Morre Anita Novinsky, uma das maiores pesquisadoras da história judaica no Brasil

Acadêmica da USP, Anita tinha 98 anos e escreveu obras como "Cristãos-novos na Bahia"  

Publicado em 21 de julho de 2021 às 00:05

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/USP

Morreu nesta terça-feira (20) a historiadora e professora do Departamento de História da Universidade de São Paulo (USP) Anita Novinsky. Ela é considerada uma das mais renomadas pesquisadoras da história judaica no Brasil, com obras sobre a inquisição portuguesa no Brasil, os costumes dos cripto-judeus e o renascimento da consciência judaica no Brasil. 

A morte foi confirmada pelo professor Daniel Strum, também do Departamento de História da USP, que fez o anúncio nas redes sociais. "É com muito pesar que informamos o falecimento da historiadora e professora Anita Novinsky ז״ל, emérita da FFLCH, na tarde do dia 20 de julho de 2021. A trajetória intelectual e profissional da professora foi marcada pela crítica à intolerância religiosa e pela defesa incondicional da liberdade de expressão. O Departamento de História se solidariza com os familiares, discípulos, amigos e colegas da comunidade universitária brasileira e internacional.

Diversas entidades judaicas lamentaram a morte da professora, que nasceu na Polônia e imigrou com os pais para o Brasil quando tinha apenas 1 ano. A Confederação Israelita do Brasil (CONIB), definiu Anita de "acadêmica respeitada tanto no País como internacionalmente por sua extensa obra sobre a presença judaica no Brasil desde a chegada dos portugueses".   A professora é autora de importantes obras sobre a presença judaica no país, entre elas "Cristãos-novos na Bahia", obra em que destaca a dimensão social dos cristãos novos na sociedade baiana do século XVII.     A obra foi citada recentemente em reportagem do Correio, que contou a história de descendentes de Ipirá, que acharam documentos que confirmavam parentesco com um antepassado judeu na Bahia.Leia mais: Família encontra antepassado judeu na Bahia e recebe cidadania portuguesa   Os estudos de Anita sobre a Bahia estimaram que 10% a 20% da população branca de Salvador na metade do século XVII era formada por judeus, que também viveram no Recôncavo, entorno de Feira de Santana e Sul da Bahia, como Ilhéus, Itabuna e Porto Seguro.   Veja a íntegra da nota divulgada pelo CONIB sobre a morte de Anita Novisnky. "Faleceu hoje, aos 98 anos, a historiadora Anita Novinsky, acadêmica respeitada tanto no País como internacionalmente por sua extensa obra sobre a presença judaica no Brasil desde a chegada dos portugueses.

“A professora Anita Novinsky deu luz a um conhecimento adormecido e resgatou raízes significativas dentro da história do Brasil, configurando a contribuição judaica desde a chegada das caravelas portuguesas. Não fosse por ela, grande parte deste universo ainda estaria adormecido. Ela não só pesquisou, como orientou trabalhos seminais que dão brilho à história judaica brasileira. Um orgulho da nossa comunidade”, disse o presidente da Conib, Claudio Lottenberg."

O ex-presidente da Câmara dos deputados e ex-ministro Aldo Rebelo também lamentou a morte de Anita. “O Brasil lamenta a perda de Anita Novinsky, historiadora dos cristãos novos no Brasil e defensora do legado dos Bandeirantes na construção nacional. Anita Novinsky concebeu o museu da tolerância e sonhava com um filme sobre a história dos Bandeirantes.”