos estariam utilizando a lei ex officio de maneira irregular. Essa legislação dá direito à continuidade dos estudos de militares e, aproveitando essa brecha, eles estariam burlando o sistema para entrar numa universidade pública federal sem prestar o Enem.

O esquema funciona com a pessoa entrando em algum curso de faculdade particular e, depois disso, pedem transferência para Medicina na Univasf. Foram pelo menos 27 casos do tipo registrados desde o segundo semestre de 2017.

De acordo com o MPF, o inquérito está em andamento e a Polícia Militar enviou a lista com o nome dos alunos que foi transferido. O órgão aguarda uma resposta da PM solicitando esclarecimentos sobre cada um dos casos e após receber essas respostas irá analisar as informações e decidir qual procedimento será tomado.

Procurada, a Univasf afirmou que está recebendo um número grande de solicitações para transferências ex officio "observados principalmente nos últimos três anos, observando um padrão dos pedidos que vinculam um número muito alto dos solicitantes coincidentemente correspondem a 90% dos pedidos de policiais militares do Estado da Bahia para o 20º  BPM em Paulo Afonso".

Um estudante do curso, que preferiu não se identificar, alega que as transferências aumentaram o volume de estudantes nos cursos e isso vem atrapalhando a rotina. As turmas de medicina na Univasf são planejadas para receber cerca de 40 alunos, mas, com o volume de transferências, há matérias que chegam a ter 60 discentes. 

Procurada, a Polícia Militar informou que não tem conhecimento das práticas e declarou que a corporação não coaduna com desvios de condutas e realiza a apuração de todas as denúncias realizadas na Corregedoria e Ouvidoria da própria PM.