Moradores relatam violência em casarão usado para execuções

Local fica na Ladeira do Tabuão; idosa ouve gritos e relembra esquartejamento

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  • Bruno Wendel

Publicado em 17 de maio de 2019 às 06:15

- Atualizado há um ano

. Crédito: Mauro Akin Nassor/CORREIO

O comando do tráfico na Ladeira do Tabuão, que liga o Centro Histórico ao Comércio, tem sido do Bonde do Maluco (BDM) há cerca de três anos. O local, que já serviu de moradia, hoje é palco para torturas e execuções do grupo criminoso, cujos integrantes teriam rachado com comparsas das regiões próximas, como Conjunto Santa Luzia e Gamboa.

Na noite de quarta-feira (15), ocorreram duas execuções e três adolescentes foram encontrados com ferimentos que sinalizavam tortura: estavam amarrados e tinham levado pedradas. Duas pessoas foram presas nessa quinta (16).

“Apesar do uso da droga, aqui não tinha essa de facção. Era tudo independente. De uns três anos para cá, esse pessoal chegou dizendo por aí: ‘É tudo três’ (em referência ao Bonde do Maluco). A briga é entre eles mesmos. A gente não sabe ainda o motivo, mas o pessoal daqui cortou relações com o pessoal do Conjunto Santa Luzia e da Gamboa. Eles estão em pé de guerra”, contou uma idosa.

Ela disse ainda que traficantes da localidade esquartejaram um homem dentro do casarão em julho do ano passado. O corpo foi encontrado num lixão no bairro de Canabrava por uma empresa de aterro sanitário. Várias partes estavam espalhadas.“Logo depois que saiu na mídia, o povo comentou que o rapaz, que era de fora, foi morto e teve o corpo todo fatiado dentro do casarão. Os pedaços estavam em sacos pretos de lixo”, contou.A idosa disse também que já ouviu gritos. “O local é também usado pelo pessoal que consome droga. Mas, quando eles chegam para fazer as barbaridades, quem está dentro sai correndo e quem fica já sabe o que acontece. São muitos gritos, a gente não dorme de pena. Chama a polícia, mas eles quase nunca vêm. Quando chegam, sequer sobem. Esperam acabar tudo. Não sei que milagre foi esse que dessa vez entraram quando acionamos”, disse a idosa.

Em nota, a PM informou que o policiamento no Tabuão é realizado diuturnamente pela 16ª CIPM, “que emprega entre outras ações viaturas do policiamento ordinário, motopatrulhamento e guarnições do Pelotão de Emprego Operacional Tático (Peto), realizando abordagens e rondas”.

Ainda segundo a corporação, “as guarnições são posicionadas de forma estratégica e atuam em abordagens preventivas em locais pré-definidos e/ou itinerantes com base na mancha criminal fornecida com dados de registros da Polícia Civil, desencadeando diariamente Operações como: Amanhecer Seguro, Bloqueio”.

Além disso, informa a nota, as unidades também contam com o reforço do policiamento, por meio de guarnições da Companhia Independente de Policiamento Tático (CIPT)/ Rondesp BTS e da Operação Apolo e Gêmeos.