Moradores do Calabetão deixam casas às pressas durante simulação

Pela primeira vez a prefeitura realizou ação à noite, período em que acontece a maioria dos incidentes com chuva

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  • Gil Santos

Publicado em 17 de agosto de 2017 às 21:56

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Moradores do bairro do Calabetão, em Salvador, passaram por uma situação inusitada na noite desta quinta-feira (17). Eles tiveram que deixar suas casas às pressas, e correr para uma escola em busca de abrigo. A ação fez parte de uma simulação de retirada em massa em caso de risco de deslizamentos de terra ou desabamentos, principalmente durante períodos de chuvas.

O bairro fica em uma das seis regiões da cidade onde foram instaladas sirenes de alerta para esses casos. O equipamento está em zonas de risco e é ativado quando a quantidade de chuva supera os 150 mm. O som de aviso é emitido durante seis minutos, com intervalos a cada dois minutos. O objetivo é retirar 100 famílias que vivem em uma área de 1 km.

Segundo o diretor geral Defesa Civil de Salvador (Codesal), Gustavo Ferraz, essa foi a segunda vez que o Calabetão ensaiou a retirada em massa e a primeira que a prefeitura fez a simulação à noite. No ano passado, o bairro e outras cinco localidades passaram pelo mesmo treinamento. Servidor da Codesal alerta moradores sobre o risco de desabamento (Foto: Betto Jr/ CORREIO) "Nós fizemos a mobilização com os moradores durante uma semana, em horários alternados, um trabalho de conscientização da comunidade. Distribuímos material e conversamos com as famílias sobre a necessidade desse treinamento. Esse tem que ser um trabalho permanente para que as pessoas se habituem a o novo olhar que a gestão municipal tem sobre as ações de defesa civil", afirmou o diretor.

Ele contou que a simulação será realizada também nas outras cinco comunidades em que as sirenes já estão instaladas: Bom Juá, São Marcos, Liberdade, Alto da Terezinha e Capelinha de São Caetano. A intenção é fazer a ação em todas as comunidades, uma a cada mês, mas a Codesal ainda não definiu onde e quando será a próxima simulação.  Moradores caminham para a escola durante a simulação (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Retirada Por volta das 19h, a sirene começou a tocar e servidores da Codesal usaram megafones para alertar os moradores. Um grupo formado por adultos e crianças subiu a ladeira da travessa Airton Senna e seguiu para a Escola Municipal do Calabetão, onde servidores da prefeitura aguardavam para fazer o atendimento aos supostos desabrigados.

A auxiliar de serviços gerais Marta Conceição, 49 anos, participou do treinamento e acredita que a ação é importante porque ajuda a evitar tragédias. Ela contou que nasceu no bairro e que recorda de situações em que vizinhos quase perderam a vida por conta da chuva.

"Essa ação da prefeitura é boa porque prepara a gente para situações de perigo. Quando começa a chover é sempre arriscado. Na rua da Embasa teve alguns vizinhos que perderam tudo com desabamentos, então, esse treinamento é importante", contou. Servidores cadastram as famílias atingidas pelo deslizamento (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Além da sirene, alguns moradores também vão dar o alerta quando a comunidade estiver em perigo. Eles passaram por um curso de formação em que foram capacitados para agirem nas situações de risco e ajudar na retirada dos vizinhos. O protocolo diz que o primeiro passo será chegar até a escola, onde as vítimas serão socorridas, cadastradas e encaminhadas para abrigos municipais. As casas em áreas de risco receberam um selo da Codesal (Foto: Betto Jr/ CORREIO) O chefe de gabinete da prefeitura, João Roma, acompanhou a simulação e informou que o município estuda a instalação de sirenes em outros bairros da capital.

"Fizemos isso em seis localidades de risco considerado alto, incialmente foi feito de forma experimental e, de fato, funcionou. Agora, o intuito da prefeitura é ampliar isso. Temos mais de 400 áreas de risco em Salvador, classificadas em risco baixo, alto e muito alto. A gente pretende ampliar esse tipo de mobilização de acordo com o risco de cada localidade. Isso consiste, não apenas no aparato tecnológico, mas também nessa estrutura de organização social", afirmou. Servidores da Codesal durante a ação desta quinta-feira (Foto: Betto Jr/ CORREIO) Participaram da simulação servidores da Defesa Civil, Secretaria de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps), Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Ouvidoria, Guarda Municipal, Transalvador e Corpo de Bombeiros.