Moradores de Itinga protestam após adolescentes serem baleados por PMs

PM afirma que houve troca de tiros; moradores dizem que agentes chegaram atirando

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  • Luana Lisboa

Publicado em 21 de julho de 2022 às 17:33

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

Uma adolescente de 14 anos e outro de 13 foram baleados em ação policial em Itinga em Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador, na tarde de quarta-feira (20), após a Polícia receber uma denúncia de tráfico de drogas na região. Embora a PM tenha alegado que houve troca de tiros, a comunidade afirma que os agentes chegaram atirando.

O resultado disso foram dois protestos da comunidade, um na noite de ontem, na Avenida São Cristóvão, e outro em Itinga, nessa manhã. "Temos muitas pessoas revoltadas com essa ação policial, até porque isso acontece desde sempre. A diferença é que, dessa vez, os tiros pegaram em pessoas, e, pior ainda, em crianças", contou um morador da região e conhecido das famílias, em anonimato.

Os adolescentes estão internados no Hospital Geral do Estado (HGE) desde então. De acordo com a líder do Conjunto Habitacional Leila Diniz, também presente no protesto, a menina recebeu um tiro de fuzil nas costas que chegou ao pescoço, enquanto o tiro que o jovem recebeu atingiu e esfarelou o osso da perna. "Ela tem o risco de perder o movimento do lado esquerdo do corpo e ele, de perder a perna", relatou Adriana do Espírito Santo.

"É um assunto muito delicado, porque trata de vulnerabilidade da vida, e têm policiais envolvidos. Posso dizer que os moradores pedem resposta ao major da unidade da 81ª CIPM Itinga".

Versão da polícia

De acordo com a PM, ao chegar ao local, a equipe se deparou com um grupo de suspeitos armados que correram e saíram efetuando disparos de arma de fogo contra os PMs.

"Após o fato, moradores informaram à guarnição que haviam dois adolescentes alvejados e, ao constatar o fato, socorreu imediatamente um deles ao Hospital Geral Menandro de Farias e o outro à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itinga", diz nota.

Depois da prestação do socorro, a PM explicou que um grupo de pessoas iniciou o protesto em frente à sede da 81ª CIPM com obstrução da via.

"Depois da liberação, os manifestantes permanecem no entorno da Companhia alegando que estavam à espera de um representante da Secretaria de Direitos Humanos do Município que já se encontrava indo ao local conversar com o Comandante da Unidade. Contudo, após a presença de lideranças comunitárias das Casinhas e de um representante da Secretaria de Direitos Humanos do Município, o grupo obstruiu a Avenida São Cristóvão com pneus em chamas".