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Da Redação
Publicado em 29 de março de 2021 às 12:25
- Atualizado há 2 anos
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, pediu demissão do cargo nesta segunda-feira (29). Segundo o jornal O Globo, a informação foi repassada pelo próprio chanceler a seus subordinados.>
O chanceler brasileiro vinha sofrendo um processo de fritura no cargo, nos últimos dias, após embates com senadores, entre eles a senadora Kátia Abreu. Integrante da chamada ala ideológica do governo de Jair Bolsonaro, o agora ex-chanceler estava no cargo desde o início da atual gestão, em 2019, mas não resistiu à pressão, inclusive do Centrão, que apoia o presidente, em razão da política diplomática durante a pandemia do coronavírus.>
O pedido para deixar o cargo ocorreu após reunião com seu secretariado. O chanceler havia cancelado a agenda oficial desta segunda para conversar com os subordinados. >
Fritura Na semana passada, as críticas à atuação de Araújo no Itamaraty se intensificaram após senadores, durante audiência pública na quarta (24), terem exigido sua saída. O chanceler foi questionado enquanto falava das dificuldades enfrentadas pelo Brasil para a compra de vacinas contra a covid-19.>
A fritura continuou no dia seguinte, quando o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, subiu ainda mais o tom, afirmando que a política externa é falha e precisa de mudanças, porém sem citar Araújo.>
A situação tornou-se insustentável após o gesto obsceno, classificado como racista, feito pelo assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Filipe G. Martins, na mesma sessão de debate da quarta, enquanto Pacheco discursava.>
“Senado não é lugar de brincadeira. Senado é lugar de trabalho. E ali nós estávamos trabalhando, buscando soluções, informações de um ministério que está muito a quem do desejado para o Brasil. Era um trabalho muito sério que estávamos desenvolvendo, e que não pode esse tipo de conduta estar presente num ambiente daquele, mas claro, sem pré-julgamentos e garantindo a ampla defesa”, afirmou o presidente da Casa na quinta (25).>
No mesmo dia, o próprio líder do governo do governo na Câmara, Ricardo Barros, disse que "Ernesto Araújo não tem ambiente" para negociar ajuda internacional ao Brasil para acelerar a chegada de vacinas.>
O comentário ocorreu pouco depois de Araújo se reuniu com o presidente da Câmara dos Deputados, deputado Arthur Lira, fora da agenda, e, em seguida, com Bolsonaro. De acordo com o blog de Andreia Said, no G1, Araújo tentou reverter uma possível demissão no encontro com Lira, pois não tinha mais apoio nem dentro do governo – apenas a ala ideológica, como o assessor Filipe G. Martins e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, gostariam de sua permanência no cargo.>
O encontro com Lira e Bolsonaro ocorreu um dia depois de senadores, durante audiência pública com a participação de Araújo, pedirem que ele deixasse o ministério. Ele respondeu aos congressistas que dorme "com a consciência tranquila" e que "é preciso reconhecer as qualidades" do governo.>