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Moradores relatam medo e correria no momento do incêndio na Baixa dos Sapateiros

Bairro ficou sem energia durante todo o dia; Alguns moradores precisaram sair de casa

  • D
  • Da Redação

Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 05:00

 - Atualizado há 2 anos

. Crédito: Foto: Arisson Marinho/CORREIO
. por Foto: Arisson Marinho/CORREIO

Muita fumaça, correria e medo. É assim que os moradores da Baixa dos Sapateiros definem o incêndio ocorrido segunda-feira (12) em quatro imóveis do bairro, todos localizados na Rua Fonte Nova do Desterro. Até o final da tarde da segunda-feira, três casarões já tinham sido demolidos. A fumaça, no entanto, ainda incomodava quem mora na região. Alguns vizinhos precisaram sair de casa e outros decidiram ir embora para evitar que fossem afetados por outro incidente. A Coelba também precisou desligar a energia no entorno, o que afetou não só os residentes, mas também os comerciantes, que corriam o risco de perder suas mercadorias que precisavam ser refrigeradas. 

Segundo informações do Corpo de Bombeiros, não há vítimas e a causa do incêndio ainda é desconhecida. A Defesa Civil (Codesal) informou que os imóveis estavam desocupados quando o fogo começou. A aposentada Ivete de Jesus, de 65 anos, disse que foi ao médico pela manhã e quando voltou se assustou com o fogo e a fumaça na rua da sua casa. “Quando eu saí não tinha visto nada, não sei se já tinha começado. Alguém deve ter passado, acendido alguma coisa, um cigarro, um charuto, e aí já sabe, né? Essas casas são iguais a um barril de pólvora”, contou. 

Segundo a aposentada, ela chegou a ver o incêndio por meio da imprensa, mas nem imaginou que fossem os casarões que ficam na rua onde ela mora. “Me assustei muito, uma fumaça muito grande, bem escura, tomou a rua toda. Não  fiquei com medo de o fogo atingir minha casa porque moro um pouco mais distante, então só a fumaça mesmo que afetou e eu espero que melhore”, acrescentou.  Foto: Arisson Marinho/CORREIO Outra que teve o dia afetado pelo incêndio foi a doméstica Dinalva Rodrigues, 52, que mora em uma casa na rua de trás, que tem uma parede colada com a de um dos casarões. “Eu estava dormindo, acordei com o pessoal gritando que tinha fogo, que era pra eu sair. Eu peguei um documento correndo e saí assustada, com medo de pegar fogo na minha casa também”, relatou a mulher. 

De acordo com Dinalva, o fogo queimou todo o forro da sua casa, além de ter deixado o imóvel com muita fumaça, o que impossibilitou o seu retorno. Na rua desde quando o incêndio começou, ela contou que não conseguiu comer e nem tomar banho no dia, porque estava com medo de entrar em casa. A mulher explicou ainda que os bombeiros também precisaram entrar no local para quebrar as janelas e apagar o fogo do fundo do casarão e também resfriar as paredes da cozinha da doméstica, que estavam quentes por conta do fogo. 

Para evitar uma explosão, Dinalva retirou o botijão de gás da sua casa e deixou na casa de uma vizinha. Por conta da ação dos bombeiros para apagar o fogo, o imóvel ficou coberto de água. Mas segundo a doméstica, o pior mesmo é não saber onde vai passar a noite. “Não tenho pra onde ir, vou ter que ficar aqui mesmo. Sou hipertensa e diabética, estou cansada, sem saber o que fazer. O dono nem aqui apareceu. Tinha acabado de colocar meu forro, agora está tudo estragado”, desabafou. 

Os moradores da região afirmaram que três dos casarões pertenciam a um armarinho muito famoso na região há cerca de 15 anos,.mas que estavam abandonados desde então. Na loja, era possível encontrar itens de aniversário, material escolar, roupas, linhas, agulhas e muito mais. Por isso, quem mora no bairro acredita que o restante desses materiais pode ter ajudado o fogo a se espalhar. 

O dono de um restaurante da região, Sandro Ribeiro, 47, estava preocupado com sua mercadoria. “Desde o início da manhã sem energia, a gente está com medo de perder a nossa comida, nosso produto de trabalho, são várias carnes, peixes, frangos, além de outras coisas que podem estragar”, relatou o homem. A Coelba informou que a energia foi restabelecida no início da noite.

O Bombeiro Militar Vagner Nascimento, subcomandante do 1º GBM, na Barroquinha, detalhou que não dá para saber quando a operação vai ser encerrada, porque existem outras etapas com outros órgãos, mas não há mais risco de incêndio. Ele também falou da fumaça que tomou conta da região. “A fumaça é danosa à saúde, contudo, o ambiente aberto faz com que ela seja direcionada para os pontos mais altos, e com a atuação dos bombeiros isso vai sendo minimizado conforme combatemos os focos de chamas”, destacou. 

Em 2018, três outros casarões também pegaram fogo na Baixa dos Sapateiros. Na época, técnicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) informaram que aqueles prédios "não são tombados individualmente e ficam fora da área tombada no Centro Histórico de Salvador". 

Os casarões antigos incendiados ontem provavelmente têm o mesmo status formal, no tangente ao tombamento, que os que sofreram sinistro em 2018. E outro fato também os une: o estado de abandono. Isso porque alguns moradores relatam que os casarões incendiados na segunda-feira (12) funcionam como um ponto para usuários de drogas, o que trazia riscos para a população. Por conta disso, residentes suspeitam que o fogo tenha sido causado por eles.

A reportagem tentou o contato dos donos dos imóveis, mas não obteve sucesso.

*Com orientação da subchefe de reportagem, Monique Lôbo