Monges gravam música para Irmã Dulce com Durval Lélys e Wilson Café

Composição de Nizan Guanaes já foi gravada por 50 artistas; agora, é entoada em latim

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  • Da Redação

Publicado em 12 de outubro de 2019 às 14:35

- Atualizado há um ano

Diante do altar do Mosteiro de São Bento, dois monges entoam um canto gregoriano. Quem ouve, sequer imagina que já escutou aquela música na voz de algum artista da música baiana. Só que, ali, ela é cantada em latim e o arranjo é outro, inspira o sagrado. Ao fundo, se ouve as notas do violão do cantor Durval Lélys e da ghatam do músico Wilson Café. Alexandre Peixe também participou da gravação.

A letra da música 'A Bahia canta sua santa' é de autoria do publicitário Nizan Guanaes e já foi gravada por, pelo menos, 50 artistas. Agora, pela primeira vez, no Mosteiro de São Bento, onde irmã Dulce costumava se confessar. Antes de ser gravada pelos monges beneditinos, a letra sofreu pequenas alterações. "Durval estava muito preocupado porque tinha palavras que ele não sabia se os monges poderiam cantar, por causa da tradução para o latim, mas no final ficou tudo certo", contou o músico Wilson Café, que participou da gravação.

Até chegar ao resultado final, foram cinco tentativas. Todos ficaram maravilhados com o resultado. Café conta que a ideia de gravar com os monges beneditinos surgiu quando ele viu no Instagram do CORREIO uma foto de Durval Lelys com alguns cantores gravando a letra da música 'A Bahia canta a sua santa'."Como tenho aproximação com Durval, mandei um áudio perguntando se ele não pensava em chamar nenhum cantor católico para gravar também. Eu disse que havia pensado no canto gregoriano do Mosteiro de São Bento e ele achou a ideia fantástica", conta Wilson, que mobilizou os religiosos para viabilizar a gravação. Dom Marcos (esq.), que gravou música junto com Durval Lélys e Wilson Café; o arquiabade Dom Emanuel (centro) autorizou (divulgação) Latim Depois de acertarem a gravação com o arquiabade Dom Emanuel, o passo seguinte seria traduzir a música para o latim. "Procuramos o padre Gilson, que foi meu professor e mostramos a letra. Ele explicou que pra transformar em canto gregoriano teria que ter outro conceito na letra. Aí a música foi tomando outra versão. A letra ficou lindíssima, muito emocionante. Voltamos ao mosteiro pra conversar sobre a letra, como seria o arranjo. Durval disse que gostaria que fosse feita com a mesma harmonia e melodia que estava a primeira música, só adaptasse a letra que foi traduzida", conta o músico Café.

Ele conta que deixaram os monges à vontade para pegar a letra e fazer tudo dentro do universo deles - o responsável pelo arranjo foi o monge Dom Tarcízio, que assumiu o órgão. Só conferiram o resultado quando já estava pronto e foram chamados para ouvir. No início dessa semana, se reuniram para gravar. Durval levou tudo do seu estúdio para o mosteiro e gravou a canção com Dom Marcos, Dom Gilson e Wilson Café.

"Na reunião, a ideia era que só eles tocassem. Aí Dom Marcos perguntou: 'Vocês não vão tocar nada?' Só então, decidimos que Durval entraria com o violão e eu com a ghatam", explica Wilson Café, que se orgulha em contar que sua avó trabalhou com Irmã Dulce.