Monark diz que estava bêbado quando defendeu existência do partido nazista

Ele pediu desculpas e afirmou que foi insensível com comunidade judaica

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  • Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2022 às 14:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O apresentador do podcast Flow, Monark, pediu desculpas nesta terça-feira (8) pelos comentários que fez durante um programa ontem em que defendeu a formalização de um partido nazista no Brasil. Criticado por comunidades judaicas e perdendo patrocínios, ele afirmou que estava bêbado e não se expressou de maneira cuidadosa. 

"Eu errei. Eu estava muito bêbado e fui defender uma ideia, que é uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, EUA por exemplo. Mas fui defender essa ideia de uma forma muito burra, eu estava bêbado. Falei de uma forma muito insensível com a  comunidade judaica", disse, pedindo compreensão."São quatro horas de conversa, estava bêbado. Fui insensível sim".

"Peço desculpas a toda comunidade judaica. Não queria ser insensível, não foi minha intenção. Convido os representantes dessa comunidade para virem conversar comigo e me explicarem mais sobre toda a história", acrescentou.

A fala aconteceu durante programa em que os deputados federais Tabata Amaral (PSB-SP) e Kim Kataguiri (DEM-SP) foram convidados.

Com a pressão nas redes sociais, a patrocinadora Flash Benefícios anunciou que vai pedir o fim do contrato com o Flow. Os donos da marca, Pedro e Guilharme Lane, são de origem judaica. Nas redes sociais, a marca divulgou uma nota chamando de "absurdo" o que foi dito.

Em nota, o iFood afirmou que desde novembro do ano passado não tem mais relação comercial com o Flow. O patrocínio foi encerrado depois que Monark questionou se "ter uma opinião racista é crime". (Foto: Reprodução) A Puma divulgou nota dizendo que sua relação com o Flow foi para uma ação pontual. "Já havíamos pedido para nosso logo ser retirado como patrocinadores do programa e reforçamos isso mais uma vez", diz.

A Mondeléz Brasil, dona da BIS, disse que também patrocinou dois episódios em 2021 e não tem contrato com o Flow.

Com a repercussão do caso, o jornalista Benjamin Back pediu que o episódio que ele participou do Flow fosse retirado do ar. "Se eu soubesse que vocês apoiam o nazismo, jamais teria participado desse podcast! Inclusive, gostaria que o meu episódio fosse retirado do ar, pois não compactuo com esse tipo de pensamento. Triste de saber que vocês pensam assim, tolerar e apoiar o nazismo é inadmissível", escreveu o apresentador do SBT, que é judeu. 

Outros, como o jornalista Anthony Curtis, divulgou nota afirmando que não vai mais ao programa. "Ante as declarações que rolaram ontem no Flow, não tenho como, por meus valores, ir ao podcast de sexta, mesmo que seja o Flow Sport Club e não o Flow 'principal'. Mesmo que não haja a presença de quem propagou a defensa da legalidade à ideologia torpe que é o nazismo", escreveu. 

A Federação de Futebol do Estado do Rio anunciou que rompeu contrato de transmissão do Campeonato Carioca com os Estúdios Flow. A parceria começou nessa edição. "A FERJ, defensora da igualdade, do respeito e contrária a qualquer tipo de preconceito, anuncia o rompimento do contrato com o Estúdios Flow, responsável pelo podcast Flow Sport Club que transmitia jogos do Campeonato Carioca de 2022, por apologia ao nazismo, regime cujos crimes contra a humanidade até os dias de hoje causam horror a qualquer um que preze pela vida", concluiu.

Em vídeo, Monark pediu desculpa e justificou a atitude por conta da bebida. "Eu errei. Eu estava muito bêbado e fui defender uma ideia, que é uma ideia que acontece em outros lugares do mundo, EUA por exemplo. Mas fui defender essa ideia de uma forma muito burra, eu estava bêbado. Falei de uma forma muito insensível com a comunidade judaica", disse, pedindo compreensão.

O que foi falado "Eu sou mais louco do que vocês. Eu acho que tinha de ter partido nazista reconhecido pela lei", afirmou Monark no programa. Ele ainda disse que se a pessoa é "anti-judeu", deveria ter esse direito. No Brasil, é considerado crime fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas e objetos de divulgação do nazismo, conforme o artigo 1º da Lei 7.716/89. Caso seja caracterizado o ato de divulgar ou comercializar materiais com ideologia nazista, a pena pode variar entre um a três anos de prisão e multa.

Kataguiri se queixou por entender que os defensores do comunismo têm muito espaço na mídia. "A gente não tem um partido formal fascista ou nazista com espaço no Parlamento e na imprensa", disse o deputado, ao falar do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).

Monark afirmou que um partido nazista deveria existir formalizado junto à Justiça Eleitoral, em nome da liberdade de expressão. Tabata rebateu dizendo que a liberdade termina quando se manifesta contra a vida de outras pessoas, lembrando que o nazismo coloca em risco a vida da população judaica. "De que forma?", questionou Monark.

O trecho da entrevista viralizou nesta terça-feira (8).