Modelo achada em morro do Rio tem alta de hospital psiquiátrico e volta para Alagoas

Amigos fizeram vaquinha e a mãe foi ao Rio buscar Eloisa Pontes

Publicado em 30 de outubro de 2020 às 10:55

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A modelo Eloisa Pinto Fontes, 26 anos, teve alta de um hospital psiquiátrico no Rio de Janeiro após 22 dias. Segundo o jornal Extra, a modelo foi liberada na quarta-feira (28), na companhia da mãe, Lucilene Fontes, que foi ao Rio para pegar a filha e levá-la de volta para Piranhas, em Alagoas, onde vive a família.

Luciene liberou a filha do Instituto Phillippe Pinel, em Botafogo. Eloisa estava na unidade desde 6 de outubro, quando foi encontrada vagando no Morro do Cantagalo, em Copacabana. 

Uma vaquinha de amigos juntou R$ 1,6 mil para pagar as viagens de mãe e filha. São 36 horas de ônibus até Paulo Afonso, na Bahia, que fica a cerca de 1h30m de Piranhas. Parte do valor foi usado para as passagens e o restante para despesas da viagens. 

Eloisa reencontrou a mãe na quarta. Sob efeito de medicamentos, estava tranquila, a recebeu bem e com abraços, diz o jornal. Ela falou que estava ansiosa para sair da clínica e comer um pastel com caldo de cana.

"Já estava tudo combinado com o hospital. A mãe dela chegou, estava triste, sabe que a situação da filha ainda inspira cuidados. Ela está chateada com a situação toda. Mas elas se abraçaram na saída da Eloisa, que sempre deixou claro que queria sair. Ninguém quer ficar internado em um hospital psiquiátrico mesmo o pior doente", diz Assis, amigo da modelo.

Relembre  Para entender o drama de Eloisa, é preciso retroceder no tempo. Descoberta aos 17 anos, a então aspirante a top model deixou a mãe, sete irmãos e a pobreza em Piranhas, no interior de Alagoas, para tentar a sorte em São Paulo, repetindo a trajetória de milhares de outras garotas brasileiras. Com 1,80 de altura, corpo esguio e traços marcantes, as conquistas não tardaram. A partir de 2013, já em Londres, desfilou nas semanas de moda de Paris e Milão para estrelas da alta costura, como Vivienne Westwood e Giambattista Valli.

Nos anos seguintes, acrescentou ao portfólio trabalhos para Giorgio Armani, Stella McCartney, Dolce & Gabbana e Dior. Além do talento para as passarelas, Eloisa também ganhou destaque como modelo fotográfica, protagonizando campanhas para grifes famosas e capas para as mais conceituadas revistas de moda do mundo. Entre as quais, Elle, Glamour e Grazia. Frequentemente, era clicada ao lado de celebridades de peso, como Paul McCartney. 

Reviravolta após perder a guarda da filha por 'fotos comprometedoras' Não se sabe ao certo como a roda da fortuna começou a girar ao contrário na vida de Eloisa, mas um fator é apontado como estopim nas declarações feitas à imprensa por amigos, ex-agentes e colegas de trabalho: o casamento com o modelo e produtor russo Andre Birleanu, de 41 anos, conhecido por participar do “America's most smartest model”, programa de TV nos EUA dedicado a descobrir talentos.

Ambos se conheceram em 2012. Dois anos depois, se casaram. Do relacionamento, nasceu Azzurra, hoje com 7 anos. Na época que estavam juntos, a filha do casal circulava no backstage dos eventos de moda, onde era paparicada e fotografada no colo de estilistas como Armani, Domenico Dolce e Stefano Gabbana, dupla para qual Azzurra e Eloisa estrelaram, em 2016, uma campanha publicitária. Pouco tempo depois, veio a separação e perda da guarda da filha. 

Em entrevista ao jornal O Globo, o empresário carioca Paulo Fernando Santos, que agenciou durante um ano e meio a carreira da alagoana, disse que Birleanu obteve o direito de ficar com Azzurra ao apresentar imagens da ex-companheira em “cenas comprometedoras”. “São fotos em ato sexual, feitas pelo próprio (Birleanu). Ela sofre muito com essas imagens, que foram publicadas em alguns sites”, afirmou.  (Foto: Ipanema Presente/Governo do Estado do Rio) Surtos e sumiços começaram durante temporada nos EUA Em fevereiro de 2019, Eloisa se mudou para Nova York, já contratada pela Marilyn Agency. Nos EUA, manteve a rotina de modelo. Em junho do mesmo ano, veio o primeiro surto. A alagoana foi encontrada desorientada em White Plains, cidade próxima a Manhattan, após desaparecer por cinco dias. Em janeiro de 2020, se mudou para o Rio, sem avisar a família. Inicialmente, dividia apartamento em Copacabana com um amigo. Em pouco tempo, se mudou para a casa do novo namorado na Barra da Tijuca. O romance durou quatro meses. Um dos poucos amigos da modelo no Rio, Francisco Assis contou a O Globo que o comportamento da alagoana mudou rapidamente, com indícios de distúrbio emocional e psicológico. Sem conseguir trabalho na área - o contrato quase fechado com a agência Joy Models foi interrompido pela pandemia -, Eloisa começou a vagar por favelas como Cidade de Deus e Jacarezinho. Em agosto, foi internada em dois hospitais da Zona Oeste após sofrer outro surto. 

Avisada pelo ex-namorado de Eloisa, a mãe deixou Piranhas para tentar levar a filha para Alagoas, mas ela escapou quando estava prestes a embarcar no Aeroporto do Galeão. Desde então, havia sumido do mapa. Só reapareceu para o mundo depois que um morador de rua, biólogo cuja vida também virou do avesso, alertou a equipe da Operação Ipanema Presente sobre a jovem que vagava seminua rumo ao Cantagalo, onde ninguém imaginava a história por trás daquela mulher alta e bonita. Os policiais tiveram dificuldades para resgatá-la, mas acabaram convencendo a modelo, que exibe no dedo a tatuagem com o nome da filha, a ser internada no Instituto Philippe Pinel, talvez a porta para o recomeço na vida de Eloisa.