Missa de Natal na Catedral Basílica, no Pelourinho, atrai fiéis e turistas 

Celebração do nascimento de Jesus foi comandada pelo Cardeal Dom Sérgio, Arcebispo de Salvador

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  • Marcela Vilar

Publicado em 25 de dezembro de 2020 às 14:54

- Atualizado há um ano

A aposentada Alice Oliveira, 66 anos, se considera quase que uma “barata de Igreja”, não perde uma missa. E, nesse Natal, não poderia ser diferente. Ela foi uma das, aproximadamente, 50 pessoas que assistiu à Missa de Natal, nesta sexta-feira (25), na Catedral Metropolitana Transfiguração do Senhor, a Catedral Basílica, localizada no Terreiro de Jesus, no bairro do Pelourinho, na capital baiana. Comandada pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Cardeal Dom Sérgio da Rocha, a celebração do nascimento de Jesus este ano simbolizou, mais do que nunca, esperança. Com distanciamento, máscara e álcool em gel, pode até ter faltado gente, mas não faltou fé e orações. 

“A gente tem que celebrar este Natal, que, para mim, é a data mais importante. As pessoas comemoram, fazem festa, acham que é trocar presente. Mas esquecem que o Natal é ser o presente. E, esse ano, tivemos um Natal atípico, com a pandemia. Mas, não podemos perder nossa alegria”, conta Alice, que também se define como “produtora de felicidade”. “Tenho obrigação de ser feliz e só sou feliz se você que está ao meu lado estiver feliz também”, prega a aposentada, católica desde a infância e integrante do coral do Arautos do Evangelho, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador (RMS).  A aposentada Alice Oliveira não deixou de participar da Missa na Catedral Basílica. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO Até dezembro de 2019, Alice cantava na Catedral Basílica todo terceiro domingo do mês. Antes de vir morar em Salvador, ela só frequentava a igreja duas vezes no ano. “Nasci num lugar em que a missa era tão importante que meu pai ia buscar o padre à cavalo ou de carro de boi, que era luxo ter, na época”, relata. Já os fiéis andavam a pé 36 quilômetros para frequentar o ato litúrgico - 18 na ida e 18 na volta. O distrito em que ela morava era o de Pé de Serra, na cidade de Riachão do Jacuípe, a cerca de 190 quilômetros de Salvador.

No caso de Juciara Soares, 55, a conexão com a Catedral é de longa data, pois foi ali que ela foi batizada. Há 10 anos ela vem às missas de Natal, normalmente sozinha, pois não têm muitos católicos na família. Este ano, a pandemia não impediu de ir até lá. Para ela, o momento é de gratidão. “Estou aqui para agradecer pelo dom da vida, por mais um ano. Apesar de ser um momento difícil que estamos passando, eu consegui chegar até aqui. Vim também pedir que essa pandemia passe logo, que é o que mais desejamos na vida, porque a desestruturação foi total”, diz Juciara, que trabalha em um petshop. Ela também ressalta que a data relembra os ensinamentos do menino Jesus: “Ele foi concebido por Deus para nos ensinar amor e fé. E isso é o motivo de eu estar aqui: tenho fé e amor ao próximo”.  Juciara Soares foi batizada na Basílica há 55 anos e há 10 anos que assiste às missas de Natal. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO Também tiveram dois fiéis que, mesmo fora da terra natal, não deixaram de ir à missa neste 25 de dezembro. Foi o caso do autônomo Florisvaldo Portugal, 63, morador de Feira de Santana, e do engenheiro civil Sanatiel Carvalho, 34, que é do estado do Ceará, da cidade de Tianguá, e estava em Salvador à passeio, pela primeira vez. “Vim me encontrar com Jesus, celebrar o Natal que é, para nós, a maior festa cristã, onde tudo começou. Tanto é que é a festa que divide a história em antes e depois de Cristo”, conta o turista. Hospedado no Pelourinho com amigos, ele procurou logo uma igreja próxima para não deixar de demonstrar sua devoção. “É essencial ter essa conexão com Deus, é fundamental para o ser humano. Não somos feitos só de corpos, temos uma alma, um espírito, que precisa ser nutrido, pois estamos aqui só de passagem”, diz Carvalho. 

