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Moradores protestam contra demolição de campinho em Canabrava: 'nosso único lazer'


 

Homens chegaram com máquinas para escavar o local na sexta-feira (26)

  • Da Redação

Publicado em 01/07/2020 às 15:55:00
Atualizado em 21/04/2023 às 08:19:06
. Crédito: Acervo pessoal

Quem mora em comunidade sabe que o campinho de pegar o baba é sagrado. É neste tipo de espaço que as crianças costumam ter o primeiro contato com o esporte e os amigos de longa data mantém o convívio. E é justamente por esse sentimento de apego que cerca de 60 moradores do bairro de Canabrava se reuníram nesta quarta-feira (1) para manifestar contra a ocupação do espaço para que seja feita uma construção.

Nascido e criado no bairro, um morador que preferiu não se identificar fez questão de marcar presença na manifestação. "Esse é o único espaço de lazer que nós temos, o único. Quando você tira um espaço desses de uma comunidade, a juventude vai para o lado do crime, do tráfico", disse.

O campinho fica na Rua Arthêmio Castro Valente, perto da antiga Cesta do Povo, e é usado por moradores há quase 40 anos. "Dizem que o espaço é de um ex-morador daqui, que tem vários terrenos, mas ele não tem documentação original, só tem um documento de posse. É uma história esquisita, tem gente importante que aluga esses terrenos", completa ele.

A Secretaria Municipal de Urbanismo (Sedur) confirme que trata-se de um terreno privado, mas não informou a quem pertence. 

A manifestação foi organizada após, na última sexta-feira (26), máquinas e homens desconhecidos chegarem ao local para que cavar um buraco no espaço para construir um muro. A comunidade se uniu e impediu a continuidade da intervenção, chamando a polícia em seguida.  

No momento, crianças brincavam no local e foram orientadas pelos funcionários a retornar para suas casas. Os mesmos homens já tinham aparecido no local na manhã de quinta-feira e foram impedidos de realizar o serviço.  

Segundo um morador, que não quis se identificar, ainda na sexta-feira cerca de seis homens, alguns deles alegando serem seguranças, teriam chegado com um documento alegando que a empresa para a qual trabalhavam era proprietária do terreno. No entanto, o morador afirma que estas pessoas não estavam fardadas e também não revelaram o nome da empresa nem para a comunidade e nem para os policiais. "Esse cara nem sabia informar ao subtenente que empresa era essa. O próprio policial disse que ele não podia fazer nada lá sem a documentação".

O CORREIO procurou a Secretaria Municipal da Fazenda (Sefaz) para saber em nome de quem está registrado o terreno, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem.