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Da Redação
Publicado em 13 de novembro de 2020 às 17:08
- Atualizado há 2 anos
Um morador de Dias D'Ávila que está internado em um hospital privado de Salvador é o 13º caso notificado da doença de Haff na Bahia este ano, segundo informou nesta sexta-feira (13) a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), que registrou o novo caso hoje. Três casos já haviam sido registrados ontem. >
A doença de Haff é uma síndrome de rabdomiólise (ruptura de células musculares) sem explicação, e tem como sintomas ocorrência súbita de extrema dor e rigidez muscular, dor torácica, falta de ar, dormência e perda de força em todo o corpo, além da urina cor de café, associada a elevação sérica da enzima CPK, ligada à ingestão de pescados. A doença pode evoluir rapidamente com insuficiência renal e, se não for tratada, pode levar à morte.>
A enfermidade pode afetar o rim pois a enzima CPK sai da fibra muscular entrando na corrente sanguínea, explica a diretora da Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, Márcia São Pedro. Ao aparecerem os sintomas, é preciso ir para a unidade de saúde para que o paciente possa ser hidratado nas primeiras 48h a 72h. >
Em agosto de 2020, o município de Entre Rios registrou a ocorrência de três casos suspeitos de doença de Haff com relato de consumo de pescado. Cinco pessoas da mesma família comeram o peixe "olho de boi" e cerca de sete horas depois o primeiro deles, um homem de 53 anos, teve sintomas de fortes dores no corpo, tontura, náuseas e fraquezas. Outros familiares tiveram sintomas similares.>
Em Salvador, nos meses de setembro e outubro, duas unidades hospitalares notificaram a ocorrência de seis casos da doença de Haff. Na capital, três enfermos foram hospitalizados. Já em novembro, houve o registro de três casos em Camaçari e hoje (13), um caso em Dias D'Ávila.>
Segundo a diretora da Vigilância Epidemiológica, os três casos da doença registrados em Camaçari foram em pessoas da mesma família que relataram ter comido o peixe olho de boi. Os pacientes foram internados, mas passam bem.>
Desde dezembro de 2016, quando surgiram os primeiros casos, a Bahia registra um único óbito em virtude da doença de Haff, ocorrida em 2017. Salvador chegou a registrar um surto da doença, com 65 casos investigados e incluídos no surto.>
Além do peixe, a doença também é ligada à ingestão de crustáceos, segundo a diretora. “Com a notificação dos casos, buscamos o alimento, que é apreendido e levado para análise no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) para descobrir o que causou a doença. No caso do peixe, a doença pode ter relação com uma alga com toxinas que ele ingere”, explica. >
Os alimentos apreendidos com relação aos casos da doença em 2020 ainda são analisados pelo Lacen da Bahia e de outros estados. Em ocorrências anteriores, foi comprovado que a doença tinha ligação com a alga que os peixes olho de boi ingeriam.>
Em nota, a Bahia Pesca afirma estar em contato direto com a Sesab para acompanhar o desenvolvimento do assunto e atualizar os pescadores e consumidores baianos a respeito de qualquer novidade. “Estamos aguardando as determinações dos órgãos competentes, responsáveis por determinar a segurança do consumo de pescado"; aponta a entidade.>
Recomendações A Sesab orienta que aos primeiros sintomas a pessoa busque uma unidade de saúde imediatamente e identifique outros indivíduos que possam ter consumido do mesmo peixe ou crustáceo para captação de possíveis novos casos da doença.>
Já os profissionais de saúde devem observar a cor da urina (escura) como sinal de alerta e o desenvolvimento de rabdomiolise, pois neste caso, o paciente deve ser rapidamente hidratado durante 48 a 72 horas. Anti-inflamatórios são contraindicados. Em caso de suspeita, a recomendação é de exame para dosagem de creatinofosfoquinase (CPK), TGO e monitorização da função renal.>
São Pedro pede que os profissionais de saúde estejam atentos para notificar os casos da doença de Haff no estado. Com a notificação, a vigilância em saúde analisa os locais onde os pacientes de se alimentaram ou compraram o alimento para fazer a apreensão e a análise do pescado.>
Em 3 de novembro, a Sesab e a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS), por meio dos seus Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde, emitiram nota técnica para alertar os profissionais de saúde sobre a ocorrência de casos de doença de Haff para que os novos casos sejam identificados e investigados em menor tempo. O documento alerta que quadros com sintomas compatíveis devem ser notificados mesmo sem a possibilidade de realização de exame de CPK.>