Ministério recua após fala de Bolsonaro: 'não há intenção de compra de vacinas chinesas'

Jair Bolsonaro falou em traição ao afirmar que vacina chinesa 'não será comprada'

Publicado em 21 de outubro de 2020 às 11:44

- Atualizado há um ano

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Um dia depois de anunciar negociação para adquirir 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac contra a covid-19, o secretário-executivo do Ministério da Saúde, Élcio Franco, afirmou, nesta quarta-feira (21), que "não há intenção de compra de vacinas chinesas".

"Não houve qualquer compromisso com o governo do estado de São Paulo ou seu governador no sentido de aquisição de vacinas contra Covid-19", afirmou Franco. "Tratou-se de um protocolo de intenção entre o Ministério da Saúde e o Instituto Butantan, sem caráter vinculante, grande parceiro do MS na produção de vacinas para o Programa Nacional de Imunizações (PNI)", disse.

Bolsonaro fala em traição e afirma que vacina chinesa 'não será comprada'

"Mais uma iniciativa para tentar proporcionar vacina segura e eficaz para a nossa população, neste caso com uma vacina brasileira, caso fiquem disponíveis antes das outras possibilidades. Não há intenção de compra de vacinas chinesas", completou o secretário.

O anúncio ocorre após a declaração do presidente Jair Bolsonaro de que a vacina contra o novo coronavírus produzida na China "não será comprada" pelo governo brasileiro. A mensagem foi publicada no Facebook, em resposta a um comentário crítico ao anúncio do Ministério da Saúde de que tem a intenção de adquirir 46 milhões de doses da vacina da farmacêutica chinesa que será produzida pelo Instituto Butantan, de São Paulo. "Presidente, a China é uma ditadura, não compre essa vacina, por favor. Eu só tenho 17 anos e quero ter um futuro, mas sem interferência da Ditadura chinesa", comentou um usuário. O presidente respondeu: "NÃO SERÁ COMPRADA", em caixa alta. Outra usuária que disse para o presidente exonerar o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, "urgente" porque ele estaria sendo cabo eleitoral do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), Bolsonaro respondeu que "tudo será esclarecido hoje". "NÃO COMPRAREMOS A VACINA DA CHINA", voltou a dizer em caixa alta. Na terça-feira, o Ministério da Saúde assinou um protocolo de intenções para adquirir 46 milhões de doses da Coronavac. O acordo foi fechado durante reunião do ministro Pazuello com governadores. "A vacina do Butantan será a vacina do Brasil", disse Pazuello, ao anunciar o acordo, depois de atritos com o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), ex-aliado. A outro usuário que disse que Pazuello os traiu ao comprar a vacina chinesa e disse que o presidente "se enganou mais uma vez", Bolsonaro afirmou que "qualquer coisa publicada, sem qualquer comprovação, vira TRAIÇÃO".

Depois, o presidente publicou nas redes sociais uma mensagem falando do que chamou de "a vacina chinesa de Joao Doria", afirmando que não vai permitir que o brasileiro seja "cobaia". "Para o meu Governo, qualquer vacina, antes de ser disponibilizada à população, deverá ser COMPROVADA CIENTIFICAMENTE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE e CERTIFICADA PELA ANVISA. - O povo brasileiro NÃO SERÁ COBAIA DE NINGUÉM", escreveu. "Não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem. Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina", concluiu.