O cearense vai à Igreja pelo menos uma vez por semana, participa de grupos de oração e nasceu em “berço católico”. Para ele, o Natal é celebrado todos os dias. “O Natal é o nascimento do nosso todo. Jesus Cristo é o centro e o eixo em torno do qual tudo gira. A nossa vida gira em torno dele e ele é o único que passou pelo mundo sem jamais passar, porque continua todos os dias indo ao nosso encontro, nas celebrações eucarísticas, no irmão que pede ajuda, no dia que nasceu, no Sol, no mar, nas coisas e nas pessoas. Ele continua vindo ao nosso encontro. Então, para nós, católicos, todo dia é Natal, porque todo dia Jesus está nascendo e renascendo”, opina o engenheiro.  Salatiel Carvalho, do Ceará, veio pasasr o fim de ano em Salvador e assistiu à missa desta sexta na Catedral. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO Para Florisvaldo Portugal, a data representa salvação. “O Natal, para mim, é a manifestação do filho de Deus, onde ele veio nos salvar e resgatar do pecado que habita nosso meio. Ele é o príncipe da paz, o redentor e salvador de toda a humanidade”, avalia o autônomo. Filho de pais católicos, Florisvaldo, assim como Alice, não perde uma missa. Com a pandemia, algumas vezes não pôde ir presencialmente, mas estava conectado pelos meios de comunicação. “Quando não vou, participo pelo rádio ou pela televisão. Mas não deixo de ouvir a liturgia de jeito nenhum. De uma forma, ou de outra, eu participo”, conta. 

O Natal também traz para ele a esperança de uma cura para a covid-19, com a chegada das vacinas. “Esse ano foi difícil para todo mundo e a mensagem do senhor é sempre de esperança. A gente deve confiar nele, na providência divina. A ciência também é muito importante, é um dom do espírito e, através do senhor, ela há de nos dar a cura, como está providenciando as vacinas. Então isso é um amparo de Deus para toda a sua criação. A cura é pela vacina, mas a sabedoria é de Deus, que a distribui através dos médicos, cientistas e pesquisadores”, acredita.  Florisvaldo Portugal, de Feira de Santana, diz que a mensagem deste ano é de esperança, para a chegada das vacinas contra covid-19. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO O cardeal Dom Sérgio da Rocha ressalta que o Natal é um momento de lembrar que não estamos sozinhos. “Nesta data tão singular, a grande mensagem que ecoou nos nossos corações é de que não estamos sozinhos, Jesus está conosco. Ele veio habitar entre nós e nos dar a certeza de que caminhamos juntos. O natal não se reduz a um momento festivo, ele se prolonga, se estende, porque Jesus vem a nós, ele vem oferecer seu amor, sua graça, a esperança, a paz, a salvação”, profere o cardeal. 

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O Arcebispo de Salvador comparou ainda a Missa celebrada na Catedral ao anúncio feito pelos anjos aos pastores sobre o nascimento do menino Jesus. “Somos convidados a viver o mistério que celebramos. Essa celebração não se resume ao tempo, porque a Igreja nos propõe a refazer aquela experiência dos pastores, que estavam nas redondezas e se dirigiam à manjedoura, onde encontramos Jesus. Nossa Catedral se torna hoje um presépio, a manjedoura, onde viemos adorá-lo como fizeram os humildes pastores. 

Foi para ver o presépio e as ornamentações da Basílica que a doméstica Gildete Almeida, 68, estava ali hoje. “É uma Igreja muito bonita, histórica. Gosto muito de história e arte e essa é umas das quais oferece muito. Por isso, vim ver o presépio e também tomar a hóstia, e comemorar o Jesus que renasce em nós”, explica Gildete.  A doméstica Gildete Almeida foi à Igreja para tomar a hóstia e ver o presépio. Crédito: Tiago Caldas/CORREIO. *Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro