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Da Redação
Publicado em 10 de fevereiro de 2020 às 06:57
- Atualizado há 2 anos
Moradores de Pacaraima (RR) bloquearam a passagem na fronteira entre o Brasil e a Venezuela em protesto contra o estupro de uma adolescente, crime que teria sido cometido por um refugiado venezuelano na cidade, na manhã de sexta-feira (7). O suspeito foi preso. A vítima também é venezuelana, mas estuda e reside em Pacaraima.>
Dezenas de moradores, revoltados com o crime, desceram a bandeira nacional a meio mastro no marco BV-8, monumento na linha de fronteira onde ficam hasteados os pavilhões dos dois países. O ato ocorreu na noite de sábado (8). Com cones e carros, os brasileiros ocuparam a rodovia BR 174, que vai de Roraima à cidade de Santa Elena do Uairén, a primeira em território venezuelano.>
Os protestos começaram na sexta-feira (7) se repetiram no sábado e devem continuar pelo menos até a segunda-feira (10), quando há uma nova convocação para tentar fechar a fronteira.>
Na sexta-feira, os moradores haviam realizado uma caminhada improvisada até a zona de fronteira e deixaram o local a pedido do Exército, sem confrontos.>
Neste domingo (9), em outra tentativa de bloquear a passagem, uma multidão foi dispersada com bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo pelas forças de segurança. A Polícia Rodoviária Federal estacionou viaturas e bloqueou, com a tropa de choque, a aproximação de moradores das estruturas de órgãos como a Polícia Federal e a Receita Federal, instalados metros antes da faixa de fronteira.>
Em vídeos a que o Estado teve acesso, é possível ver vereadores e o prefeito Juliano Torquato (PRB) discutindo com um policial rodoviário federal. O policial exige que o prefeito e a população deixem o em local em "meia hora" - o agente ameaça usar a força se não for atendido. "Foi uma situação horrível, tacaram (sic) bombas de gás e balas de borracha, havia famílias e crianças", disse Torquato.>
Em outra gravação, o prefeito pede a remoção de uma vez por todas dos acampamentos de refugiados montados pela Operação Acolhida. O Exército também reforçou o policiamento próximo à entrada da sede da operação.>
Torquato reclama não ter obtido nenhuma resposta das forças de segurança quanto aos pleitos de ajuda ao município. "Não conseguimos nenhuma resposta do governo federal nem estadual", disse o prefeito à reportagem.>
O clima é de tensão na cidade, porta de entrada de venezuelanos no País. Em 2018, um assalto violento a um comerciante desencadeou uma onda de ataques e protestos cometidos por centenas de moradores brasileiros, que expulsaram os venezuelanos e incendiaram acampamentos. >